Guerra é Guerra

Capítulo X

  - O que é isso? Eu deveria aprovar isso? – Miranda disse desdenhosa apontando para o portfólio em sua frente.

 - Miranda, essas são amostras da próxima coleção dos estilistas que conhecemos e... – Jocelyn tentou argumentar.

 - Eu já vi tudo isso nos anos passados, o que está acontecendo com essa indústria? Emily! – A ruiva apareceu rapidamente em seu campo de visão. – Ligue para Jacobs, Campbell, Donatella e Giorgio e peça-os amostras de suas coleções, as quero em minha mesa até a hora do almoço. Ligue para James Holt e diga que quero ver o que ele tem para mim às 14:30. Cancele meu jantar com Dolce e Gabbana. Quero meu café em 15 minutos. Isso é tudo. – Disparou contra sua primeira assistente e virou-se para Jocelyn que se encontrava com olhos arregalados. – O que ainda faz aqui?

 - Eu pensei que...

 - Isso é tudo.

  Miranda estava estressada, ainda que tivesse amanhecido no calor dos braços de uma certa morena, ela estava estressada. Era difícil trabalhar com uma equipe que não chegava nem perto do que ela considerava perfeito. Ela estudou arduamente para adquirir todo o conhecimento tinha sobre a indústria que tanto a fascinava, considerava-se uma autêntica enciclopédia da moda e por isso Runway era a revista mais vendida do mercado, porque era Miranda Priestly quem segurava o cajado. "Ninguém pode fazer o que eu faço" era seu mantra diário, pois sabia que era verdadeiro, não só ela, como todas as pessoas da indústria que tinham o mínimo de bom senso. O sucesso de Runway era invejável para a concorrência, assim como para membros do time da revista. A editora poderia discorrer facilmente sobre todas as vezes que Irv falhou miseravelmente ao tentar tirá-la de sua posição para colocar alguém que se submeteria ao seu cabresto. A verdade era que ninguém manteria Runway em um patamar tão elevado como ela fazia e isso deveria deixa-la insuportavelmente satisfeita. No entanto, a última coisa que Miranda Priestly estava era satisfeita, nunca esteve. Ouvia elogios dos maiores nomes da indústria, Emily colocava em sua mesa, religiosamente, todas as publicações que opinavam sobre os resultados de Runway e eram sempre positivos, mas nada estava certo ainda. Ela era competente e sabia disso – e como sabia, porém não trabalhava sozinha, mas tinha consigo uma corja de inúteis que tornavam seu meticuloso trabalho um verdadeiro caos. Os funcionários de Runway tinham um excelente currículo, eram bastante instruidos, tinham conhecimento sobre o mundo da moda e até um ótimo olhar crítico, mas não eram perfeitos e se não eram perfeitos, eram inúteis. A única vez que Miranda viu alguém executar seu trabalho com perfeição, foi quando Andrea trabalhava para a revista e depois de ter experimentado tal deleite, a editora tornou-se ainda mais exigente e criteriosa. E afinal, o que Andy, a tão improvável menina, tinha de perfeito aos olhos de Miranda?

  - Miranda, trouxe as fotos que pediu. – A editora mirou Nigel e sorriu por dentro. "Nigel é aceitável... Infelizmente não é perfeito, mas excelentemente aceitável", pensou Miranda.

  - Hum... – Resmungou enquanto passava os olhos pelas fotos escolhidas por seu editor de arte. – Aceitáveis. O que foi? – Indagou-o ao perceber que ele a encarava com um pequeno sorriso no rosto.

  - Runway está um verdadeiro caos, os funcionários estão prestes a cometer um suicídio coletivo, estão dizendo por ai que você está cuspindo fogo desde que chegou... Isso significa que esteve com Andy depois de Boston, estou certo?

  - Perdão?

  - Não se faça de desentendida, Miranda, não combina com você. – Nigel fechou a porta do escritório e voltou para sentar-se de frente para sua amiga.

  - Andrea está na minha casa porque as gêmeas a convidaram para o fim de semana. – Disse sem encará-lo.

  - E como esse coraçãozinho de pedra está se sentindo?