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alissa.

em alguma parte do meu cérebro, provavelmente a parte sensata parecia ter desaparecido naquele momento, eu sabia que devia desistir e ir embora, preservar um pouco minha dignidade.

em vez disso, abracei a cintura dele com mais força e colei o rosto em seu peito. definitivamente, não era a razão que estava no comando do meu cérebro. era o desespero. e, mesmo sabendo que desespero não é atraente, eu não conseguia me controlar. ele suspirou e soltou um pouco de ar, o que me permitiu apertar mais o abraço. não é assim que jiboias matam suas presas? nem um pensamento como este me fez soltá-lo.

— ali, sinto muito.

— então não faz isso. e, se tem que fazer, não pode esperar duas horas?

— o que você acabou de falar me faz ter mais certeza que não. você só quer que suas amigas me vejam.

— não é verdade. - tudo bem, meio que era. mas só por causa de jules. ela havia se infiltrado no nosso grupo um ano atrás e, bem lentamente, tentava jogar minhas amigas contra mim.

sua última jogada era dizer que eu estava mentido sobre namorar há dois meses. então, sim, eu queria que minhas amigas vissem que eu não estava mentindo. que era ela que tentava dividir nosso grupo ao meio. ela era a doença contagiosa. não eu. mas não era só por isso que eu queria que bradley ficasse comigo agora. eu gostava dele de verdade antes de terminar comigo no estacionamento na noite do baile de formatura. mas, agora ele estava exibindo seu atestado de cretino, eu só queria que ele entrasse, provasse que existia, desse um soco no estômago da jules por mim, talvez, e depois fosse embora. era pedir demais? além disso... oi? era minha formatura.

— não é só com isso que eu me importo... - minha voz estremeceu, embora eu tentasse não demonstrar fraqueza. bom, exceto por eu estar grudada nele como se tivesse levado um choque de alta voltagem.

— é só com isso que você se importa. e confirmou minha impressão hoje, quando me viu e a primeira coisa que disse foi. " minhas amigas vão morrer. " serio, alissa? você não me vê há duas semanas, e essa é a primeira coisa que fala? - tentei lembrar. foi isso mesmo que eu falei, ou ele está inventando coisas para se sentir melhor? ele estava lindo mesmo. e, sim, eu queria que minhas amigas vissem como ele era lindo. tem algo errado com isto? — e no caminho para cá, você passou o tempo todo planejando como nós íamos entrar. disse exatamente como eu tinha que olhar para você.

— sou meio controladora, você sabe disso. - meio? um carro parou na vaga em frente ao lugar onde eu estava quase espremendo todo o ar para fora do corpo do meu namorado... ex namorado. um casal desceu do bando de trás, não reconheci nenhum dos dois.

— alissa. - bradley desgrudou minhas mãos e se afastou. — eu preciso ir, a viagem de volta é longa. - pelo menos ele parecia sinceramente triste. cruzei os braços, finalmente encontrando um pouco de dignidade. tarde demais.

— tudo bem. vai.

— você devia entrar. está incrível.

— você não pode simplesmente me xingar e ir embora ou alguma coisa do tipo? não preciso te achar fofo depois de tudo isso. - ele era fofo e pensar que meu desespero de segura-lo ali não tinha a ver com minhas amigas começava a dominar minhas emoções. engoli o que sentia. eu não queria que ele soubesse que estava me machucando de verdade. ele sorriu de um jeito brincalhão e então aumentou o tom de voz:

— nunca mais quero falar com você. superficial, esnobe, egocêntrica. você merece entrar lá sozinha. - por que soou tão convincente? mantive nosso teatrinho.

— odeio você, babaca!

ele jogou um beijo, e eu sorri. fiquei olhando até ele entrar no carro e ir embora. então meu sorriso sumiu do meu rosto e meu estômago deu um nó. acho que pressupôs que eu conseguiria carona para casa. ainda bem que todos os meus amigos estavam lá dentro... esperando que eu aparecesse com o cara de quem falava há dois meses.

fake; corbyn bessonOnde histórias criam vida. Descubra agora