— Frauzer sai da frente dessa televisão e vai fazer a tarefa!— vociferou a mãe.
— Que saco, — respondeu o garotinho.
— Frauzer, obedece a sua mãe, — esbravejou o pai.
— Que saco! — Contestou o garoto.
A mãe irritada com a falta de educação do filho que não os respeitava recordou-se de uma historia que sempre contava quando Frauzer era mais novo, a lenda do homem do saco, conhecido também como Papa-figo.
— Que saco, que saco, — retrucou a mãe e continuou,— você que fica chamando, deixa a hora que o homem do saco vier te buscar!
Frauzer lançou um olhar desafiador à mãe, desacreditando na história que ela sempre contava sobre o homem do saco. Chacoalhou os ombros e seguiu para seu quarto.
Era mês de agosto e, na escola o garoto estudava sobre lendas. A professora pediu que eles se sentassem no chão em circulo e anunciou que leria varias historias. Frauzer descontente ergueu a mão e disparou:
— É um saco estudar sobre lendas, é tudo mentira.
Mais uma vez ele percebeu que usou a tal palavra, pensou que talvez devesse parar de falar aquilo. E se ele realmente existisse?
A primeira história, como ironia do destino ou apenas um aviso, foi sobre o homem do saco. O menino arregalou os olhos e suas mãos suavam, mas não queria deixar transparecer.
A professora disse que ele roubava órgãos, então Frauzer sentiu um arrepio de imaginar ele cortando sua barriga e arrancando seu coração e todo o resto, uma verdadeira cena de terror. Naquele dia, por precaução, Frauzer não pronunciou mais a tal palavra.
No final da tarde voltando da escola de ônibus com sua mãe, Frauzer viu a história se materializar, a mentira virar verdade.
Estava ali bem diante de seus olhos. Tentou gritar, mas não saiu voz. Escondeu-se atrás de sua mãe enquanto o senhor adentrava o ônibus. O suor escorria pela sua testa. É agora, pensou Frauzer, ele veio me buscar.
Sua mãe muito esperta entendendo a situação se dirigiu até o homem, e disse:
— Oi, o senhor veio buscar o Frauzer? — Questionou dando uma piscadinha.
— Ah sim, eu busco crianças desobedientes, — respondeu abrindo um sorriso.
— Mas, por favor, não leva o Frauzer, — pediu a senhora, — ele promete que vai ficar bonzinho a partir de hoje, não é mesmo filho.
O garoto tentou confirmar, mas sua voz não saiu.
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Risos e Sarcasmos
Short StoryColetânea de contos divertidos e sarcásticos na medida certa.