— Valdemir!
— O que é amorzinho?
— Minha mãe acabou de mandar uma mensagem, todos vem passar o Natal aqui.
— De novo não, — resmungou Valdemir.
— Você para de falar mal da minha família.
— Não estou falando mal eles são uns amores princesa.
— Não me convenceu, mas dessa vez passa.
— É que da ultima vez aconteceram tantas coisas numa noite amorzinho.
— Você coloca defeito em tudo Valdemir, da ultima vez foi maravilhoso.
— Foi maravilhoso ter visitas extras aqui em casa, polícia, bombeiro e ambulância, só faltou o necrotério.
— Não foi nada, apenas um desentendimento normal de família.
— Outra coisa, eu estou sem dinheiro pra ceia, então teremos que economizar.
— Valdemir para de ser mesquinho é minha família amorzinho.
— Então você cozinha, — contestou Valdemir.
— Não posso, eu tenho que dar atenção a minha família, ou você prefere ficar fazendo sala no meu lugar.
— Tudo bem eu cozinho, mas se nada der certo não me culpe.
— Valdemir vê se faz direitinho e ainda procura uma receita nova pra variar. Senão!— ameaçou.
— Calma amorzinho, — ponderou o marido.
— Valdemir, eu quero um peru bem grande, um peruzão, você sabe que minha família é grande.
— Eu estou sem dinheiro para extravagâncias amorzinho.
— Eu quero um peru imenso! — gritou a esposa.
— Então que tal a gente assar o Anderson.
— Nem pense em relar numa pena do Anderson.
— O combinado foi de alimentá-lo até o Natal e não criar um bichinho de estimação.
— Valdemir se você relar a mão numa pena do Anderson eu te mato! Daí você vai ver o que é ter o necrotério na nossa porta no dia do Natal.
Caso temporariamente encerrado. Chegou o dia e a família ceava amistosamente, entre gritos e brigas, esse era a maneira deles demonstrarem amor. Cada família tem sua particularidade. Valdemir trouxe o esperado prato na mesa e sua esposa elogiou:
— Amorzinho que peruzão! Por isso que eu te amo tanto.
Enquanto saboreavam e elogiavam o prato a esposa sentiu falta de algo e perguntou :
— Amorzinho o Anderson esta tão quieto hoje, que estranho, vou lá levar um pouco de ração pra ele.
A esposa levantou-se da cadeira e segundos depois um grito.
— Valdemir, pode chamar o necrotério, que hoje eu te mato !
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Risos e Sarcasmos
Short StoryColetânea de contos divertidos e sarcásticos na medida certa.