- Por favor, o uso de celulares e outros equipamentos eletrônicos, como calculadora e relógio de pulso, estão totalmente proibidos, assim como qualquer conversa durante a prova. Vocês podem sair da sala depois de decorrida duas horas e meia do exame. Eu desejo boa sorte a vocês. –Terminou a mulher, me sentenciando a morte, embora ela não soubesse disso, e fazendo eu ter um colapso mental muito forte.
Minha mente sofreu um choque tão grande que comecei a "síndrome do chuta tudo" porque eu não estava com a menor vontade de fazer a prova.
Eu não ia para a faculdade ano que vem mesmo e a ideia de fazer um "vestibular de treineira" não foi minha, logo, não havia culpa em meus ombros.
Porém até mesmo chutar estava ficando chato, além de eu não querer ser a primeira a sair da sala, então lá pela questão quarenta e três eu comecei a tentar fazer de verdade, por amor aos meus pais. E foi aí que eu escutei uma música chatinha vinda do meu ladinho e comecei a rezar o Nossa Senhora, para uma luzinha acender na cabeça do cara cujo celular estava tocando e ele desligar logo. Mas minha reza não foi atendida, óbvio.
A mulher que estava na sala com a gente ouviu o barulho, e eu juro que nunca vi uma pessoa ficar tão vermelha.
- Você pode me acompanhar? E traz suas coisas também, acho que não vai voltar para essa sala. – O garoto riu e pela primeira vez, atraída pelo som de sua risada, olhei para a cara do infrator.
Não por curiosidade, mas por que estava todo mundo olhando e aí eu resolvi olhar também. Ok, era curiosidade. Uma curiosidade muito compensável no fim das contas. Lindo. Essa é a palavra que eu usaria para descrevê-lo.
Ele era estranho, mas um estranho bonito, se é que dá para dizer uma coisa dessas. Por causa da camiseta clara, era possível enxergar várias tatuagens espalhadas pelo seu tronco, mas estranhamente havia uma única tatuagem escondida em seu antebraço, um solitário K.T, que eu fiquei morrendo de vontade de perguntar o que significava. Se é que tinha significado. E, além disso, ele tinha um sorriso maravilhoso. Eu recentemente tinha lido uma história muito boa e esse cara na minha frente era ridiculamente parecido com o Gael. Meu Gael particular. Certo, talvez você diria que essa minha obsessão por bad boys não é lá muito saudável, mas, por favor, cale a boca e guarde sua opinião para si mesmo. Obrigada.
Eu ainda estava olhando o sorriso dele como uma idiota quando ele abriu a boca e saiu dela a voz mais perfeita do planeta.
- Oh, com todo prazer. – Falou de um jeito tipicamente sarcástico, se levantando em seguida. –Eu nem queria fazer mesmo.
E então, quando se abaixou para pegar a jaqueta e dar o fora dali ele me viu e me encarou com uma expressão meio indignada. Eu sou capaz de jurar que ele iria me dizer mais alguma coisa, mas a megera fez meu príncipe encantado do cavalo branco sair porta afora. Suspirei tristemente enquanto voltava minha atenção para a prova, sabendo que nunca mais na minha vida iria vê-lo novamente.
No final das contas, fui a última a terminar a prova. Fiquei tão chateada que comecei do começo, refazendo todas as questões que eu tinha chutado, não deixando de pensar nele nem por um momento. Digamos que ele faz meu tipo perfeito de amor platônico.
Terminei a prova a tempo, e sai da sala onde eu tinha prestado o primeiro vestibular da minha vida. Minha linda e maravilhosa amiga se encontrava no fim da escada da faculdade onde estávamos fazendo prova me esperando super pacientemente. Por paciente quero dizer que ela estava batendo os pés no chão, bufando e conferindo o relógio a cada cinco segundos. (Ela olhou para o relógio quatro vezes enquanto eu descia as escadas).
- Oi, quenga. – Manifestei minha presença batendo com o Caderno de Questões na cabeça dela. Rafaela nunca foi muito amigável. E ela não sabia brincar. Levei o maior pedala em troca da cadernada na cabeça e foi tão forte que eu até cambaleei, esbarrando em alguém atrás de mim. Virei automaticamente para a pessoa que eu tinha atropelado.
- Ai meu Deus, mil perdões eu... - Mas é claro que ele não queria ser esquecido. Encarei o garoto duas vezes, obrigando meus olhos a pararem de me iludir. Não podia ser verdade. Talvez seja o universo tentando nos juntar. Foco, Any. – Uau, você ainda está aqui?
Deixei escapar. Logo em seguida balancei a cabeça, como que para afugentar o que tinha acabado de dizer e até tentei consertar, mas o príncipe encantado do cavalo branco me deu um sorriso debochado, falando antes de mim.
- Não, não, é que eu sou um holograma, o verdadeiro Joshua está ali naquela esquina. – Ele comentou, ainda debochado, apontando para o fim da rua.
A parte mais idiota foi que eu olhei para a tal esquina.
Tudo o que pude fazer foi olhar para Rafaela que deu um tapa em sua própria testa depois do que eu havia acabado de fazer. Um gesto que podia ser interpretado como: Não acredito que você fez isso.
- Não acredito que eu fiz isso. – Comentei, sem pensar. O garoto começou a rir da minha confusão. – Desculpa, eu geralmente não sou tão tonta.
- Normal ficar assim em frente pessoas bonitas. – Sugeriu, normalmente.
Tão normalmente que eu concordei com ele.
- É, deve ser. – Ele ergueu as sobrancelhas para mim e eu instintivamente cobri a boca com as mãos. Eu realmente devia estar parecida com um cosplay de tomate naquele momento. – Quer dizer, hm... que...
- gaby, meu pai chegou! – Gritou Rafa nas minhas orelhas, fazendo com que eu amasse todas as gerações futuras da família dela.
- Ai que glória. Tchauzinho e desculpas de novo! – Falei apressadamente ao garoto, que me deu um sorrisinho do tipo que me fazia pensar que ele sabia de uma coisa que eu não sabia.
- Tchau, gaby. – Eu nem olhei para trás, queria mais era esquecer esse incidente que foi provavelmente a pior conversa que eu já tive com um crush na história das piores conversas com crushs. Sabia que não iria vê-lo novamente. E dessa vez é sério, se eu ver esse menino de novo, eu agarro, porque significa que o destino realmente está querendo nos juntar.
Não pensei nele por muito tempo, até que finalmente o esqueci.-------------------------
Oi pessu, espero que estejam gostando
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Burn with you - beauany fanfiction
FanfictionVou falar do meu melhor amigo. O melhor amigo que eu poderia ter arrumado para a minha vida. Nós éramos totalmente disfuncionais, totalmente opostos, mas acho que era justamente isso que fazia a gente funcionar tão bem juntos. Veja bem, não éramos...