Prólogo

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Aninhada em seus braços fortes, ela sorriu, fechando os olhos. Desejou de todo coração nunca esquecer sensações como aquelas que sentiu durante toda a noite. Protegida pelo seu belo príncipe, enquanto que deslizava as unhas pela carne macia que encobria o peito forte dele, pensou em como ela era sortuda por estar prometida a elfo mais honroso.

O príncipe tocou-lhe os cachos dourados, alisando-os, e riu suavemente.

— Está feliz? — perguntou.

Ela apenas assentiu. Seus olhos lhe revelaram a resposta.

O príncipe sorriu.

Ela ainda se lembrava de quando o conheceu formalmente.

A bela e pequena princesa Silmalótë fechou as mãos com força e sugou o ar com intensidade, inflando os pulmões; e tentando, em vão, acalmar o nervosismo. As luvas brancas estavam suando seus dedos e os sapatos de couro quase a incomodavam. Silmalótë olhou para fora da carruagem e puxou um pouco a cortina para deixar entrar o aroma doce da Floresta Verde, a Grande. O brilho prateado da lua cheia dançava como fadas acima dos tons terrosos da floresta. As folhas tinham um tom forte de verde, as árvores se prostavam na frente das trilhas de cascalhos como verdadeiras torres de vigia; lá de cima, olhos curiosos obsevavam a carruagem dourada atravessar a Trilha dos Elfos, trazendo consigo a futura rainha daquele lugar. Formas esguias de volumosos cabelos dourados dançando com o vento, que por sua vez estava morno e agradável. A grama baixa estava orvalhada e as flores, cintilavam como jóias a luz cinza-prata da lua.

Silmalótë se encolheu dentro da carruagem e engoliu em seco. Seu coração estava disparado, sua respiração acelerada.

Percebendo sua aflição, sua mãe, a Rainha Malina, pegou-lhe a mão e lhe mostrou um olhar tranquilo.

— Acalme-se, yëlde — disse ela com um sorriso — Não fique nervosa. Estamos quase chegando.

A pequena princesa olhou para a mãe com um semblante nervoso.

Ammë — Silmalótë sentiu a voz tremer —, e se ele não gostar de mim? E se o Rei não gostar de mim?

Malina lhe devolveu mais um sorriso calmo e acariciou seus longos cabelos louros, que estavam soltos e caiam em ondas suaves pelos ombros.

— Oh, minha pequena rainha, como alguém pode odiá-la? És tão doce como o mel, e tão boa como os Valar. — acalentou a rainha.

A pequena Silmalótë tinha apenas dez anos quando entrou naquela carruagem para conhecer seu noivo, e era ainda mais nova quando fora prometida a ele.

Respirando fundo, Silmalótë fechou os olhos e depois os abriu. Malina também a imitou e a fez sorrir.

— Prometa-me que vai ser a rainha que nasceu para ser? — A rainha questionou.

Silmalótë assentiu e sorriu, docemente. — Prometo, ammë! — respondeu, sabendo o peso de uma promessa.

Para algumas crianças, prometer algo poderia parecer fútil e irrelevante, mas não quando se é uma princesa.

Malina se ajeitou no banco em sua frente e ergueu o queixo.

— Lembre-se, uma rainha não é uma mulher...

— É uma nação! — respondeu Silmalótë com o peito cheio de orgulho.

Malina lhe deu mais um sorriso caloroso.

A pequena suspirou e olhou novamente para fora da janela. O caminho ainda longo a ser completado, cheio de curvas e bifurcações. Iluminado apenas pela luz empertigante das estrelas e do poderio solitário da lua, sempre em busca do sol. Os raios frios da noite adentravam a Floresta Verde e faziam seus galhos retorcidos e vistosos brilharem. Uma floresta de magia e encantos. Seu futuro lar.

Sob o peso da Coroa - Fanfic/ThranduilOnde histórias criam vida. Descubra agora