Capítulo 13

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Evangeline - Reino Alpha

A escuridão ruidosa tomou forma através de uma linha iluminada que se estendia com a aproximação dos sons à crepitar ao seu redor. Evangeline percebeu estar despertando de um sono tão profundo que o próprio corpo permanecia imóvel, com apenas a sua mente em alerta. Os olhos ardentes se abriram de uma única vez, sendo acompanhados por um formigar que se espalhou pelo corpo todo. Seus pelos se eriçaram ao ponto de criarem pequenas bolhas grossas na pele levemente bronzeada, sentia-se tão cansada e desnorteada que mal conseguia proferir uma única palavra que fosse.

       Seus pés pálidos deslizaram pela cama gélida coberta por lençóis de camurça e grossas peles de ursos pardos, levando as pernas trêmulas até o torturante frio do chão de rochas tão lisas e negras que mais parecia um céu noturno e estrelado. Seus dentes rangeram, o abrir dos lábios para emitir um gemido de desconforto fez uma névoa esbranquiçada ser expelida das profundezas de sua própria garganta. Aprumou-se após ficar completamente de pé e vagou pelo quarto, estava de fato em um castelo, pensara que tivera dormido tanto que a escolta de seu pai já houvera chegado em Cidade Nova, a capital do reino de Alpha; e novamente ela havia sido carregado para seus aposentos.

       Direcionou-se até a varanda descoberta do quarto e encarou o reinar da noite fria, a lua emergia dentre os cumes das Montanhas de Aldor e iluminava o reino bem abaixo de si com uma luz branca-acinzentada. 241, pensou ela observando o horizonte. A torre de seus aposentos era iluminada com archotes de prata que ardiam em brasas nas paredes, a lareira irradiava calor, mas em teu corpo não funcionara diante daquela intensa ventania carregada de nevasca que balançavam o fino vestido de seda. Almejara sentir o toque do sol mais uma vez, e o vislumbre da grande estrela lhe fez recobrar de um afago; este que aquecera o coração confuso da princesa.

       Os imbróglios de sua mente foram dispersados após assustar-se com o abrir violento da porta de madeira de seu quarto. Escutou um cantarolar assoviado que lhe enchera de alegria mais rapidamente do que caminhar sob o sol. A luz produzida pela chama esverdeada de uma vela negra invadiu seus aposentos reais. Evangeline não reconhecia aquele ser, mas por algum motivo sentia que poderia confiar-lhe a vida, o corpo e o próprio coração. Nunca havia sentido algo tão forte e muito menos se sentira tão bem na presença de outro alguém. Ela o amava, mesmo sem conhecê-lo de fato.

         ─── Como entraste no reino, no castelo, ou melhor, como chegaste aqui sem seres visto? ─── Perguntou ela, encantada demais para perceber quaisquer divergência. Seria este o homem mais belo que conhecerei...ou conheci? Ela se aproximou o bastante para sentir o cheiro salgado do Mar de Khalieer invadir suas narinas. Tocou-lhe o rosto marcado, e o beijou sem cerimônias. ─── Contei as luas e os sóis, em um frenesi diurnal, até que os deuses permitissem o nosso reencontro.

         ─── Disse a ti no último encontro, nem mesmo as misteriosas criaturas das Montanhas de Aldor serão capazes de me manter longe de você. As muralhas de Cidade Nova não são nada. ─── A voz melodiosa e grossa invadiu seus ouvidos com mais intensidade que o perfume marítimo natural de seu corpo, acalmando o interior da Weldenvarden com mais precisão que Néctar de Liys. Evangeline não conseguira ver teu rosto de fato, possuía uma sombra cobrindo tua face, mas de alguma forma ela conseguia idealizar o rosto que lhe espertara o amor. O homem tinha cabelos castanhos com pigmentos leves de loiro nas pontas, sua pele era bronzeada pelo sol e os lábios finos. Tinha um maxilar marcado e possuía o mesmo tamanho estatural que a garota. Trajava vestes costumeiros dos navegantes, piratas, que atracavam no Porto da Geada a todo momento. Correspondeu-lhe o beijo. ─── Fico feliz que tenha te deixado feliz. Se vossa alteza não se importar, poderia me dizer quantas luas e sóis contou até me rever?

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