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— então, qual é a história? quem é o daniel? — olhei para a mesa onde ele e christina continuavam sentados, ela com a cabeça apoiada no ombro dele.

— meu melhor amigo... bom, era meu melhor amigo desde o quinto ano. — uma linha surgiu entre seus olhos.

— puxa. sinto muito.

— acontece.

— nem por isso deixa de ser uma droga.

— trocamos alguns olhos roxos. agora está tudo bem.

— mesmo? ainda são amigos?

— não, de jeito nenhum. mas agora não quero mais bater nele até ele apagar, o que já é um progresso, acho.

a tensão em seu queixo me fez pensar que talvez não fosse verdade, mas não falei nada.

— é um grande passo, sim.

ele afagou meu quadril e encostou a testa no meu ombro. não pude deixar de notar que minha altura era ótima para isso. com christina, ele não teria conseguido.

— tenho que me desculpar. falei que viríamos como amigos e acabei mudando de ideia. acho que pensei...

— que ela fosse pedir perdão? — interrompi.

— sim. Isso é errado? eu só queria um pouco de justiça. carma, alguma coisa assim. em vez disso, estou fazendo um jogo idiota. não faço essas coisas. não brinco com a cabeça das pessoas.

afaguei o cabelo em sua nuca esperando que christina estivesse olhando, porque a história me fazia sentir que eu tinha o direito de jogar também.

— talvez desta vez você possa se permitir dar a ela um pouco do próprio veneno. e eu sei exatamente o que você está fazendo. você não está se aproveitando da ingenuidade de uma garota qualquer para provocar ciúmes na sua ex. eu sei o que estou fazendo aqui e apoio inteiramente a ideia de fazer essa garota sentir pelo menos um pouquinho de arrependimento esta noite.

— e amanhã nós dois seremos melhores que tudo isso, certo?

eu ri.

— com certeza.

ele me enlaçou pela cintura, me tirou do chão e me girou no ar uma vez.

— você é incrível. — quando me pôs no chão, me olhou daquele jeito intenso, como havia feito no baile. — e aí, pronta?

eu ri sem saber se realmente estava pronta, se a intenção dele era cumprir todas as etapas desse jeito.

— sim.

corbyn segurou minha mão e me levou na direção oposta à de christina, para a praia.

— estamos indo para o lado errado — falei.

— não. ela vai ficar maluca com isso, com a gente saindo no meio da festa.

— ah, certo.

— tem um lugar por aqui que é mais reservado. espero que não esteja ocupado.

contornamos algumas pedras altas, depois ele olhou para trás, provavelmente para ver se christina tinha notado.

era verdade, o lugar era bem escondido. um semicírculo de pedras nos impedia de ver a festa, mas oferecia a visão perfeita do oceano. ele devia ter passado muito tempo ali com christina. corbyn sentou na areia macia e puxou minha mão, e eu sentei ao seu lado. ficamos ombro a ombro olhando o mar.

— você não me contou que a sua irmã se vestia como uma...

— traficante?

— não era isso o que eu ia dizer. mas foi por isso que eu não a reconheci na formatura. ela estava muito diferente do colégio.

fake; corbyn bessonOnde histórias criam vida. Descubra agora