26 mars 2020; jeudi
DOU PARTIDA no carro assim que paro de relembrar a minha própria história, agora eu deixei a minha maior ferida aberta para qualquer um colocar o dedo.
Agora eu preciso focar na minha conversa com a Vieve, com certeza não devo encher ela com os meus problemas, ainda tem o Nate, se ele me ver assim eu não vou saber mentir e provavelmente vou estragar tudo com ele de novo.
São quase dez e meia da noite quando eu finalmente estaciono o carro na garagem do prédio, organizo as minhas coisas e finalmente subo para o meu apartamento.
— Oi — digo, entrando no apartamento.
— Oi — Nate diz.
— Cadê a Vieve?
— Saiu para comprar alguma coisa — ele explica.
Ando até ele e deposito um selinho em seus lábios.
— Como ela passou a tarde?
— Ela literalmente acordou há meia hora — ele diz, rindo. — Ela só acordou, disse que precisava comprar alguma coisa, mas já voltava aqui...
— Entendi.
— Está tudo bem? — Ele me observa.
— Sim, eu só estou preocupada com ela. — Deito a cabeça no ombro dele.
— Bom, eu acho que vou para o meu apartamento — ele diz, quando ouve passos perto da porta.
— Claro... — Ele me beija. — Eu te amo, a gente se vê amanhã.
— Eu também te amo — ele sussurra assim que a porta é aberta, sorrio como resposta.
— Tchau, Nate... — Vieve diz, assim que eles se cruzam na porta.
Ele se despede com um aceno de cabeça, ela deixa uma sacola em cima da mesa e fecha a porta.
— Oi... — ela diz, num tom baixo.
— Oi... — Sorrio para ela.
Ela se aproxima em passos lentos, logo se senta ao meu lado no sofá.
— Como você se sente? — pergunto.
— Cher, é verdade.
— Você tem certeza?
— Bom, está duas semanas atrasada, acabei de comprar um teste para fazer — ela diz. — Eu posso te explicar o que aconteceu.
— Pode contar só se sentir confortável.
— Não é uma questão de conforto, Cher. Eu estou surtando... — Ela apoia a cabeça para trás, fecha os olhos e respira fundo. — Eu e o Patrick, nosso professor de Literatura Inglesa, começamos a ter um caso em Novembro do ano passado, ficamos um mês, mas eu não quis continuar e tentei me afastar, mas eu sentia alguma coisa diferente com ele, em algum momento no final da primeira semana de aula, a gente conversou e eu acabei não me aguentando, ficamos mais algumas vezes, e depois disso nós conversamos e decidimos que isso não iria acontecer de novo.
— Eu não posso te defender, Vieve, você se envolveu com o seu professor, um cara casado... Mas ele também está errado, um cara casado se envolvendo com uma aluna... — Me dá um pouco de ânsia dizer essa frase em voz alta.
— Acontece que depois que a gente terminou eu suspeitei da gravidez porque estava uma semana atrasada, mas como já aconteceu algumas vezes, relevei. Porém, atrasou mais uma semana, isso já não era normal para mim...
— Vieve, isso é... Merda! Isso é muito sério — digo.
— Eu sei da gravidade, Cher! — ela explode. — A gente já terminou, eu sei que esse filho é dele, mas ele tem uma carreira em jogo, ele tem uma família! — ela grita. — Ele tem a porra de uma esposa e eles estão tentando ter um filho há mais de três anos, mas ela tem problemas para engravidar. Aí eu decido transar com ele fico grávida. Eu vou acabar com o casamento dele se ela descobrir... Eu vou acabar com o emprego dele... — Ela começa a chorar.
— Se você tem certeza que ele é o pai, ele tem que saber, independente da sua decisão. Ele vai ter que dar um jeito de lidar com a informação. — Repito fundo. — Se você não contar só vai acontecer uma coisa, ele vai viver com a consciência limpa de que não deve nada e vai fazer a mulher dele acreditar que vive um casamento perfeito. Agora se você contar ele pode lidar de várias formas, pode te ajudar com alguma coisa contando ou não para a mulher dele, ou simplesmente estar pouco se fodendo para você te deixar pagar de louca. O que eu acho bem provável. — Ela bufa. — Eu não quero te desanimar não, Vieve, mas você tem expectativas de que ele fique com você por causa do bebê?
Ela não responde, já que está apenas chorando sem parar.
— Vieve, ele é só mais um cara casado que engravidou outra mulher e vai continuar pagando de fiel e bom marido... — Observo ela. — Me desculpa se eu estou sendo dura.
Ela imediatamente pula no meu colo e me abraça.
— Você é a melhor amiga que eu poderia ter — ela diz, entre soluços.
— Vamos fazer o teste e tirar essa pedra de dúvida de uma vez por todas? — peço, ela assente.
Ela me solta e eu limpo as lágrimas da bochecha dela.
— Eu te amo, Vieve.
— Eu também te amo, Cherry... — Ela sorri e esse apelido me transporta de novo para porra da minha lembrança.
Ela pega a sacolinha com o teste e vai para o banheiro, eu pego uma garrafa com água e vou junto ao banheiro.
Ela tira o shorts e a calcinha, eu me apoio na pia do banheiro. Abro a caixa do teste e leio enquanto ela toma a garrafa de água.
— Bom, você tem que fazer xixi aqui, eu coloco o palito e nós esperamos cinco minutos — digo, depois de ler a caixa.
Entrego um pequeno copo de plástico transparente para ela, que está claramente tremendo.
Acho que eu estou tão nervosa quanto ela.
Assim que ela faz o xixi eu coloco o palito do teste no copinho por alguns segundos e depois entrego para ela.
— Dois risquinhos é positivo e um risquinho é negativo — ela diz, mas depois de segurar trinta segundos ela me olha apavorada. — Eu não consigo. — Ela me entrega o palito, veste a calcinha e o shorts e sai do banheiro.
Fico segurando o palito com um risquinho aparecendo. Faltam quatro minutos.
— Me fala o resultado... — ela pede. — Eu não consigo fazer isso sozinha.
Com o resultado em mãos, o meu coração acelera cada vez mais rápido.
Voltei com as atualizações, senti tanta saudade dessa história que precisei voltar a publicar, espero que não se decepcionem!
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Cherry | H.S.
Фанфик𝐃𝐨𝐧'𝐭 𝐲𝐨𝐮 𝐜𝐚𝐥𝐥 𝐡𝐢𝐦 𝐛𝐚𝐛𝐲 Cher Brunet, uma jovem de vinte e um anos, está no último semestre da sua faculdade de Letras, vive na agitada cidade de Paris, capital da França. Cher vive uma vida tranquila, vai para a faculdade e está se...