Capítulo 13 - "O passado de Todoroki"

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Todoroki POV

   Eu nunca tive uma infância muito boa. Eu tinha dois irmãos e uma irmã, todos mais velhos: Toya, Natsuo e Fuyumi. Minha mãe era muito legal e gentil conosco, porém meu pai...
   - Ai! Mamãe, está ardendo!
   - Toya, se você não ficar parado, não tem como eu limpar o machucado meu bem!
    Meu pai nos odiava. Ele era alcoólatra, e sempre chegava tarde da noite em casa, para pela manhã bater em mim, nos meus irmãos e na minha mãe.
   Na época, eu tinha 7 anos - ou seja, a dez anos atrás - então não sabia o que era alcoólatra. Minha mãe falava que não era nada, apenas uma fase, e nós acreditávamos nela. Só quando mais velho fui entender que era uma mentira para nos tranquilizar.
   Minha irmã mais velha, Fuyumi, era geralmente a responsável por nós quatro, - depois da mamãe - tendo 11 anos naquela época, ou seja, 4 anos mais velha que eu.
   Até hoje eu ainda me pergunto como minha mãe conseguiu se casar com ele. Talvez ela tenha feito isso por medo, e pelo mesmo motivo não pede divórcio.
   Nosso pai nem se dava ao trabalho de nos alimentar. "Bocas servem para falar ou ficar caladas, e não para alimentar" era o que ele sempre dizia para nossa mãe, que tinha que trabalhar arduamente para ganhar dinheiro.
   O pai só dava dinheiro para pagar as contas de água, luz, etc. O resto - roupas, comida, escola - era tudo nossa mãe que pagava. Nós éramos crianças, então não podíamos ajudar em muita coisa.
   Fuyumi sempre foi muito gentil - puxou a nossa mãe, principalmente por conta do cabelo inteiramente branco, com mechas vermelhas na franja.
   Ela nos levava para a escola todo dia, e era uma das melhores alunas da escola. Um dia, eu acordei mais cedo do que o normal, e decidi ir até a cozinha beber água.
   Andei na ponta dos pés para não acordar minha mãe - ou meu pai, se já estivesse em casa - e acabei ouvindo uns barulhos na sala, me escondendo e espiando através da porta.
   Meu pai já havia chegado, e estava completamente bêbado. Ele tinha algum objeto nas mãos, que eu não consegui ver o que era. Seja lá o que fosse, ele usava para bater na mamãe.
   Eu não conseguia ficar vendo minha mãe sendo maltratada daquela forma bem na minha frente. Corri até lá e tentei segurar a perna do papai. Ele olhou para mim, drogado, e me chutou para longe.
   Eu acabei caindo perto da lareira. Eu não estava pensando direito: peguei um dos graveto da lareira, que estava em chamas e joguei nele. Nem chegou perto. Mas ele o pegou de volta e jogou com toda força em mim.
   Essa é a última coisa que eu lembro, antes de acordar no hospital com uma queimadura em volta do meu olho esquerdo. Minha mãe chorava desconsolada, minha irmã e meus irmãos pareciam ter chorado muito também.
   Até hoje não entendo direito como isso aconteceu. Eu só queria salvar minha mãe, eu só queria impedir meu pai...
   Depois disso, meu pai viajou por conta do trabalho - incrivelmente, ele ainda trabalha - e eu acabei saindo do hospital dois dias depois.
   Uma semana depois de meu pai ir viajar, nossa mãe ficou doente. Nós chamamos um médico lá em casa, e Fuyumi nos obrigou a ficar na sala enquanto ele atendia ela no quarto.
   Quando o médico terminou, Fuyumi foi falar com ele. Ela voltou quase chorando.
   - O que aconteceu? - perguntou Natsuo.
   - Ela só está... um pouco doente. Excesso de trabalho.
   Nós acreditamos nela. Mas era mentira. Alguns dias depois, nosso pai voltou para casa. Naquela noite, eu lembro que não estava conseguindo dormir. Mas depois do que me aconteceu, não queria sair do quarto de jeito nenhum.
   Eu ouço um grito alto e agudo. Era Fuyumi. Eu me levantei, e Natsuo e Toya vieram correndo até mim.
   Ambos estavam chorando, assustados. Eles correram para algum lugar - mais tarde eu descobri que era a cozinha - e eu fui correndo até o quarto dos meus pais, ver o que aconteceu.
   Nunca mais esqueci aquilo. Minha mãe estava caída no chão. Um pouco de sangue escorria de sua barriga, e Fuyumi estava ao seu lado, tremendo e chorando em cima de seu corpo.
   - Ma...mãe?
   Fuyumi olhou para mim; eu não acreditava no que via, não queria acreditar. Ela veio até mim e me abraçou.
   - Não olhe Shoto... p-por favor, não olhe...
   Onde estava meu pai? Bem, ele tinha fugido pela janela ao ver que cometera um crime. Meus irmãos tinham ido até a cozinha para usar o telefone e chamar uma ambulância e a polícia.
   Minha mãe foi levada ao hospital, mas era tarde de mais... ela já tinha uma doença respiratória e não iria ficar viva por muito mais tempo - a verdade que Fuyumi não nos contou, para nos poupar da dor - e ainda com o maltrato do nosso pai..
   Ele foi encontrado pela policia na rua, algumas horas depois do acontecido, e foi preso por abuso domiciliar e homicídio.
   Quanto a mim e aos meus irmãos; nossa tia, que morava em outra cidade, acabou cuidando de nós até Fuyumi se tornar maior de idade e poder nos sustentar financeiramente.
   Poucos meses depois do aniversário de 19 anos de Fuyumi, nossa tia morreu por conta de um surto repentino, no meio da madrugada.
   Eu perdi todo mundo. Minha irmã, minha tia... a única coisa que eu tenho são meus irmãos e minha irmã. Sem eles, eu não tenho nada. Eu não quero perder mais ninguém importante para mim.
   Por isso... eu não posso te perder também, Midoriya.

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Esse capítulo foi só para contar o passado do Todoroki mesmo. Lembrando que ele está narrando isso tudo para o Midoriya, de acordo com o fim do capítulo passado.

Meu Veterano - TododekuOnde histórias criam vida. Descubra agora