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- Doctor, você precisa parar o Mister.

Esta foi a frase que me fez despertar. Abri os olhos e me levantei tão imediatamente como quem leva um belo susto, estava ofegante o bastante para meu peito subir e descer sem parar e enquanto minhas mãos tremiam, eu cuidadosamente me levantei tentando entender onde diabos eu estava.

- Olá! Tem alguém me ouvindo?

Eu estava no meio de milhares de pinheiros, mas havia um detalhe que fazia eu franzir minhas sobrancelhas em sinal de pura estranheza: estava tudo completamente paralisado, em silêncio total e parecia ter sido pintado de cinza escuro.

Era estranho demais, a minha voz fez eco por todos os lados até sumir de verdade, já de pé, dei um passo para frente, apenas um para testar se eu podia me movimentar, é, eu podia.

- Apenas eu posso te ouvir.

Aquela voz ergueu os pelos dos meus braços e fez eu enfim franzir por completo minhas sobrancelhas. Era do Master. Ela me enfurecia sem querer ou sem saber, no entanto, eu tinha percebido mais um detalhe estranho pra situação: ele parecia ter envelhecido, falava quase que somente uma palavra de cada vez.

- Eu sabia que isso só poderia ser coisa sua, Master, vamos, se mostre.

Ao fim da minha ordem, um trovão cantou alto e acendeu o céu acima de mim. Me virei com cuidado e ali estava o enorme trono que o Master havia construído no Sanctum para se sentar em seu castelo após fazer tudo oquê fez. Mas o trono estava virado contra mim, eu não conseguia enxergar o Master.

Caminhei calmamente até o trono enquanto os trovões do céu me serviam como única trilha sonora. Estendi minha mão para tocar o trono mas rapidamente algo meu puxou com força para trás, me impedindo de tocar de fato o trono.

O mesmo trono que se virou para mim de forma barulhenta. Estava vazio, ora. Isso ergueu minhas sobrancelhas... Cadê o desgraçado do Master, então?

Outro trovão muito alto atravessou o céu, eu ergui o rosto com velocidade e meus olhos o acompanharam até que sumisse. Quando já havia sumido, abaixei o rosto e outra vez me arrepiei... O trono estava resumido a vários enormes pedaços caídos no chão.

- Por tempos, havia uma voz, Doctor. Uma voz dentro da minha cabeça, por tempos, eu julguei ela como normal, me negava a abraçar a possibilidade de uma loucura. Então, a voz certo dia tomou vida e literalmente derrubou a mim e ao meu trono.

Era difícil ouvir o Master falar com tamanha lentidão, não havia a menor possibilidade de ele estar normal e mesmo que por tanto tempo tivéssemos vivido como rivais mortais, esse estado dele me preocupava, me preocupava ainda mais quando eu pensava que isso poderia ter relação com o tal Mister.

- Você foi esperto o bastante para montar e executar um plano que derrubasse os deuses, mas não notou que essa voz era algum tipo de controle mental, ao invés de uma voz realmente sua? Que diabos aconteceu com você, Master?

Outro trovão surgiu, esse foi diferente, brilhante o bastante para que eu fechasse os olhos e virasse o rosto, e alto o bastante pra causar um zunido em meus ouvidos. Quando ele se foi, meus ouvidos ainda doíam e meus olhos ardiam um pouco... Dei alguns passos para trás até tocar algo, logo me virei.

Hope and Menace.Onde histórias criam vida. Descubra agora