Ah, os últimos dias de dezembro, lindos e calorosos. De um lado, marcam o final do ano e de outro, são só o comecinho dessa estação.
Lá pelas quatro horas da tarde o céu azul fica tão clarinho que poucos segundos encarando ele, são mais que suficientes pra se apaixonar por ele e pela estação em si.
Neste céu azul tão bonito, as nuvens também ganham a vez delas... Elas estão por ali, nos cantos ou nos meios, grandes ou pequenas, vagando com ou sem pressa, ou quem sabe estão simplesmente estacionadas.
É uma visão tão cinematográfica que você chega a pensar que alguém largou essas nuvens ali no céu por puríssima estética, como quem larga pedaços gostosos de morango para enfeitar o topo de um bolo.
Então você rapidamente se pega pensando "caramba Leonardo Ott, você é apaixonado pelo verão?" ou talvez pense "caramba Leonardo Ott, pra detalhar todas essas coisas, você só pode estar tirando folga de tudo e todos, sentado numa pedra com os pés numa água cristalina e geladinha, só curtindo o vento e ouvindo os pássaros cantarolar".
Ah, amigos e amigas, quem me dera. De fato eu estou bem aqui, sentindo o sol torrar minha testa franzida e meus miolos, de fato estou ouvindo o vento soprar entre as árvores, e ah, talvez eu ainda esteja de folga...
Folgas não, férias. Férias bem merecidas daquela minha vidinha de Doctor. Mas ei, voltando aqui... Não estou na praia e acho que eu não amo o verão, não.
- Meu bem, qualé... Qual diabos é a probabilidade desse troço ainda estar por aqui? Tipo, sinceramente.
Eu estava me mordendo de calor, me mordendo também de impaciência mas por sorte, minha voz saiu de uma maneira tão calma que eu mesmo me espantei.
Minhas palavras saltaram da minha boca, rodopiaram no ar e pousaram nos ouvidos da Lana. Ela rapidamente ergueu a cabeça me encarando com as sobrancelhas de pé.
Meus lábios tremeram de vontade de rir mas beleza, vamos levar a sério essa tentativa dela de fazer uma cara brava.
- Tem que estar por aqui, poxa...
Ela pôs as mãos na cintura e ao revirar os olhos com a cabeça inclinada pra baixo, reparei que as várias gotículas de suor estavam brilhando sobre a pele bronzeada dela.
- Admita, lá no fundo, eu e você sabemos que está aqui. Só precisamos ir um pouquinho mais fundo, meu amor.
Explicou ela (rapidamente voltando ao tom calmo que só ela tem). Dei um passo para frente e olhei pra baixo, melhor, olhei pra dentro do baita buraco que abrimos no meio desse enorme gramado.
Concentrados, meus olhos castanhos escuros caíram dentro desse buraco, eu não conseguia enxergar absolutamente nada, nada além de terra.
- Certo... Deixa eu tentar pela última vez.
Ao fim da minha frase, Lana sorriu e rapidamente pousou a nossa pá em minhas mãos. Me ajoelhei no monte de terra que a gente já tinha tirado, com um pouco mais de força, mergulhei a pá buraco a dentro.
Então eu não só ouvi como também senti a pá encostar em algo. Se eu tivesse um olho na parte de trás da cabeça, esse seria o momento que eu iria ver um sorriso quase dividindo o rosto da Lana em dois.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Hope and Menace.
Teen FictionO multiverso foi abalado desde que Eobardo, o Master, alcançou o poder dos Quatro Grandes Deuses e o usou para devastar civilizações inteiras. Além disso, já fazem dois anos desde que Leonardo, o Doctor, desapareceu. Nesse tempo surgiu a Resistência...