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laney e jules se juntaram a nós ao lado do nosso carro.

ali — laney falou. — estamos num impasse. quero ouvir sua opinião.

— tudo bem. — pendurei a mochila no ombro e bati a porta.

— qual prédio você acha que é mais alto, o holiday inn ou o convention center?

— hum... o quê?

— os garotos estão falando sobre fazer rapel em um deles. hipoteticamente, é claro.

— qual holiday inn? o da orla ou o do centro da cidade?

— o da orla.

— o convention center. sem dúvida. mas o da orla é mais fácil para quem quer fazer rapel sem ser visto.

— viu? — laney perguntou, olhando para jules.

— você fala como se a alissa fosse especialista em altura de prédios.

ótimo. achei que a discussão fosse com os garotos. não percebi que iria contrariar a jules. era como se ela sempre estivesse do lado oposto ao meu, mesmo que eu nem soubesse.

— mas posso estar enganada — acrescentei. — nunca medi. — e comecei a andar em direção à porta do edifício. elas me seguiram.

— vou procurar no google — jules decidiu. ela vivia usando o Google para provar que estava certa. o problema era que, quando estava errada, ficava toda irritadinha, como se nós houvéssemos mudado as respostas do google só para contrariá-la. jules pegou o celular.— ah, eu queria aproveitar para postar no facebook do bradley o que penso sobre o que ele fez com você. como é mesmo o sobrenome dele?

pronto. era esse o jogo. fiquei surpresa por ela ter esperado tanto tempo.

— ele não tem facebook. ninguém mais usa isso. — era mentira, mas eu nunca revelaria a ela o perfil do bradley.

— instagram? twitter? você já me mostrou as páginas, mas eu não lembro o nome de usuário — ela insistiu.

— a gente terminou, jules. não quero que ele pense que ainda estou na dele.

— mas sou eu quem vai mandar a mensagem. — ela estava empunhando o celular, pronta para digitar, como se eu fosse dar as informações sobre as redes sociais do bradley ali mesmo, a caminho da sala de aula. eu não sabia ao certo se ela esperava encontrar alguma coisa para me incriminar, ou se sabia que ele não era quem eu havia dito que era. — você viu a foto que eu postei do baile? já tem quarenta curtidas.— é, eu vi. mesmo assim ela me entregou o celular, e olhei o grupo de sete pessoas em torno da mesa no baile. a cabeça do meu suposto namorado estava quase completamente escondida atrás da minha, e eu me dei conta de que preferia que não estivesse. segurei um suspiro frustrado por pensar nisso e devolvi o celular.— estive pensando... — jules começou. o que nunca é bom, pensei.— é tão estranho o bradley conhecer alguém do nosso colégio. ele não só te conhecia como estava enrolado com ela e namorando você. quais são as chances de isso acontecer?

droga. a história tinha furos. furos enormes. todo mundo pareceu analisar o comentário, porque ficaram todas me encarando, esperando uma explicação. uma mentira inofensiva. era só isso que eu tinha em mente na noite do baile. uma pequena mudança na ordem dos eventos. e agora ali estava eu, ainda mentindo. senti que estava construindo uma teia, e tive medo de ser a única a ficar presa nela.

— ele morou aqui antes de me conhecer. antes de ir estudar fora. ele deve conhecer a garota dessa época.

— quem é a garota? — claire perguntou. — acho que a gente devia ir falar com ela. mandar ficar longe do bradley.

fake; corbyn bessonOnde histórias criam vida. Descubra agora