Conto 6 : Valdemir e o peru de Natal

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— Valdemir!

— O que é amorzinho?

— Minha mãe acabou de mandar uma mensagem, todos vem passar o Natal aqui.

— De novo não, — resmungou Valdemir.

— Você para de falar mal da minha família.

— Não estou falando mal eles são uns amores princesa.

— Não me convenceu, mas dessa vez passa.

— É que da ultima vez aconteceram tantas coisas numa noite amorzinho.

— Você coloca defeito em tudo Valdemir, da ultima vez foi maravilhoso.

— Foi maravilhoso ter visitas extras aqui em casa, polícia, bombeiro e ambulância, só faltou o necrotério.

— Não foi nada, apenas um desentendimento normal de família.

— Outra coisa, eu estou sem dinheiro pra ceia, então teremos que economizar.

— Valdemir para de ser mesquinho é minha família amorzinho.

— Então você cozinha, — contestou Valdemir.

— Não posso, eu tenho que dar atenção a minha família, ou você prefere ficar fazendo sala no meu lugar.

— Tudo bem eu cozinho, mas se nada der certo não me culpe.

— Valdemir vê se faz direitinho e ainda procura uma receita nova pra variar. Senão!— ameaçou.

— Calma amorzinho, — ponderou o marido.

— Valdemir, eu quero um peru bem grande, um peruzão, você sabe que minha família é grande.

— Eu estou sem dinheiro para extravagâncias amorzinho.

— Eu quero um peru imenso! — gritou a esposa.

— Então que tal a gente assar o Anderson.

— Nem pense em relar numa pena do Anderson.

— O combinado foi de alimentá-lo até o Natal e não criar um bichinho de estimação.

— Valdemir se você relar a mão numa pena do Anderson eu te mato! Daí você vai ver o que é ter o necrotério na nossa porta no dia do Natal.

Caso temporariamente encerrado. Chegou o dia e a família ceava amistosamente, entre gritos e brigas, esse era a maneira deles demonstrarem amor. Cada família tem sua particularidade. Valdemir trouxe o esperado prato na mesa e sua esposa elogiou:

— Amorzinho que peruzão! Por isso que eu te amo tanto.

Enquanto saboreavam e elogiavam o prato a esposa sentiu falta de algo e perguntou :

— Amorzinho o Anderson esta tão quieto hoje, que estranho, vou lá levar um pouco de ração pra ele.

A esposa levantou-se da cadeira e segundos depois um grito.

— Valdemir, pode chamar o necrotério, que hoje eu te mato !

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