Conto 1 : Viciada em séries policiais

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Era uma mensagem banal, mas Almerinda percebeu, em um canto do papel, uma pequenina gota de sangue. Tratava-se de um recado de Berta, sua melhor amiga. Tentou ligar no celular, e não obteve resposta. Então pegou imediatamente sua bolsa, não esperou o elevador, desceu pelas escadas.

Correu de um lado para o outro tentando encontrar um táxi, uma carona, ou até um ônibus. Depois de muitas tentativas, encontrou um táxi, que parou cravando os pneus no asfalto porque ela entrou na frente. Dentro do táxi Almerinda lembrou-se que sua amiga havia comentado sobre um encontro do aplicativo de relacionamentos. Seria num restaurante elegante da cidade. Enquanto olhava pensativa pela janela do carro, sentiu um leve arrepio. Pensou naquelas séries policiais na qual era viciada em assistir e, no que aconteciam com as mulheres nesses tipos de encontros.

— Eu deveria ter alertado, Berta é muito inocente, não tem noção do perigo, que péssima amiga eu sou! — murmurou.

Chegando ao apartamento de sua amiga, conversou com o porteiro, pedindo por notícias. Ela podia estar sendo molestada em seu próprio apartamento.

— Desculpe, mas ela não está, saiu ontem à noite e não voltou. — informou o porteiro.

Mesmo assim fez o porteiro abrir a porta pra garantir que estava tudo bem.

Almerinda precisava de outro táxi, muitos passavam e ninguém parava, até que ela fechou os olhos entrou na frente de outro.

Almerinda resolveu que teria que pedir ajuda a polícia. Chegando á delegacia já foi atendida pelo delegado, que atolado de trabalho tratou de dispensá-la logo. Não eram interessados e prestativos como nas séries que ela assistia, pensou.

O celular seguia quieto, nem uma mensagem, nada. Preocupada decidiu investigar o desaparecimento da Berta sozinha.

Almerinda foi até o restaurante onde sua amiga teve o encontro, a moça da recepção estava ocupada, não deu muita atenção, olhou a foto e disse:

— Desculpe não me lembro dela.

Almerinda resolveu ligar pra família de Berta, que moravam em outro estado pra avisar do ocorrido, e perguntar se alguém sabia onde ela estava. Seu pai atendeu e vociferou:

— Faz anos que não tenho notícias dessa filha desnaturada.

Almerinda desligou rapidinho lamentando o incomodo.

Chegou a casa exausta e preocupada. Berta nunca ficou tanto tempo sem dar noticias, seis horas sem nenhuma mensagem. Decidiu entrar nas redes sociais e espalhar a foto da desaparecida. Passou a noite fazendo isso.

Pela manha, Almerinda recebeu algumas mensagens, afoita abriu logo e finalmente eram de Berta.

A mensagem dizia: encontrei o amor da minha vida. Junto uma foto de Berta numa praia com um homem.

Logo Almerinda perguntou sobre o sangue no bilhete que pedia pra alimentar o gato.

Berta respondeu: precisei fazer a unha de emergência pra viajar e enquanto eu escrevia o bilhete a manicure me cortou. Não mandei o recado pelo celular porque eu estava sem bateria e atrasada para o compromisso, acho que não pode usar o celular dentro do avião. Pedi ao filho da manicure para entregar o bilhete pra você.

 Amiga você alimentou o gato?

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