♛Capítulo III♛ Núhren

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Nota inicial: Vamos conhecer mais uma parte dessa história?

Boa leitura... ❤

O capitão do Niníel abaixou a luneta e suspirou. O Porto não estava longe, e ele conseguia ver as vertiginosas torres de carrara cintilando ao longe, os montes de algodão sulcados atrás dela balançavam à brisa do vento sulista. O tempo estava agradável naqueles meses, o sol sempre quente, as brisas constantes que sopravam do leste fazia o movimento do Porto continuar a todo vapor. Ao longe, as barcas salpicavam as docas, enquanto que veleiros clássicos de madeira de lei dançavam na programação cotidiana das ondas; que eram constantes com o vai-e-vem dos barcos maiores. Galeões majestosos deixavam o Porto todos os dias, levando minérios, aço e joias para o mundo do outro lado daquele mar. O mar que aquele capitão costumava enfrentar todos os meses. O mar continuava calmo – a maioria das vezes navegava à ventos favoráveis, correntes quentes e noites tranquilas; um refúgio em meio ao caos que poderia se tornar a vida de um elfo. Agitado, porém, era sempre o Porto. O cheiro de sândalo, cogumelo, malta e uvas sempre flutuava em meio ao odor ocre dos barcos, e o aroma salgado do mar. Além do Porto, via-se uma cordileira de monstruosas montanhas intransponíveis, cravejadas de um tom prateado e carmim, que cintilava a luz dourada do sol mais do que as joias da coroa do rei; Montanhas Alghord, eram comumente conhecidas pelos elfos que viviam ali. Tão altas, e de ladeiras tão íngremes, não foram vencidas por ninguém. Nem mesmo por elfos valentes de outrora, que pereceram ao subir e tombarem por lá mesmo. A ameaça das montanhas redeu lendas, e dizia-se que apenas um gigante poderia domá-las. Ninguém, no entanto, se oferecera para o cargo.

O capitão abaixou a luneta e olhou para as águas esmaltadas da Baía do Porto, cintilantes e ondeantes, pareciam dar as boas-vindas para o capitão. Ele, porém, não se sentia nem um pouco confiante com o dia que viria a ter. Abaixou o olhar, fechou a luneta e a guardou dentro do casaco de lã que usava. O chapéu já havia fugido de sua cabeça fazia tempo, mas ele nem ligava. O cheiro forte de sal o atingiu, e ele soube que poderia estar fazendo o certo.

— Estamos prontos para atracar, senhor.

Ele ouviu a voz de Amícia e se virou, sorrindo. Caminhou até o timão e pegou no leme.

— A seus postos! — gritou.

Amícia caminhou para o seu lado e esperou. O Mademoiselle, um pequeno navio de toa, já mascava sua rota ligeira de encontro com o Níniel. Quando o pequeno barco chegou perto, e as cordas foram lançadas, Níniel entrou na Baía do Porto em direção a doca.

Níniel era o navio da família real. Equipado com os melhores arqueiros do reino, um paiol de considerável tamanho, dois mosteiros, cinquenta canhões e vinte dos mais habilidosos espadachins do reino, Níniel cumpria missões oficiais frequentemente. Levava os príncipes do reino, trazia embaixadores dos reinos da Terra-média, transportava a rainha para seu palácio de verão, e, hora ou outra, servia de cartão de visitas em outros lugares. O Níniel era branco e azul, com velas cor de cobre infladas no sol do verão; dois mastros principais sustentavam um conjunto de três velas, e outros dois mastros menores sustentavam o restante das velas. E ele era seu capitão. Robusto, mas ágil, assim como seu navio.

Enquanto cruzava as águas peroladas da baía em direção ao cais, ele se lembrou da primeira vez que disse aos pais que queria navegar, capitanear um navio.

Eles se olharam e riram.

Ora, ora — dissera papai —, parece que a predileção por descobrir coisas novas vem do seu avô.

Com a autorização dos pais, entrou para a Escola Marítima ao dez anos e começou a estudar a arte de navegar. Completou os estudos e começou a treinar para entrar para o exército marítimo, enquanto que seu irmão preferia a cavalaria. Concluiu ambos com honra e louvor, ganhando a primeira medalha, e embarcando em sua primeira viagem para fora dos muros do reino. Conheceu o mar e os portos além deles. Entrou na Terra-média pelos Portos Cinzentos, onde conheceu o senhor Círdan por quem nutria forte respeito. Depois que voltou ao reino, foi promovido a mestre de segurança e embarcou no navio real. Na época, Celine, uma elfa loura e de beleza rude, era a capitã. Ela lhe ensinou tudo que precisava saber, e como um verdadeiro capitão devia agir em casos extremos. A perícia e a vocação que ele mostrava nas viagens, e a paixão que demonstrava pelo impetuoso desejo de navegar chamou a atenção do rei. No final de um verão tranquilo, ele foi nomeado imediato do navio real e Celine se mostrou ainda mais audaciosa.

Sob o peso da Coroa - Fanfic/ThranduilOnde histórias criam vida. Descubra agora