III. VI. Rachaduras

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Meu coração parecia que ia sair pela boca naquele momento, o fluxo de chakra da minha rosada estava completamente irregular. E um outro, que não parecia ser dela, concentrado em seu ventre.

— Ela está grávida. — Karin disse em voz alta, então meus olhos finalmente alcançaram os dela, aquele verde iluminado de tal forma.

Seus olhos estavam marejados, lutando para não chorar. Ela me puxou para um abraço, antes de selar nossos lábios e sorrir de um jeito que eu jamais havia visto.

"Você teria ficado feliz com isso, não é, Nii-san?"

Até mesmo a ruiva sorriu levemente, mas aquele "v" que se formou entre suas sobrancelhas me dizia que a preocupação ainda não a tinha deixado.

— Você viu, não é? — Ela fez uma pausa, antes de olhar para mim de uma forma séria. — Eu pude sentir, não tenho olhos especiais como os seus, mas você viu a diferença de chakra entre ela e o bebê.

Sakura parecia triste, decepcionada até, foi então que finalmente ela deixou uma lágrima vir a tona.

— Como eu podia não saber disso? — Ela perguntou, mais para si mesma do que para nós dois que estávamos ao seu lado.

— Você não tinha como saber. — Karin respondeu, ela já devia ter pegado algo ali que eu ainda não havia entendido. — Você não tem sintomas de uma grávidez, isso parece mais uma virose, você está sem cor, passando mal a cada minuto. Parece mais uma doente do que uma grávida.

O jeito que ela falava estava me incomodando, mas Sakura parecia bem com isso, como se só precisasse saber tudo que estava acontecendo.

— Eu não sei como dizer isso de uma forma delicada. — Ela segurou a mão da Sakura, como se fosse um consolo dado antes da hora. — O clã Uchiha tem um fluxo de chakra muito intenso, mesmo com a sua habilidade incrível de controlar e até mesmo suprimir chakra, você não pertence a um clã com dom natural, com ancestrais poderosos. A diferença é gritante, até mesmo em seu bebê. Não me entenda mal, por favor. Você pode tentar controlar a irregularidade do seu chakra, mas você não pode controlar a de outro corpo, e esse outro corpo está em seu ventre.

— O que você quer dizer? — Sakura perguntou, a voz chorosa e a mão quase esmagando a minha de tanta força que ela usava.

— Quero dizer que o bebê que você carrega agora, tem um fluxo de chakra muito diferente do seu.

Aquela notícia me atingiu em cheio, Sakura parecia atordoada, Karin esperava pacientemente que ela processasse tudo antes de continuar a falar.

— Eu só vi um caso como esse, tenho que dizer que estou bem surpresa de me deparar com algo assim de novo, seu bebe ainda é bem pequeno, mas já tem um fluxo de chakra excessivo. É como se fosse uma estação de rádio, que precisa de sinal e coisa desse tipo. Seu corpo funciona com AM e o do seu bebe como FM, por isso você parece tão adoentada. Isso também explica o porquê de só conseguir ficar melhor na presença do Sasuke. Você não tem mais toda a facilidade que tinha em Konoha, todas as vitaminas e remédios. Isso também pode ter contribuído para o seu corpo ficar um tanto mais frágil.

Tanto eu quanto Sakura tínhamos expressões confusas no rosto, não estávamos entendendo onde Karin queria chegar.

— É como se o corpo do Sasuke funcionasse como FM também, por conta do chakra que emana dele. É como se o bebê sentisse quando vocês estão perto um do outro, como se exigisse que vocês fiquem perto um do outro.

Eu digeri tudo que estava ouvindo aos poucos, meu coração ficando acelerado pela notícia e ao mesmo tempo por todas as complicações que ela trazia. Sakura parecia aturdida, como se fosse um choque muito grande de uma vez só.

O Retorno do UchihaOnde histórias criam vida. Descubra agora