Capítulo 3 - "Kacchan problemático"

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Midoriya POV

   O primeiro mês de aula passou rapidamente, e chegamos em outubro. As folhas das árvores começavam a cair, e o clima ia esfriando aos poucos, se preparando para o inverno dali a dois meses.
   Nesse ano, não estamos aprendendo muita matéria nova, apenas aprofundando o conteúdo estudado no fundamental. Mesmo assim, estou me ralando de estudar todos os dias, principalmente por conta das provas que estão chegando.
   Confesso que estou um pouco nervoso, mas não posso deixar meus sentimentos interferirem. Tenho que me concentrar e estudar.
   No momento, estou no clube de mangás junto com os outros oito membros. Nós já estamos nos preparando para o festival cultural da UA. O clube de mangás vai preparar um tipo de evento dentro da sala do clube.
   Algumas pessoas vão estar fantasiadas de personagens de animes e mangás (cosplay), e nós vamos fazer um tipo de museu de cosplays.
   - Acho uma boa ideia usarmos tnt para dividir a sala em várias partes - sugeriu Nejire Hado, a presidente do clube de mangás.
   - É uma boa ideia... - concordei - mas quem vai vir fantasiado?
   - Hm... quem já faz cosplay aqui?
   Eu timidamente levantei a mão. Eu tenho um cosplay guardado em casa, que é de um personagem que eu gosto muito, chamado Naruto. Outros dois membros levantaram a mão.
   - Bem, comigo são quatro... tem pouca gente... algum de vocês não pode fazer também? Acho que mais dois já tá bom.
   Outros dois concordaram, e com isso ficaram seis para vir de cosplay. Nós passamos mais algum tempo discutindo ideias para o festival, e depois eu tive que sair, pois já estava ficando bem tarde.
   - Até mais! Obrigado pelo trabalho duro!
   - Obrigada pelo trabalho duro!
   Eu saí da sala do clube e fui guardar meu material no armário. Quando eu me virei, dei de cara com quem eu menos queria ver: Kacchan.
   - O-oi Kacchan... hm... eu poderia ir embora...?
   - Eh...? Eu nem comecei e você já quer fugir? - começou ele, estralando os dedos. Ele tinha me encurralado colocando um de seus pés no armário, me prendendo.
   Sem aviso prévio ou ao menos um motivo, ele me deu um soco, bem no meu olho esquerdo. Eu com certeza achei que ia ficar cego. Ele me deu outro soco na bochecha, e ia me enforcar, quando...
   - Ei, pare!
   Eu ouvi um barulho, um estalo, alguém chegando perto de mim, gritando alguma coisa... e desmaiei por causa da falta de ar do (quase) enforcamento.
   Eu acordei dentro em cima de alguma coisa macia... uma cama? A primeira coisa que vi foi um teto branco, uma claridade imensa...
   - Midoriya! Você finalmente acordou.
   Eu conhecia o dono daquela voz. Todoroki-senpai...?
   Então eu finalmente consegui abrir meus olhos por completo e olhar ao redor. Eu estou na minha casa? Não... que lugar é esse?
   - Todoroki-senpai... onde estamos?
   - Na enfermaria da escola. Você desmaiou depois daquele idiota quase te enforcar, e eu te trouxe aqui.
   Consegui finalmente me sentar. Eu estava com um curativo na bochecha e um tapa olho, então não conseguia enxergar tudo muito bem. Havia um toalha molhada em minha testa, e eu estava um pouco tonto...
   - O que aconteceu com o Kacchan?
   - Está falando daquela cara loiro de antes? Não sei. Deve ter ido para casa ou coisa do tipo depois do soco que eu dei nele...
   - Hein!? Soco!?
   - Deixa eu te explicar...

Todoroki POV

   Eu estava no clube de literatura, discutindo com os outros membros sobre o que iríamos fazer no festival cultural.
   - Hm... todo ano o clube de literatura faz uma exposição de um livro escrito pelos próprios membros. - explicou o presidente do clube, Shinsou.
   - Isso parece dar trabalho... o que vocês fizeram ano passado? - perguntou um primeiranista, Lida Tenya.
  - Ano passado fizemos uma antologia sobre a história da escola. - expliquei - Foi bem interessante, e vendemos 350 cópias, se não me engano.
   - 357, para ser mais exato. - falou Shinsou - Esse ano eu estava pensando em criar um livro de mistério, para os leitores descobrirem a solução.
   - Não acha que isso vai ser complicado demais? Por que não fazemos uma história normal, de romance ou coisa do tipo? - sugeriu outra primeiranista, Uraraka Ochako.
   - Isso também vai ser complicado...
   Depois de mais algum tempo discutindo, decidimos fazer um livro de mistério como Shinsou sugeriu mesmo. Mais ou menos às 17:00, eu saí do clube e ía para casa, quando lembrei que esqueci meu livro na sala do clube.
   Quando voltei para pegar, a sala estava trancada - já que todos tinham ido embora - então eu decidi descer na sala dos professores e pedir a chave.
   Eu estava indo para lá, e ouvi alguns barulhos. Quando fui ver o que era, eu vi um garoto loiro quase enforcando Midoriya. Eu obviamente não ia deixar daquele jeito.
   - Ei, pare!
   Eu larguei - ou melhor, joguei - minhas coisas no chão e corri até onde os dois estavam. Eu faço karatê, então consegui facilmente nocautear o garoto loiro. Ele caiu no chão e eu me abaixem em frente de Midoriya.
   - Ei, Midoriya!? Está me ouvindo?
   Ele acabou desmaiando, então eu tive que carregá-lo até a enfermaria. Assim que o deixei lá, contei a enfermeira que ele tropeçou e caiu, desmaiando. Achei melhor não falar a verdade.
   Eu voltei para o corredor e peguei minhas coisas, voltando para a enfermaria logo em seguida. Depois de uns dez minutos ele acordou.
    - Midoriya! Você finalmente acordou.
   - Todoroki-senpai... onde estamos?
   - Na enfermaria da escola. Você desmaiou depois daquele idiota quase te enforcar, e eu te trouxe aqui.
   - O que aconteceu com o Kacchan?
   - Está falando daquela cara loiro de antes? Não sei. Deve ter ido para casa ou coisa do tipo depois do soco que eu dei nele...
   - Hein!? Soco!?
   - Deixa eu te explicar...
   Então contei toda a história para ele. No final, eu perguntei:
   - Quem era aquele garoto loiro?
   - O nome dele é Bakugou Katsuki. Ele está na 1-B. Nós nos conhecemos desde crianças. Ele sempre implica comigo.
   - Por que você o chama de "kacchan"?
   - Esse é um apelido que eu dei a ele quando éramos crianças. Ele também me deu um, que é "Deku", que significa "inútil".
   - Você nunca contou para ninguém sobre isso?
   - Eu tenho medo do que ele pode fazer se descobrir que eu contei para alguém... e eu não devia nem estar falando isso para você...
   - Se ele voltar a implicar com você, pode me falar que eu dou uma surra nele.
   Midoriya começou a rir. Meu Deus, como ele é fofo! Com esse pensamento, eu senti que meu rosto começava a esquentar, então ri um pouco para disfarçar.
   Nós saímos da escola quando esta estava quase fechando.
   - Todoroki-senpai, você vai a pé para sua casa?
   - Na verdade não, porque minha casa é um pouco longe... eu geralmente peço um táxi ou coisa do tipo.
   - Ah, é que eu vou a pé...
   - Então eu te acompanho até sua casa e depois peço um uber.
   - N-não precisa...! Você já me ajudou na escola...
   - Vamos logo...
   Andamos por mais alguns minutos e paramos em frente a um prédio. Midoriya se despediu e quando ia pedir um uber, Toya me liga.
   "- Alô?
   - Oie Shoto! Já chegou em casa?
   - Ainda não...
   - Ein? Onde você tava até agora?
   - Na escola.
   - A escola fica aberta até tão tarde assim?
   - Enfim, precisa de alguma coisa?
   - Eu ia perguntar se você queria que eu pedisse um um lanche aqui no *******...
   - Pode ser.
   - Já que você ainda não tá em casa, quer uma carona?
   - Pode ser.
   - Onde você tá?
   - Na frente do edifício ******
   - Ok, tô indo aí, tchau.
   - Tchau."
   Eu desliguei o celular e depois de alguns minutos, Toya chegou. Eu entrei no carro e fomos direto pedir o lanche.
   - O que você vai querer? - perguntou Toya.
   - Hm... a mesma coisa de sempre.
   - Ok.
   Entramos dentro do lugar e Toya foi falando os pedidos para o atendente:
   - Um sanduíche de carne com catupiry e bacon, um de carne dupla e um de carne com brócolis.
   - Ficou 1400,99 ienes.
   - Ok.
   Toya pagou, nós pegamos os sanduíches e fomos para casa. Quando chegamos lá, Natsuo estava esparramado no sofá assistindo TV.
   - Eai! Hmm... que cheiro bom...
   - Eu vou tomar um banho e depois como.
   Fui para o meu quarto, tomei um banho, peguei meu sanduíche de carne com brócolis e fui até a varanda, onde sentei no chão e fiquei comendo, apreciando a vista.
   Minha casa fica um pouco afastada da cidade, no topo de um morro. A vista é muito linda, já que dá para ver a cidade inteira, e o céu inteiramente estrelado.
   Após terminar de comer, voltei para o meu quarto e me deitei. Adormeci quase na mesma hora, e tive um sonho um tanto estranho. Eu dava uma surra naquele tal de Bakugou, Midoriya se aproximava de mim, e...
   - Ai!
   Eu abri os olhos. Havia caído da cama e acordado daquele maravilhoso sono. Que saco.

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Tnt: um tipo de tecido.

Obrigado pelo trabalho duro: é um frase frequentemente utilizada nos animes, em que os personagens estão saindo do trabalho e agradecem os outros.

Kacchan: apelido do Bakugou dado por Midoriya. Seria como um diminutivo de seu nome. Nos primeiros capítulos, eu coloquei como Kazinho, mas a pedido de uma amiga, coloquei dessa outra forma.

1400,99 ienes: iene é a moeda japonesa. Esse valor equivale a 68 reais e 75 centavos.

Meu Veterano - TododekuOnde histórias criam vida. Descubra agora