Capítulo XIII

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  - Andrea, eu... Não deveria ter dito isso. Não assim. 

  - Não deveria ter dito que tirou a melhor chance do Nigel crescer, que manipulou toda aquela situação por interesse próprio? Por que será que eu não estou surpresa? 

   - Porque essa sou eu... 

  - Sim, essa é você. - Após limpar algumas lágrimas teimosas, Andrea levantou-se e foi em direção à saída do cômodo. 

  - Para onde você está indo? - Miranda questionou com o coração apertado. 

  - Para longe de você. - Foi a resposta que recebeu antes de ouvir a porta sendo fechada. 

    

  O líquido rascante desceu pela garganta da editora e ela fez uma careta, mas logo se acostumou com a sensação. Não era a fã número 1 do uísque envelhecido, mas era a única bebida que poderia acalmar seus nervos descontrolados. Os sentimentos que rondavam pelo corpo da editora eram raiva, por ter perdido completamente o controle de suas emoções, e medo, Miranda Priestly tinha medo de perder Andrea Sachs. A conversa não havia chegado nem perto de como imaginava que seria e estava certa de que a culpada era ela, a menina havia dito muitas coisas que tocaram em algumas de suas feridas, no entanto, todas verdades e ela? Ela teve uma crise ridícula de ciúmes e falou de uma situação mais ridícula ainda da pior forma possível, se Andrea decidisse ir embora depois daquilo, não a julgaria. Com esse pensamento, tornou a inundar seu interior com o líquido alcoólico com a intenção de afogar-se.

  Há alguns poucos metros dali, a jovem perdida em seus pensamentos caminhava pela propriedade carregando consigo toda sua confusão emocional. Tentou ir embora algumas vezes, mas seria um descaso, especialmente com as gêmeas. Tentou dormir, mas a desordem de sua mente falava alto demais para pegar no sono e assim, decidiu que precisava de um pouco de ar, precisava digerir. Enquanto o sereno caía sobre si, ela repassava todos os detalhes em sua mente como um flashback, em algum momento ela chegou a acreditar que aquilo daria certo, que elas poderiam até ser uma família, elas já pareciam com uma na hora do jantar, mas o que ela poderia esperar de Miranda Priestly? A mulher jogou com ela, com Nigel, principalmente, e por quê? 

  - Por um ciúme bobo. - E foi neste instante que Andy parou e pensou no que acabara de dizer, Miranda Priestly manipulou a todos naquele dia fatídico, pois estava insegura e com ciúmes. Não podia, não deveria sorrir, mas foi inevitável. - Inacreditável... - Ela sorriu ainda mais aberto em seu percurso apressado de volta para a casa. Enquanto isso, uma Miranda afetada por vários goles de uísque caminhava em direção à entrada, após procurar pela morena por todos os cantos da mansão. Quando estava indo para o seu terceiro copo, decidiu que se quisesse lutar por aquilo que sentia, deveria resolver aquela situação antes de irem dormir e não poderia estar bêbada para isso, então deixou a garrafa de lado e foi atrás da mulher que roubara seu coração.

  - Andrea, vamos conversar, por favor. - Foi firme ao encontrar a mais jovem vindo do jardim.

  - Você estava realmente com ciúmes? - Andy questionou surpreendendo a editora.

  - O que você acha? Escute, eu não deveria ter feito aquilo, me refiro à Paris e também à nossa conversa de mais cedo. Acontece que eu jamais senti por alguém um décimo do que sinto por você... Te disse uma vez e repito: para alguém como eu, sentimentos assim... Incontroláveis... São assustadores demais. Fui egoísta e manipuladora por proteção... Quis proteger a mim, pois realmente pensei que você nunca poderia me corresponder e quis proteger você também... De mim... E fiz isso da maneira que eu sei fazer. - Ela suspirou. - O que eu quero de dizer é que a única certeza que eu tenho nisso tudo é que eu amo você e que eu não mereço que alguém como você dê uma chance a alguém como eu, mas que, ainda assim, quero tentar. Eu entendo... - Ela limpou a garganta antes de prosseguir. - Eu entendo que aquele... Rapaz te inspire confiança, ele foi a sua realidade por anos e por isso, você sabe onde está pisando e a chance de ser quebrada é menor... Não posso garantir que não vou falhar, mas posso prometer que farei o meu melhor, não só por mim ou por você, mas pelas minhas filhas, que te amam como parte da família... Nós te amamos como parte da família. Então, se você permitir, eu gostaria de terminar perder o controle desse sentimento de uma vez por todas. - Miranda encarava a mulher em sua frente, que sorria como uma boba. - Pelo amor de Deus, diga algo! 

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