CAPÍTULO 23

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Olho para Gabriel Nosvalk sem reação. Ele percebe que eu estava sem expressão, somente com os olhos esbugalhado e a boca totalmente aberta. — Aconteceu algo? — Ele indaga demonstrando preocupação. Eu não conseguia falar nada naquele momento. Gabriel fita os seus olhos no chão e avista o meu celular, perto da porta de sua mansão. — Rachou toda a tela. — Diz ele ao pegar o meu celular. Encaro-o por alguns segundos. Tiro o meu celular de suas mãos. — Você não quer entrar? — Não respondo. Gabriel abre espaço para que eu possa entrar. — Você quer tomar algo ou comer alguma coisa? Você está muito pálida. — Balanço positivamente com a cabeça.  Ele me direciona até um sofá de couro, cor esverdeada. Sento-me tentando ficar confortada. Olho para o próprio e o vejo tirando de seu roupão, um rádio-telefone. — Numero 01... por favor, traga até a sala dois copos com chá e uns biscoitos. Obrigado! — Volta a guardar o rádio-telefone no bolso do roupão. Senta-se no sofá, próximo à mim. Mesmo com o que acabara de acontecer, esse era o momento certo de colocar o meu plano em ação. — O que aconteceu?

— Não... Não foi nada. Eu apenas senti um mau estar. — Minto, passo minhas mãos sobre minha testa.

— Você está suando bastante. Até parece assustada. — Sorri tirando um lenço do bolso de seu roupão.

— Eu assustada? Com... com o que? — Gaguejo passando o lenço lentamente sobre o meu rosto e minha testa. — Fiquei assim por conta de meu celular, ele acabou escorregando de minhas mãos, e eu não tive tempo de socorrê-lo. — Bufo, segurando o celular. — Preciso de um momento de oração, para que esse celular continue prestando. — Encaro Gabriel gargalhando.

— Você é um pouco... desvairada. — Gargalha novamente.

— Você me chamou de que? — Pergunto intrigada. Antes que ele pudesse responder, uma empregada aparece segurando uma bandeja com duas xícaras e uns biscoitos. — Então essa é a número 01? — Indago pegando a xícara com chá e tomando um gole. Faço careta ao sentir o fervor, sem sabor do chá, passando pela minha língua. Ele ri novamente. — Falta açúcar, e falta esfriar.

— Quer mesmo que eu repita do que te chamei? — Responde gargalhando novamente. — E sim, aquela é a número 01. Minha empregada principal. A que cuida das minhas refeições, dos meus assuntos importantes na casa. — Encaro suas mãos indo novamente até o bolso de seu roupão e pegando uma pequena garrafinha. — Quantas gotas de adoçante?

— Adoçante? O que mais você guarda dentro desse bolso? — Indago tentando ser irônica. Seus olhos se fitam aos meus. Tenta morder os lábios disfarçadamente.

— Dinheiro, muito dinheiro. — Fuzilo-o com os olhos e ele percebe. — Mudando de assunto, o que te traz até aqui? — Toma um gole do chá.

— Eu só queria te agradecer pessoalmente por estar me ajudando a encontrar o meu pai. Ontem eu fui ao encontro, infelizmente não era ele. Mas adorei conhecer aquele senhor, ele foi simpático, divertido. — Depósito a xícara na bandeja e aproximo-me de si.

— Então eu já vou agendar a próxima reunião com o seu outro suposto pai. — Sorrio. Gabriel também coloca sua xícara sobre a bandeja.

— Muito obrigado. Talvez ache estranho o que irei te dizer, mas não te considero só o meu detetive... — Sou interrompida.

— Não?

— Você ficou ao meu lado esses meses, me ajudando e dando informações sobre o meu pai. Você conseguiu marcar uma reunião com meu suposto pai. — Pouso minhas mãos em sua barba bem feita e alinhada. — Você não é apenas meu detetive, você é meu grande amigo. — Nos encaramos por alguns segundos. Gabriel aproxima-se lentamente de meu rosto. Sua boca vem em direção à minha, mas desvio, afastando-me de si. — Desculpa! Preciso ir embora. — Levanto-me rapidamente, sentindo uma pequena tontura.

Talvez Não Exista Um "amanhã".Onde histórias criam vida. Descubra agora