Felicidade

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Luz IV

Confusão.

Primeiro ele confundiu o meu coração; segundo o meu corpo; terceiro minha mente e agora a minha vida, ele só sabe me prender e viciar na essência de seu corpo e no som de sua voz.

§

Madara se mostrou um ótimo amigo — em certos momentos ele também é bem mais que um amigo —, ele até mesmo conseguiu um visto temporário e permitiu que eu continuasse a morar com ele, embora eu tenha deixado claro que será por pouco tempo, somente até que decida o que fazer da minha vida, principalmente agora que finalmente consegui a minha liberdade de volta. Posso fazer o que bem entender da minha vida, mesmo sabendo que existem certos limites para aquilo que consigo fazer no momento, principalmente por não ter muito dinheiro. Por causa da ausência de alguns documentos eu acabei por não conseguir nenhum emprego, todavia não estou dependendo de Madara, eu o ajudo no que posso seja nas tarefas domésticas ou como companhia durante os seus dias de folga, e em troca ele me dá casa e comida, além de conforto.

Durante as noites de folga do Uchiha eu durmo em sua cama, tenho medo de ficar sozinha ou de acordar é não ter ele mais ao meu lado, quando mesmo chega — muitas vezes de madrugada — eu ainda estou acordada a sua espera, a médica que está a cuidar de mim diz que é por causa do estresses que ando dormindo pouco e preocupação, pois a profissão de Madara faz com que eu me desespere fácil, principalmente quando ele não me liga no horário combinado.

Respiro fundo, já tem um mês desde que vim morar com ele, um mês que estou tentando me acostumar com a sensação de ter "paz", de deitar na cama e preocupar somente com possíveis problemas do cotidiano. Além dos problemas que toda mulher, infelizmente, é obrigada a passar todo mês. Desde que tudo finalmente terminou a minha menstruação acabou por não vir. Perguntei a médica que disse que às vezes as nossas emoções atrapalham o nosso período e que deveria dar um tempo para mim mesma, pois coisas assim não tardam a voltar ao normal.

Principalmente depois de um cadeia de eventos desagradáveis, traumáticos, em minha vida.

Deveria dar tempo ao tempo, embora fosse de meu desejo passá-lo ao lado de Madara.

§

Parada em frente ao prédio do departamento da Polícia Federal, passo a juntar coragem para levar o almoço de Madara; ele saiu apressado e acabou por não levar a comida e nem por comer. Alguns policiais me encaram com a sobrancelha arqueada, fico corada e com enorme vontade de voltar para casa, deitar e fingir que nem ao menos vi que o mesmo tinha esquecido o almoço. Fecho os olhos com força ao imaginar Madara com fome, ele cuidou tanto de mim que achei errado não ajudá-lo, pois tinha prometido para mim mesma que não seria um peso na vida dele. Que não o atrapalharia.

Abro os olhos e respiro fundo quando entro pelas enormes portas. Homens e mulheres usando farda transitam de um lado para o outro, alguns levando presos e outros com muita pressa. Vou até a recepcionista, ela faz um sinal para que eu a aguarde. A mulher aparentemente está a atender uma ocorrência, não quero parecer xereta e nem curiosa, embora me sinta cansada. Me sento em um dos bancos próximos ao balcão, batendo o pé e com a marmita no colo eu espero que a moça termine de falar ao telefone.

Pisco os meus olhos com lentidão, estou sonolenta, mesmo tendo dormido bem durante a noite.

Fico pensando no que irei fazer para jantar, o almoço não foi muito, já que fiz somente algo rápido para mim e algo ainda mais rápido para o moreno de cabelos longos. Creio que o mesmo irá trabalhar durante a noite, por isso não acho que ele vá jantar em casa, quando nós nos vermos irei perguntar se o mesmo quer que eu traga o jantar dele aqui ou se ele irá comer fora.

Luz NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora