Capítulo 8 - "Ele é meu!"

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Todoroki POV

   Depois do Ano Novo, as aulas voltaram normalmente - como era de se esperar. As provas já voltaram, e além disso, todos estão ocupados fazendo os preparativos para o festival cultural.
   O festival duraria uma semana inteira, e cada dia teria atividades diferentes. A peça do clube de teatro seria apresentada na quarta feira, ou seja, no terceiro dia do festival.
   Muitas coisas precisavam ser feitas. O clube de artesanato e o de artes estão nos ajudando a fazer o cenário. Como eu faço parte dos dois clubes, minha rotina está ficando bem exaustiva.
   Eu estava na sala de artes, ajudando Uraraka e Lida - dois calouros do primeiro ano, amigos de Midoriya - a pintar uma parte do cenário.
   - Com licença... - pediu uma voz.
  Era Midoriya, que tinha acabado de entrar na sala com uns papéis na mão.
   - O Todoroki-senpai está aqui?
   - Sim, é alguma coisa do clube de teatro? - falo, me levantando e largando o pincel.
   - Mais ou menos... o clube de moda quer todos os participantes da peça para poder tirar as medidas e preparar o figurino...
   - Hm... tudo bem, eu já estou indo.
   Tirei meu avental e fui junto de Midoriya até a sala de moda. Após chegar lá, ele falou que já tinham tirado suas medidas e foi correndo para algum lugar que eu nem ouvi qual era, de tão apressado que ele estava. Provavelmente o clube de mangás.
   Depois de tirarem minhas medidas, eu voltei para a sala de artes, e mais tarde, eu percebi que já estava na hora de ir para casa e estudar um pouco. Passei muito tempo aqui já - mais especificamente, a tarde inteira.
   Depois de tirar meu avental, fui até o banheiro lavar meu rosto e minhas mãos, já que estava mexendo com tinta até agora pouco. Depois de tirar quase toda a tinta da minha pele, peguei minha mochila e estava saindo do banheiro, quando uma certa pessoa entrou.
   - Eai, meio-a-meio.
   - O que você quer, Bakugou?
   Sim, aquele loiro idiota estava na minha frente, me encarando com aqueles odiosos olhos escarlates.
   Ele se aproxima perigosamente de mim.
   - Ah, nada... só estava com vontade de atazanar alguém... principalmente você...
   - Eu sou alguma pessoa especial, para você vir até mim, e não simplesmente enxer o saco de qualquer outra pessoa?
   Sim, eu o irritei. Não que goste de comprar briga, mas... em uma situação dessas, eu só consigo colocar lenha na fogueira. Ele agarrou a gola da minha camisa e me "prendeu" na parede.
   - Olhe como fala comigo, meio-a-meio...
   - Eu só estou dizendo a verdade, bombinha.
   Agora sim ele ficou irritado. Ele teria me acertado com um soco na barriga - o que não seria nem um pouco legal - se eu não tivesse chutado sua canela antes. Ele recuou um pouco, mancando de leve.
   Não sei se é uma boa brigar comigo, porque sem querer me gabar, mas eu fazia karatê e judô...
   - Seu disgramado!
   - Não acho que alguma pessoa nasce com grama no corpo... isso seria meio estranho sabe...
   E lá vem eu falando coisas que não devia ter falado. Ele literalmente voou para cima de mim, mas eu rolei no chão do banheiro, conseguindo desviar do provável soco - rolar no chão do banheiro é nojento, não façam isso.
   Realmente não queria brigar, então só saí do banheiro, com ele correndo atrás de mim.
   - Calma aí que a gente não terminou de conversar!
   - Sobre o que nós iríamos conversar?
   - Talvez... sobre a questão do Deku ser meu!
   Certo, confesso que perdi um pouco a cabeça nessa hora. Eu me viro para ele, começando a ficar irritado.
   - Quem disse?
   - Hm... eu? Ele é meu, então pare de fingir que é próximo dele, meio-a-meio de mer-
   Eu, com toda a minha força - não me culpe, eu estava irritado - lhe dou um soco bem dado na bochecha, fazendo ele recuar um pouco para trás.
   - Ele é meu. Ele é só meu! E se você se atrever a tocar mais um dedo nele, acho que vai gostar de se reunir com seus antepassados...
   E então, fui embora, pisando forte, irritado. Ao chegar em casa, me joguei na cama, de cabeça no travesseiro. Mas que raios  de discussão foi aquela? E por que, em nome de todos os deuses da Grécia, eu falei aquilo?
   Aquela frase não foi nem um pouco racional ou lógica. Isso não tem nada haver comigo... eu e o Midoriya só temos uma relação de amizade, nos conhecemos não faz nem um ano!
   E além de tudo, ele é um garoto! Eu nunca me senti atraído por garotos - e muito menos por garotas!
   Sério, se eu pudesse voltar no tempo, eu nunca teria falado aquilo. Se o Bakugou falasse aquilo, ia ser diferente, já que eles se conhecem desde crianças, mas logo eu...?
   Será que... eu gosto mais do Midoriya mais do que como um simples amigo?

Midoriya POV

   Depois de "deixar" Todoroki na sala de artes, fui correndo até a sala do clube de mangás, para entregar alguns papéis que pediram.
   Fiquei lá por mais um tempo, ajudando no que era possível, e mais tarde voltei para a sala de moda. Como era de se esperar, o Todoroki-senpai não estava mais lá.
   "Ele provavelmente está no clube de teatro, ajudando a Mina-senpai..." pensei. Eu ia até lá ajudar também, mas lembrei que tinha prometido ao Shinsou de ajudá-lo a estudar geografia, então corri para a biblioteca.
   Por sorte, eu só tinha atrasado alguns minutos.
   - Ah, boa tarde Midoriya!
   - Oi Shinsou, desculpa o atraso, eu tava-
   - Ajudando o clube de artes, estou certo?
   - Como sabia?
   - Tem uma mancha de tinta no seu uniforme.
   - Ah, que droga! Minha mãe vai me matar...de qualquer jeito, vamos começar a estudar?
   - Tudo bem.
   Ficamos até de tardezinha estudando, e saímos só quando iam fechar a biblioteca. Eu estava esperando Shinsou guardar suas coisas no armário, quando vi um garoto andando no corredor, com a mão na bochecha. Espera, Kacchan?
   Ele não me viu, apenas desceu as escadas.
   - Algum problema? - perguntou Shinsou.
   - Não, não é nada. Vamos?
   - Sim.
   Nós saímos da escola e fomos caminhando até o prédio, onde cada um entrou em seu próprio apartamento. Depois de tomar um banho, eu peguei meu celular, exausto.
   Eu nunca pensei que ajudar a preparar o festival cultural ia ser tão cansativo... eu deveria ter entrado em menos clubes...
   Como estava sem nada para fazer - já que tinha ficado estudando a tarde inteira - assisti alguns episódios de anime, e depois fui preparar meu jantar.
   Minha mãe tinha me avisado que chegaria tarde por conta do trabalho, então ela não poderia preparar meu jantar como costuma fazer.
   Por sorte, antes de vir para casa, eu passei em uma loja de conveniências junto de Shinsou e comprei um lámen estantâneo - não é a melhor coisa do mundo, mas eu não sei cozinhar nada além de ovo frito.
   Levei meu lámen para a sala e liguei a TV, deitando no sofá e passando pelos canais por meio do controle remoto. Acabei parando em um canal que passava um desenho - sou infantil? Sim, e muito.
   Assim que terminei de comer, peguei meu celular e mandei uma mensagem para o Todoroki-senpai, já que queria conversar com alguém.
   Ele me respondeu quase imediatamente, e ficamos conversando por uns quarenta minutos.
   Mais tarde, eu acabei me largando na cama e dormindo. Uma pergunta está rondando por minha cabeça, desde quando saí da escola: tenho certeza que a bochecha de Bakugou estava machucada. Agora, quem a machucou, e por quê? Não sei se tem alguém que gostaria de comprar briga com ele...

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Lámen: é uma comida japonesa, composta por um tipo de macarrão chinês, uma sopa com caldo à base de ossos de porco, peixe ou frango, e temperados com uma base tarê (molho).

Meu Veterano - TododekuOnde histórias criam vida. Descubra agora