Capítulo 16

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Evangeline - Reino Alpha

     ─── Entraremos agora no território das criaturas mágicas. Estamos na fronteira das Montanhas de Aldor com a Passagem da Serpente e o Desfiladeiro. Se passarmos sem desrespeitá-los, chegaremos à vertente da Estrada dos Primordiais em quatro sóis e três luas. E assim prosseguiremos para os portões de Cidade Nova. Dalgon, Heleonora e crianças, permaneçam em sua carruagem real. ─── Falara uma mulher com a voz ruidosa, ou talvez fosse um homem, era difícil para Evangeline distinguir o gênero. O ser vestia-se com um sobretudo preto, porém sem mangas, com adornos de ouro e prata sendo espalhados por seus braços e pernas. Nos tendões calcâneos e pulsos pendiam grossas pulseiras de metal negro com correntes destruídas balançando a cada movimento. Um colar de granito decorado com pedras de obsidiana cobria desde a altura da clavícula até o início do pescoço. Seu rosto estava coberto com uma máscara dourada, na qual possuía somente a abertura para os olhos - olhos com globos escuros e íris intensamente azuladas. Nas partes nuas que o sobretudo não cobria se era possível ver a existência de tatuagens em forma de listras, estas que se estendiam até a cabeça sem cabelos e alteravam de textura a cada palavra, assumindo as características de lava. ─── Nós iremos seguir na linha de frente e cercar a escolta até a carruagem da família Ciusne. Aqueles que saírem do círculo de proteção não serão adicionados novamente.

     ─── Dirija-se a Vossa Graça e a família real com mais temor, criatura. Caso contrário serei obrigado a arrancar-lhe a cabeça do pescoço. ─── Praguejara fervorosamente Sor Celestine, O Impetuoso, filho do falecido Lorde Salazar Volkov. Antiga família que governava as Montanhas do Verão. Possuía cabelos ruivos que desciam até a altura dos ombros, com pontas longas que caiam sobre o dorso. Um olho castanho, tão escuro quanto o pomo de sua espada, decorava sua face marcada por uma cicatriz diagonal que ia desde o couro cabeludo até o queixo, fazendo com que a orbe de seu olho esquerdo ficasse completamente vazia, sendo coberta por um tapa olho. Era um homem alto com braços fortes, conhecido por suas habilidades de esgrima, e um dos Sete Cavaleiros - homens que juraram suas espadas a família real e entraram na Guarda do Rei -. Suas mãos calejadas foram postas sobre a bainha que guardava a espada mágica de sua família, Redentora.

     ─── Eles NÃO são nossa família real. Ele não é nosso rei. NÓS não possuímos líderes além de Khara. Acalma-te esta mente exasperada, homem. Nos chamaste de "criatura", sendo que somente um de nós carrega uma espada que há muito já fora manchada de sangue...

     ─── Manchada em nome de meu rei! fizera com que muitos inimigos de Alpha tombassem contra o chão gélido e fossem apagados pela neve carmesim. Graças a essa espada que podes continuar fazendo suas feitiçarias, criatura. ─── Interrompeu-lhe o cavaleiro, descendo do cavalo e empunhando Redentora. A espada mágica de lâmina prateada irradiou uma luz acinzentada, está que iluminou a armadura dourada, dando ênfase as pedras preciosas que se acoplavam nas ombreiras.

     ─── Graças as nossas habilidades que permaneceste vivo, homem. Se foste tão bom como disseras, deveria ter zarpado para o Sul de Cidade Nova e ajudado tua casa quando os Bellario invadiram com seus estandartes de urso com o fundo amarelado. Talvez agora seu pai, mãe e irmãos estivessem vivos. ─── A criatura o encarou e seus olhos azuis brilharam como o céu ensolarado das Montanhas do Verão. As listras espalhadas por seu corpo se iluminaram, expelindo fumaça e calor como se de fato fossem lava. Em um átimo, Sor Celestine largou a espada e uma rachadura fora formada no local da queda. O tilintar do ouro da armadura contra o solo terroso e cinzento da fronteira fizera o rei suspirar. A marca na mão de Evangeline passou a arder, e Ylluim, a chorar. O cavaleiro se encontrava paralisado, com um olhar de desespero.

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