Aflição

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Luz VI

Aflição.

Ele não atende as minhas ligações, o meu coração se encontra aflito. O ar entra e sai com dificuldades, a ausência de notícias e de qualquer sinal de vida dele me deixou assim, completamente perdida e em busca de respostas para os vários questionamentos.

§

O tatear do relógio e o passar dos segundos está me deixando apreensiva. Já se passou mais de uma hora do horário combinado, Madara nunca foi de atrasar e nem de negligenciar as minhas ligações, muito menos de demorar para me atender, normalmente depois do segundo toque o moreno me atende, todavia ele respondeu há nenhuma das minhas mensagens e nem mesmo me visualizou no aplicativo de mensagem, seu visto por último foi às vinte e duas horas da noite de ontem. Estou a ficar preocupada com a demora e o sumiço de Madara, já que ele não costuma me deixar esperando e nem ficar sem me dar notícia.

Ando de um lado para o outro, mordo minhas unhas devido a ansiedade. Não consigo fazer a sensação de inquietação que se instalou dentro de mim passar, estou preocupada com ele. Madara pode ser um homem crescido e totalmente independente, todavia jamais deixarei de me sentir aflita e nem preocupada com as demoras do moreno. Ele é a única pessoa que ainda se importa comigo, que ainda liga para mim e me dá atenção. Madara é a única família que me restou, ele é basicamente tudo o que eu tenho.

Todos os dias assim que chega em casa é ele quem me pergunta como foi o meu dia e nunca eu, tenho medo de perguntar sobre o seu trabalho, sei que a sua profissão é motivo de orgulho e de extrema felicidade para ele, pois sempre que ele fala dos homens que prendeu e as pessoas que salvou, de como tudo o que faz o deixa feliz, completamente realizado. Amo escutar as suas histórias e aventuras, algumas parecem tão fantasiosas que eu custo a acreditar que são reais.

Como por exemplo, a minha, uma pessoa normal jamais imaginaria que um dia seria vendida e traficada pra outro país. Vivemos em um mundo que o amor e o respeito mútuo não é algo muito praticado, já que as pessoas, seres humanos, da própria espécie vendem umas às outras somente por dinheiro e poder! Elas não ligam para as vidas que estão a destruir e nem para os sonhos que eles irão arruinar. Sempre escutei sobre esse tipo de coisa na TV, mas nunca pensei que um dia algo assim iria acontecer comigo, que isso iria mudar a mim de forma drástica!

Perdi o apetite, Madara sempre me faz comer um pouco antes de dormir, ele diz que tenho que tomar nem que seja um copo de leite ou chá para relaxar e dormir de forma tranquila e profunda.

Ele se preocupa tanto comigo, mas me impede de me preocupar com ele. Me sento no sofá, mas minhas mãos estão a tremer um pouco e o meu estômago a embrulhar, creio que terei que pedir para a médica me dar um remédio para virose, não sei se aguentarei muito tempo. Pois estou a odiar colocar tudo pra fora, temo falar para o moreno sobre o meu estado, ele anda muito ocupado com outros assuntos e com problemas na delegacia, não quero sobrecarregá-lo com a minha falha e com a minha frágil saúde.

Ligo a televisão e fico vagando de canal em canal em busca de algo que prendesse a minha atenção — é quem sabe com um pouco de sorte —, mas na expectativa de saber notícias do Uchiha. Pois ele é policial e a mídia ama saber sobre casos, de pessoas que foram presas por eles, então a melhor forma de obter notícias sobre ele será assim.

Paro no canal que está a mostrar uma rápida reportagem sobre uma enorme apreensão de drogas que foi realizada pela polícia federal. Bastou eu escutar "polícia federal" para que o meu coração disparasse, a única delegacia nesse grande cidade que usa uma farda preta e azul é a federal.

Aumento o volume da televisão, foco nas palavras e nas letras que estão a correr e passar abaixo da apresentadora. A única coisa que li foi: " Delegado da polícia é baleado durante apreensão de drogas." Isso foi o suficiente para o meu mundo parar e o meu coração se apertar.

Grossas lágrimas estão a escorrer pelo meu rosto, em choque eu tento raciocinar e prestar atenção nas palavras da repórter. Ele foi levado para o hospital, os três tiros que ele levou atingiram ambas as pernas, ele tentou proteger uma civil e acabou sendo baleado.

Vacilante eu me dirijo até o quarto, tento me recordar o lugar em que o meu amado Uchiha disse ter guardado uma pequena quantia em dinheiro e onde o número da delegacia estava, pois caso eu não conseguisse entrar em contato com o mesmo bastava eu ligar no telefone que tem em sua sala.

Disco o número com as minhas mãos trêmulas, não consigo parar de pensar no pior... sempre assim, quando as coisas começam a dar certo na minha vida algo acontece e as coisas começam a dar errado, acho que a hora das coisas derem errado começou.

O telefone toca um... duas... três vezes até que alguém finalmente atende. Tenho formular uma frase e em várias maneiras de perguntar onde Uchiha Madara se encontra.

— O delegado Uchiha se encontra? — questiono um pouco receosa.

— Quem gostaria de saber? Pois se você for da imprensa saiba que não estamos interessados em dar entrevista e nem em falar sobre o acontecido.

— Não, eu sou Hyuuga Hinata, amiga do delegado. — solto um soluço, não estou conseguindo ficar calma e nem em parar de chorar. Afasto o telefone do ouvido e tento focar na conversa que preciso ter com o homem que se encontra no outro lado da linha. — Queria saber em que hospital ele está, isso se for possível. — Tento parar de chorar.

Faço exercícios de respiração, focando-me em acalmar o meu agitado e negativo ser.

— Ah você é a mulher que o delegado salvou. — Digo que sim. — Desculpa a minha grosseria, mas é desde que aquela informação vazou os telefones daqui não param de tocar. — Ele se explica sem graça. — Moça quer que uma viatura vá buscá-la.

— Não precisa, posso ir de ônibus, só me passa o endereço, fazendo-o favor! — pronuncie já um pouco mais calma.

— Eu insisto, pois se você aparecer desacompanhada acabará sendo vítima dos jornalistas. — ele diz meigo.

— Não quero atrapalhar. — Choramingo, afinal tenho medo, mesmo sabendo que é seguro, ainda tenho medo. — Eu só quero ver e saber se ele está bem. — digo por fim.

— Ei! Não se preocupada vai ser necessário mais de uma bala e de um tiro de rifle para matar aquele homem. — Ele ri. — Daqui a vinte minutos irei passar aqui, até...

— Preciso levar alguma coisa? — será que ele precisa de roupas ou de algum documento.

— Acho melhor levar algumas peças de roupa, conheço o delegado ele não gosta das roupas hospitalares.

— Certo. Muito obrigado senhor pela ajuda. — Agradeço ao homem que solta uma risada anasalada.

— Pode me chamar de Kakashi.

— Obrigado senhor Kakashi. — Foi a última coisa que disse antes que o outro lado da linha ficasse mudo.

Notas finais
Obrigada por terem lido!

Luz NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora