II.III. Persistência

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"Eu não tenho razão para amá-la ou ser amado por ela."

Eu lembro dessas exatas palavras, tão claras e vivas em minha memória. O tão temível vingador, Sasuke Uchiha, as tinha proferido. Talvez em algum momento elas tivessem sido verdade ou ainda estivessem para se tornar verdade.

Meus passos se tornavam cada vez mais apressados, Ino conseguira trazer as benditas plantas medicinais e eu não precisaria me preocupar com isso.

Eu já tinha pegado metade delas, então não teria problema ela trazer a outra metade.

— Sakura! — Sua voz entrecortada chegou aos meus ouvidos, mas eu continuei caminhando e o ignorando totalmente. — Espera..

Seus passos pareciam cada vez mais perto, me deixando completamente ansiosa.

— Eu posso explicar.. — Ele diz assim que segura meu braço, mas eu estava irritada o suficiente para não querer o seu toque.

— Não encoste em mim.. — Digo simplesmente, fazendo ele recuar.

Poderia parecer bobo a qualquer um que visse, mas para mim aquilo significava muito. Cumplicidade, reciprocidade e lealdade. Sasuke não foi completamente sincero comigo, e talvez nem o teria sido se eu não tivesse os visto.

— Não posso fazer isso se não vai ser completamente sincero comigo, as coisas não vão funcionar desse jeito. — Me virei para encará-lo.

Encontrei um Sasuke totalmente assustado, com a mão estendida na minha direção, mas logo se recolhendo. Eu poderia jurar que estava vendo o mesmo menino de sete anos que se fechou para o mundo, mas ainda assim, assustado.

Eu não queria magoá-lo ou ao mesmo ferí-lo, mas meu coração se sentiu traído. Nós ainda não tivemos tempo o suficiente para nos conhecermos como um casal, e eu sempre soube que em algum momento isso nos afetaria.

— Me deixa te explicar, eu prometo que não vou te incomodar se ainda assim não quiser me ver. — Seu tom sério parecia muito mais frio que o normal, como se tentasse ser inalcançável outra vez.

— É cansativo. — Digo ao sentir a frieza se aproximando de mim, lentamente, como as sombras do passado. A tensão chegou a ele, seu olhar não estava mais vazio, agora estava cheio de preocupação.

— Amar você é muito difícil, Sasuke. Quando você não me correspondia era até mais fácil, eu já sabia o que esperar e como deveria reagir, mas agora.. Eu não tenho ideia do que vai fazer, quando penso que estamos tendo a mesma cumplicidade..

Ele apertou o lado esquerdo do abdômen, apesar de sua expressão não deixar transparecer nada. Isso bastou para me silenciar. Então minha mente teve um estalo, assim como o corpo dele deve ter tido.

Acho que seu soquinho de brincadeira pode ter quebrado uma costela do Sasuke.., Obrigada por constatar o óbvio, Inner.

— Posso ver? — Dei um passo na sua direção. — Não me custa nada, Sasuke-kun.

Sentado ao pé de uma árvore, ele levantou a camisa e eu pude ver a mancha roxa que deixei em seu abdômen. Eu suspirei com pensar.

Baka, você realmente quebrou a costela dele!, não é o momento, Inner..

— Eu realmente sinto muito, Sasuke-kun.. — Disse assim que meus dedos deslizaram por sua pele clara e sua expressão tentou disfarçar a dor.

— Não, tudo bem. Eu sabia que em algum momento eu te irritaria ao ponto de você me bater. — Ele ainda estava tentando fazer piada, como se eu realmente não o tivesse machucado. — Não se sinta mal por algo tão bobo, isso não chega aos pés do que eu já fiz com você.

O Retorno do UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora