dia 14

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Estava determinada a esquecer joshua de vez, e comecei aceitando o  convite de almoçar na casa de Renato. A família dele tinha um costume  estranho de se reunir todo sábado, cada sábado na casa de algum membro  da família e toda vez que esse almoço caia na casa de Renato, ele  convidava a gente.

Meu pai me levou quando já havia se passado do meio-dia e por isso, fui  uma das últimas a chegar. Decidi ir com meu sorriso na cara. Estava  triste, mas afinal, ninguém se importava. Estava triste por ver que o  badboy estava lá. Estava triste por ele ter me tratado tão mal. Estava triste por ele.

- Any, desembucha. – Falou Rafa, com uma Anna preocupada atrás de si. Let  e Renato desapareceram e o resto estava dividido entre jogar futebol,  piscina e beijos (provavelmente o caso de Renato e Let). Suspirei.

- Joshua e eu brigamos. Mas não foi uma briguinha, ele me olhou como se  me odiasse. – Desabafei, me controlando para não chorar ali.

- Onw, Any, o joshua não te odeia. – Interveio Anna.

- Mas foi o que pareceu. – Bufei, sentando na cadeira fofa.

  - Joshua de novo? – Perguntou Matheus, parado do meu lado. Mas que droga!

- Nós brigamos. – Disse a ele.

- Mas é uma pena! – E eu percebi que tinha sido muito sarcástico. Muito.

- Matheus, o Joshua é só meu amigo, pelo amor de Deus! – Foi só nesse  momento que percebi estar sozinha com ele. Rafa e Anna se mandaram,  muito lindas.

Foi por estarmos sozinhos e por eu gostar muito de Matheus, que contei tudo. Quando digo tudo, é tudo  mesmo, desde a implicância dele no começo até o sangue em seu nariz.  Contei como nossa amizade tinha evoluído tão rápido, contei que eu  gostava muito dele e como eu queria estar sempre ao seu lado. Contei as  piadinhas que ele fazia, contei sobre nossas fotos e minha carreira de  fotógrafa. Contei toda a história de como o socorri na sua casa e contei  sobre sua frieza de ontem, sobre como ele tentou me afastar e quanto  foi grosso comigo. Contei tudo.
No final do meu relato, percebi que chorava e notei o braço de Matheus ao meu redor.

  - Eu demorei para entender, mas agora eu sei. – Disse ele. – Eu aceito a amizade de vocês.

Dei risada.

- Você não tem que aceitar nada, não é meu namorado.

  Matheus sorriu.

- Só se você não quiser ser.

Olhei para ele, pasma.

- Isso foi...?

- Ah, interprete como quiser!

- Ótimo. – Sorri para ele. – Namorado.

Ele pegou em minha mão e Rafa deu um sorriso malicioso quando viu nossas mãos unidas.

Mostrei a língua para ela.

  Ao longo da tarde, tentei não pensar em Joshua. Tentei esquecer seu  sorrisinho zombeteiro, suas piadas fora de hora. Tentei esquecer o jeito  que ele havia me tratado ontem. Na verdade, eu não esqueci, mas tive  que achar uma maneira de fazê-lo, ou então, às lágrimas transbordariam.
Tentei, eu realmente tentei não me lembrar dele, mas não houve jeito. Tudo me fazia lembrar de Josh.

Quando vi os meninos jogando futebol, lembrei da nossa tarde na quadra  de vôlei. Quando vi Anna e Let na piscina, lembrei de nossa selfie com  brilhinhos de sol. Quando vi Rafa sentada sozinha no sofá mexendo no  celular, lembrei do nosso costume de ficar sentado na sala sem fazer  nada.

E isso me machucava, mesmo que eu não quisesse.

Depois que cheguei em casa, resolvi manter minha decisão de não correr atrás dele e permaneci na minha. Matheus e eu trocamos algumas mensagens fofas e foi aí que comecei a acreditar em destino.

Meu pai pediu para que eu levasse o lixo até a lixeira de baixo, e quando voltei, dei de cara com um Joshua carrancudo.

Em nome da nossa precoce amizade, resolvi falar.

- Ei.

E ele nada respondeu. Ele me ignorou. Joshua realmente me ignorou.

- Joshua? – Chamei. Ele se virou para mim, seco.

- O que é?

- O que... O que aconteceu com você?

- Estava na cadeia. – Respondeu, ainda seco.

Oi? Cadeia? Por que diabos Josh estava na cadeia?

- O que foi que você fez, Joshua?

- Roubei dinheiro no bar. – Achei mesmo que nossa amizade tinha ido para o espaço, mas dei um pedala na cabeça dele mesmo assim.

- Por que fez isso? – Questionei.

Ele deu de ombros.
- Eu quis.

Eu me recusava a acreditar que esse era o mesmo Joshua de dois ou três dias atrás. O Joshua que escutava músicas pops adolescentes, que ensinava criancinhas  carentes a tocar violão, que me dissera coisas desconexas, porém fofas  quando estava todo vulnerável no outro dia... Eu não acreditava que  aquele Joshua era o mesmo que estava na minha frente agora.

- Por que está fazendo essas coisas, Josh? – Perguntei baixinho.

Ele revirou os olhos, suspirando.

- Porque não estou nem aí.

E ele não estava, mas dessa vez era diferente. Tinha alguma coisa  acontecendo, e eu ia sim descobrir o que era. Eu precisava dele e não  iria desistir tão fácil.

Mas amanhã. O deixei ir embora, sem dizer mais nada. E ele se foi sem me dizer mais nada.
Mas amanhã eu tentaria de novo. E depois, ou depois, eu tentaria até ele voltar para mim.

Até ele voltar a si mesmo.

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See you later⚡

Burn with you - beauany fanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora