I.II. Momento Exato

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O único barulho que eu escutava durante a minha longa jornada eram os pequenos galhos quebrando logo abaixo dos meus pés. Eu já conseguia avistar os portões de Konoha, e mesmo tentando manter a expressão fria em meu rosto, estava ansioso para atravessá-los. 

Ver aqueles rostos que sempre tentaram me trazer de volta, Naruto com sua fé inabalável, Kakashi-sensei com seu falso desinteresse no olhar e.. A flor de cerejeira que anda atormentando meus pensamentos, o motivo da minha volta. 

Mesmo em missões, tentando proteger a vila do meu jeito, eu precisava saber dela. Mas eu não podia fazer isso no meio de um relatório que eu enviaria ao Hokage, eu precisava vê-la. Saber que ela vivia bem. 

Isso me faz pensar que talvez nossos papéis tenham se invertido, porque agora, sou eu quem não consegue tirá-la da cabeça. E depois que ela parou de me escrever, eu tenha pensando nela mais um pouco.

Com os meus passos me deixando cada vez mais próximo de Konoha, vi o Naruto acenando para mim e com um grande sorriso no rosto. Eu poderia até mesmo dizer que somos como pólos diferentes, onde ele está sempre sorrindo e se alterando, eu preferia manter a calma e uma expressão neutra.

—‌ Sasuke! —‌ Sua voz vibrante soou alto. —‌ Kakashi-sensei disse que você chegaria cedo, mas não achei que fosse assim tão cedo, dattebayo

Estrangulá-lo estava fora de questão naquele momento, mas se ele continuasse gritando as pessoas pensariam que tem algo de errado. Kakashi apenas riu de sua recepção exagerada e lhe pediu que falasse mais baixo. Ela sabia que eu não gostava de atenção, então lhe agradeci com o olhar quando eu já estava  perto o suficiente para fazê-lo. 

—‌ É bom vê-lo de novo, Sasuke. 

Por baixo da máscara era possível ver um mínimo sorriso, com o tempo e com tudo que já passamos, Kakashi tinha se tornado muito mais do que só um sensei. Mas ele nunca saberá disso, não por mim.  

Apenas acenei com a cabeça num cumprimento distante. Kakashi logo se foi, as obrigações como Hokage deveriam estar deixando sua cabeça mais ocupada, o que deveria ser um grande empecilho para ele ajudar as velhinhas a atravessarem a rua, de qualquer forma teria que ir até ele e repassar tudo que eu tinha descoberto. 

—‌ O que antecipou sua viagem? —‌ Era raro ter algum momento de silêncio com o Naruto. 

—‌ Talvez eu tenha que ficar menos tempo do que planejado. —‌ Explico sem humor, já imagino que um grande questionamento vem logo depois da sua expressão aborrecida.

—‌ Você mal chegou, teme.. —‌ Ele joga suas mãos para trás da cabeça, com sua velha postura desligada.

—‌ Você protege a vila daqui de dentro, Naruto, essa é a sua missão. A minha continua lá fora, zelando por esse lugar. 

Eu sabia qual era a visão que Naruto tinha sobre a minha decisão. Eu precisava me redimir com todo o mundo shinobi, mas seria da minha maneira. Eu fui cegado pelo ódio, me deixei ser consumido por ele e tentei destruir essa terra. 

Não existe nenhuma maneira melhor de reparar meu erros do que proteger Konoha, mesmo que fosse das sombras. 

—‌ Você nem vai perguntar por ela? —‌ Naruto me olhou de soslaio. 

Eu sabia exatamente de quem ele estava falando, aquela era sua maneira nada sutil de me forçar a falar da Sakura. Eu soube do compromisso que ele tinha firmado com a Hyuuga, mas isso não significava que ele iria se tornar um cupido, estava fora de questão falar sobre os meus sentimentos pela Sakura. 

—‌ Quem? —‌ Fingi desinteresse.

—‌ Sakura-chan, é óbvio. —‌ A cada passo que dávamos eu recebia olhares estranhos, alguns com medo, outros admirados.

O Retorno do UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora