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alissa.

eu sorri. não deu para evitar. ele estava vestindo um terno preto com uma gravata azul petróleo. os óculos haviam desaparecido e ele era alto.

era exatamente disso que eu precisava. seríamos vistos. ele poderia terminar comigo no fim da noite. sem olhares complacentes de jules, sem suspiros de pena de laney e sem nenhum movimento de cabeça de " tá bom, agora conte a verdade " de claire.

meu namorado postiço só estava reorganizando um pouco a ordem dos eventos da noite pra mim. não havia mal nenhum nisso. especialmente se mantivesse longe de mim a doença contagiosa chamada jules.

— oi. — falei, me aproximando do carro, onde ele continuava parado mantendo a porta aberta. como se ainda não estivesse inteiramente comprometido com a ideia. — você está ótimo. — olhei para o cabelo dele, que dava para ver melhor de perto. uma bagunça. uma bagunça que, aparentemente, ele havia tentado ajeitar. — senta um pouco — apontei para o banco do carro.

ele ergueu uma sobrancelha, mas fez o que eu pedi. peguei uma escovinha da bolsa e a usei para ajeitar seu cabelo. penteei seus fios loiros de um jeito legal, jogando-os para o lado. assenti satisfeita.

— ficou muito bom. — ele balançou a cabeça com um suspiro.

— vamos logo com isso.

depois ficou de pé e me ofereceu o braço dobrado. segurei a mão dele, em vez de aceitar o cotovelo, eu o puxei para o ginásio.

— ei, espera aí. – ele falou. meu corpo levou um tranco com a parada brusca, o que não foi nada engraçado em cima daqueles saltos. — preciso de um pouco de informação. você quer convencer as suas amigas que a gente se conhece, certo?

— ah, é. bom, vamos ver...

— o nome já é um bom começo. — eu ri. eu estava tão em desespero que não tinha nem falado meu nome.

— alissa hunter. dezessete anos. formanda aqui no adorável Freemont High. faço parte do conselho estudantil e normalmente não preciso implorar por companhia. tipo, hoje foi minha primeira vez.

— registrado.

— e nas próximas duas horas, você será bradley harris. penúltimo ano na UCLA, motivo pelo qual meus pais não aprovam o namoro, aliás. eles acham que você é velho demais para mim.

— eu sou.

Eu não sabia ao certo se ele estava falando de bradley ou de si mesmo. pensei tê-lo ouvindo dizer, no estacionamento, que estava terminando o colégio.

— quantos anos você tem?

— se estou no penúltimo ano, devo ter pelo menos uns... sei lá. vinte e um?

ele estava falando do bradley. revirei os olhos.

— sim. mas são só quatro anos mais que eu.

— o que não seria o fim do mundo se você não estivesse no colégio. menor de idade.

— só tenho mais cinco semanas de colégio, e você agora está falando como os meus pais.

ele deu de ombros.

— eles parecem ser bons pais.

— bom, agora não tem mais importância. no fim da noite você vai ter que terminar comigo. de preferência na frente das minhas amigas. tente não exagerar no espetáculo. seja rápido e discreto. depois, como o verdadeiro bradley, você pode ir embora para sempre, e a história acaba aí.

um nó se formou na minha garganta quando eu disse isso, quando pensei em bradley indo embora como se fosse a coisa mais fácil do mundo. apaguei a imagem da mente e sorri para ele.

fake; corbyn bessonOnde histórias criam vida. Descubra agora