Prólogo

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O primeiro capítulo será postado este fim de semana e, quanto às atts, sempre uma vez por semana, aos sábados ou domingos!

Boa leitura❤️

☕️

Harry estava exausto.

A exaustão já fazia parte de seu estado de espírito e tinha certeza que jamais estaria cem por cento descansado. Não só ele, como grande parte - para não dizer todos - dos operários das fábricas têxteis inglesas. Ele não mentiria, a Revolução Industrial, que tinha atingido seu auge, estava sendo ótima para o desenvolvimento da Inglaterra, que havia se tornado a maior potência do mundo com sua expansão econômica, mas não passaria a mão na cabeça do governo porque sabia muito bem às custas de quem se dava aquele crescimento todo.

A ele. Ou melhor, a todos os operários de diversas fábricas espalhadas pelo país que eram explorados por um capitalista no topo da sociedade que lucrava horrores enquanto os trabalhadores viviam em condições insalubres, doentias e desumanas. Isso sem contar o salário baixíssimo que recebiam em troca de uma jornada de trabalho de dezesseis, dezoito horas.

Apesar da exploração, Harry se sentia grato por trabalhar em uma fábrica, pois sua vida seria bem diferente se não estivesse ali. Como ômega, não tinha muitas oportunidades de emprego, poucas indústrias os contratavam porque julgavam ser uma mão-de-obra mais fraca que os alfas e, se dessem a sorte de serem aceitos, recebiam cargos baixos com tarefas repetitivas e ainda estavam sujeitos a serem abusados pelos patrões.

Além daquilo, suas opções seriam o serviço doméstico na casa de um burguês ou nobre, ou teria que recorrer às noites de Londres e se tornar um prostituto que vendia seu corpo por quantias baixíssimas para um aristocrata que o usaria e o maltrararia entre quatro paredes. Dizer que Harry nunca pensou naquilo seria mentira, já cogitou a ideia de se prostituir para não ver seu filho, o pequeno Johnny, passar fome. Era só ele e sua criança, apenas os dois naquela Londres vitoriana, sozinhos.

Ele não saberia dizer se estava em um bom período de sua vida adulta, já que nunca teve um parâmetro de felicidade anteriormente. Quando criança, ainda no interior da Inglaterra, estudava por meio período e quando voltava para casa, ia direto para o campo ajudar seu pai a plantar milho. Anos mais tarde, conheceu Charles Taylor, um alfa que de início era bondoso e o tratava como seu mundo. Harry, na época com dezessete e consideravelmente ingênuo, caiu nas garras do homem e ambos se casaram.

Com o crescente êxodo rural, o casal decidiu sair do interior e ir para a capital britânica, a tão sonhada Londres, que oferecia oportunidades e emprego para todos. Charles passou a trabalhar em uma fábrica de peças para barcos a vapor e os dois conseguiram um quarto em um dos cortiços de Whitechapel, um dos bairros pobres da cidade, repleto de prostitutas, traficantes e cortiços de operários.

Um ano depois de se casar, Harry deu à luz ao seu filho e teriam tido uma vida pobre, porém relativamente feliz ali, mas seu esposo mudou drasticamente. Beber Charles sempre bebeu, mas desde que havia se mudado para Londres que seu consumo de álcool tinha aumentado muito e chegou um momento que o ômega não via mais seu marido sóbrio. Tudo isso somado às noites em que Charles passava fora de casa se divertindo em prostíbulos e usando ópio quando tinha um marido e um filho o esperando no cortiço.

Harry perdoou aquilo, afinal não poderia se separar do esposo naquela sociedade moralista. Perdoou as noites que ele passava fora de casa, perdoou seus excessos com álcool e seu vício em ópio, perdoou as vezes em que Charles o deixou com fome para gastar com bebida, mas nunca pôde perdoar as agressões.

Não eram frequentes, mas Harry não conseguia engolir aquilo. Quando Charles estava em casa, o que tinha se tornado raro, buscava agradá-lo de todas as maneiras para não discutirem, porque seu esposo era muito agressivo quando bêbado. E ele sempre estava bêbado ou drogado, então o ômega ficava pisando em ovos quando seu marido estava com ele.

Barão do Café | Larry StylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora