Conto 14 : Ciclo vicioso

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Antonio Silvério, homem caprichoso e benfazejo, herdou a profissão de seu pai, era um ourives. Sempre bem vestido atendia as damas da sociedade que adoravam expor suas jóias cada vez maiores. Foi assim que conheceu Maria Quitanda, a mulher que pretendia roubar sua virtude com seus decotes e sensualidade.

A pequena cidade durante anos via a competição entre dois homens abastados. De um lado Borjes Leitão fazendeiro rico e orgulhoso de outro João Peixim político inescrupuloso, casado com Maria Quitanda.

A rixa reacendeu como um estopim num barril de pólvora, quando João Peixim resolveu agradar um desejo de sua esposa , encomendou um sarilho de ouro para puxar água do poço da fazenda; as pessoas ficaram em polvorosas comentando o quão ele era rico e poderoso. Borges Leitão não queria ficar atrás e encomendou também, dessa vez maior e com alguns brilhantes.

Enquanto isso o ourives enriquecia.

A competição continuou e se foram talheres, taças e imensos relógios de ouro. Os dias de provocações só aumentavam e a cidade toda já sabia o desfecho. Até que ela fora confirmada oficialmente: o ourives recebeu duas encomendas: espadas idênticas para um duelo.

Sabendo da encomenda, Maria Quitanda apareceu formosa debruçando-se sobre o balcão da joalheria e foi logo sugerindo:

— Querido Antonio, vim falar-lhe sobre um assunto que nos diz respeito, então tenho uma proposta, — revelou a mulher em tom sedutor, corrigindo o batom.

A indecorosa proposta era de que ele amolasse apenas uma espada. Amolaria a espada de Borges Leitão e deixaria a espada de João Peixim, marido de Maria Quitanda, sem corte.

A mulher deletéria entrava em ação novamente. Se o luto a visitasse pela décima vez, é claro.

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