III. VIII. Crenças

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Família. Eu não sabia que poderia sentir a mesma sensação de antes, o mesmo sentimento de proteção e amor. Eu me sentia como um leão cuidando das minhas pequenas, acariciava o cabelo de Sakura enquanto ela dormia um sono profundo.

Ela se remexeu do meu lado, então eu me mantive o mais quieto possível para que ela não acordasse. Isso até ouvi-la gemendo baixinho, minha mão seguindo para sua barriga, enquanto eu beijava sua nuca.

— Está sentindo alguma coisa? — Perguntei, então ela se virou para mim, com um tantinho de dificuldade para me abraçar.

Sua barriguinha ainda mais elevada com o passar das semanas dificultava nossa aproximação, ela não gostava muito daquilo, já que gostava de dormir todas as noites com seus bracinhos em torno do meu corpo.

Naquele meio tempo descobri que apesar de não demonstrar muito, Sakura tinha uma queda por abraços, notei quando com o passar das noites, ela sempre me procurava durante o seu sono e voltava a dormir profundamente assim que me sentia ao seu lado.

— Nosso garotinho não sossega um só instante, céus, parece que vai rasgar minhas carnes. — Ela choramingou baixinho.

— Porque um garotinho? — Perguntei curioso, acariciando sua barriga e logo sentindo um pequeno chute, aquilo deveria incomodar muito.

Eu sentiria todos esses incômodos por ela se pudesse, vê-la tão estressada por conta dos enjoos constantes e uma criança inquieta não me agradavam.

— Porque se fosse uma garotinha, entenderia o lado da mãe e me deixaria descansar sem me acordar durante o meio da noite com esse show de piruetas na minha barriga. Ele está me dando trabalho, como você. — Sakura também estava ficando mais irritadiça com o passar dos dias.

Em algum momento, eu fiquei com medo até mesmo de olhá-la durante suas refeições, ela dizia que se sentia desconfortável por estar comendo mais do que já estava acostumada. Depois que ela me olhou de forma tão ameaçadora enquanto comia um pedaço de carne. Estava realmente assustadora.

— O que foi que eu fiz? — Eu sabia que não era a decisão mais sábia fazer duas perguntas seguidas a ela, mas eu não tinha como adivinhar o que se passava na cabeça dela.

Eu precisava perguntar...

Ela suspirou, se virando de costas para mim novamente, levando minha mão até a sua barriga. Parecia estar emburrada, eu não sabia mais ler os sentimentos dela.

Você existe! — Ela finalmente me respondeu, mal humorada de uma forma que eu nunca tinha visto antes. — Agora trate de conversar com nossa criança antes que eu me irrite com você.

Mas ela já não estava irritada? Engoli em seco, falando coisas aleatórias, apenas para que o som da minha voz soasse pelo quarto, reverberando pelas paredes. Ela foi aos poucos voltando a respirar lentamente, dormindo profundamente.

Ela só acordaria pela manhã, isso me dava algumas horas para conversar com Karin sobre a situação dela, tendo a visão de uma mulher sobre tudo era mais fácil de se compreender tudo. Mas eu não podia contar com a visão de Sakura, sinto que se eu perguntasse qualquer coisa além do necessário, eu seria esganado ou coisa pior, aquelas mãos tem uma força absurda.

Com cuidado, saí da cama. Segui para um dos inúmeros laboratórios que já tínhamos descoberto pelos esconderijos de Orochimaru, todos sendo preparados para qualquer um dos problemas que Sakura viesse a ter.

Entrei em silêncio na sala, observando Karin fazendo suas anotações e olhando amostras de sangue em um microscópio. Ela realizava exames em Sakura regularmente, perguntei mais a respeito da situação dela, buscando novas informações e algo que pudesse ajudar. Mas ela não tinha um jeito mais simples de explicar, é uma grávidez de risco, não é como se tivéssemos muitas opções para mudar todo aquele contexto.

O Retorno do UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora