Convergência [HIATUS]

Capítulo O3

Evangeline - Reino Alpha

       As mãos delicadas, e incrivelmente brancas, estavam postas na altura do queixo, sustentando o rosto perfeitamente ornamentado e polido da herdeira dos Weldenvarden. Os olhos verdes da jovem senhora mantiveram-se no horizonte, fixos em uma das janelas da enorme carruagem. O pôr do sol fazia o transporte dourado brilhar como uma grande pepita de ouro, semelhante a um segundo sol em movimento. Os últimos raios de luz alaranjada invadiram o interior da carruagem e fizeram as íris esverdeadas tomarem um tom amanteigado.

       ─── Estou ansiosa para enfim conhecê-lo. Khara escutou minhas preces e poderei ver meu amado.. Evangeline, estás tão animada quanto eu? ─── Pronunciará, em um tom de voz sonhador, eufórico e extrovertido, a terceira filha dos Weldenvarden, Mirana. A garota tinha os mesmos olhos verdes de sua irmã mais nova, herdados da mãe que as acompanhava na carruagem. Os cabelos loiros incrivelmente lisos como os do pai caíam-lhe sobre os ombros, presos em uma trança e sustentados por uma lustrosa tiara repleta de safiras e diamantes. ─── Mamãe, papai, trarei honra a nossa casa, ao nosso reino e principalmente ao nosso nome. Orgulhem-se de mim.

       ─── Perdoe-me, Mirana, mas eu não me sinto animada em viajar por 21 dias e 20 noites, em uma carruagem, com toda a nossa família, para celebrar o seu casamento com um recém-proclamado Lorde; no outro lado das Montanhas de Aldor. E o melhor, iremos retornar amanhã.. ─── Evangeline levou seus incisivos olhos verdes ao encontro de sua irmã mais velha, que se encontrava no outro lado da carruagem, sentada em almofadas com uma postura ereta e elegante, e fez um leve gesto com os dedos para indicar silêncio. Porém, anuiu e voltou a olhar a janela. Os cabelos loiros ondulados formavam ondas leves enquanto caiam pelas costas e tombavam nas coxas. Longas madeixas douradas que pareciam fios de ouro puro de tão bonitos e brilhantes. ─── Mirana possui apenas 16 anos e querem que parta.. assim como fizeram com Ivana.

       Mãos enrugadas e cobertas por seda grossa e cinzenta foram postas sobre as pernas finas da garota. Os olhos se ergueram, focando no rosto cansado de sua Septã, Isobel, que sorria com a intenção de acalmá-la.

       ─── Minha doce Mirana, perdoe as atitudes austeras de sua irmã. A viagem tem deixado todos nós cansados. Até mesmo o pequeno Ylluim se encontra estressado. ─── Dissera a mulher, olhando fixamente para a mais velha e se referindo ao bebe em seu colo que puxava sua túnica branca enquanto dormia.

       Isobel era uma mulher madura, de aproximadamente 60 anos, que vivia a serviço dos Senhores dos Céu, o principal clero religioso do reino de Alpha e principal grupo de devotos do deus Khara. Havia se juramentado ao celibato e a castidade eterna. Ela acompanhava as mulheres Weldenvarden há anos, ensinando-as como se vestir, se portar, falar, costurar, cantar, bordar, histórias de amor e fazia o máximo para se tornarem mulheres perfeitas para seus pretendentes. E ela havia conseguido.

       A Estrada dos Primordiais era uma única linha reta de terra, porém larga, que estava localizada em algum lugar em uma planície tomada por diversas camélias vermelhas como sangue, magnólias brancas, prímulas lilases, forsythias amarelas, glicínias arroxeadas de trepadeiras e azaleias arbustivas cor-de-rosa; flores que se abrem na primavera. Pela planície também se encontrava lagoas de águas tão cristalinas que se era possível ver os pequenos peixes nadando sob a superfície e quando a luz do sol refletia, um espetáculo de sombras brilhantes das leves ondas ser formava no fundo das lagoas.

       Ao redor da estrada em si possuía uma cadeia de árvores de troncos brancos; Ipês Brancos e Árvores de Vidoeiro se mantinham em prontidão nas extremidades da estrada de terra, tendo seus finos, e largos, galhos se enroscando e formando uma abóbada acima da estrada, um grande "guarda-sol" que mesclava entre folhas brancas como a neve e folhas verdes feito limão.