Conto 12: Como escolher o nome pra uma nova cidade

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Muito se especula sobre o nome dessa cidade.

Então como historiador eu fui atrás da verdadeira história por traz do nome da cidade de Sério.

Conversei com primo do primo de um amigo meu, que conhece o descendente de Ecupércules Bandão, o fundador da cidade de Sério.

Ele conseguiu marcar uma entrevista com Genecil Brandão, para que eu pudesse desvendar e registrar alguns detalhes sobre fundação da cidade.

Escolhi um local informal para que pudéssemos conversar descontraidamente. Mas não me rendeu um bom resultado, pois ele não consumia bebida alcoólica.

Então perguntei o que lhe agradava. O homem me respondeu secamente:

— Diga logo o que você quer e não me faça perder o meu tempo.

Eu como um historiador persistente que sou, fui direto ao ponto e lhe questionei sobre como foi à criação da cidade de Sério.

Caminhamos até debaixo da sombra de uma jaqueira gigante para amenizar o calor.

Correndo risco de vida, tratei de anotar logo o acontecido. Ouvi o breve resumo, da emocionante e estonteante história de Sério.

Só que não, porque depois de saber o real motivo, achei hilário. Chorei de rir, sob os olhos irritados de um Brandão.

E assim Genecil Brandão começou a história de Sério:

Minha tetravó, disse pra minha bisavó, que disse para minha avó, que disse pra minha mãe, que foi assim.

Andaram por vinte e seis luas em busca do lugar perfeito. Onze homens e uma única mulher seguiam Ecupércules, o mais velho e honesto do bando.

Passaram entre montanhas verdinhas e ao lado de córregos largados; andavam, andavam e andavam, mas nunca chegavam. Alguns deles estavam descrentes com as decisões do Ecupércules, temendo chegar a lugar nenhum.

A missão era encontrar um lugar seguro, com uma fonte de água e solo fértil.

— Por aqui!— Ordenava Sr. Ecupércules, sem dar explicação alguma de sua decisão.

O caminho os levou até um grande desfiladeiro, cheio de pedras. Então o homem sisudo virou seu cavalo e ordenou:

— Por aqui!

Alguns homens da caravana estavam irritados com a demora e com a indecisão de Ecupércules.

Enquanto caminhavam em meio à imensidão verde e fria, lábios roxos e mãos duras seguravam nas selas dos cavalos e zombavam da situação conversando animadamente enquanto bebiam um destilado para esquentar:

— Quando finalmente pararmos de andar em círculos chegaremos. — E riam.

— Sabe, quando finalmente chegarmos será o final da viajem. — riam novamente sem parar.

A mulher irritada com as brincadeiras respondeu nervosamente: — Eu acho que chegamos seus palhaços!

Ecupércules analisava o local e estudava o solo calmamente, ele queria escolher o lugar perfeito, embora estivesse sendo incompreendido.

— Desçam dos cavalos, — ordenou Brandão. — Vamos montar acampamento aqui!

— Isso é sério? — perguntou um dos sarristas.

— Isso é muito sério! — Respondeu o outro ainda rindo por conta da bebida, ou sei lá o que.

O senhor Ecupércules Brandão cheio de tanta risada disse:

— Sério? — pode ser. Se referindo ao nome do povoado.

Assim em agosto de 1938, foi fundada a cidade de Sério.

Então surgiu assim o nome do pequeno povoado que viera a se transformar em uma grande cidade com muitos Brandões, séria e sisuda, mas muito honesta.

O nome segundo Genecil surgiu da conversa de dois idiotas que resolveram irritar uma pessoa integra e honesta, que por sua vez considerou um nome de respeito e ao mesmo tempo uma lição de moral.

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