- Vai se atrasar, querida. – Apressou meu pai, mesmo que eu, na verdade, estivesse adiantada.Respondi com uns resmungos pouco compreensíveis por causa da pasta de dente nadando pelo meu tubo bucal e acenei para que ele esperasse, mesmo que meu pai não fosse capaz de ver através da parede. Quando acabei (de escovar os dentes e não de acenar), fui ao meu quarto pegar minhas apostilas e meu carregador e meu livro e minha... Onde estava minha carteira?!
- Any ! – Foi a vez da minha mãe.
Meu Deus, eles precisam aprender que eu não funciono sob pressão. Carteira, carteira, carteira...
- Não esquece de pegar uma blusa!
Oh, God, dai-me paciência. Grunhindo e chegando à conclusão de que teria que roubar o lanche de alguém hoje, só peguei a primeira blusa que eu vi na frente e deixei meu quarto, berrando um "Tchau, mãe!" enquanto saía apartamento afora.
Não achar a carteira quando estava precisando era um tremendo de um azar. A vida mostrou que eu estava errada quando, sem querer, sentei em cima da minha blusa ao subir no carro e senti um troço duro na minha bunda (sem malícia, você) e adivinha o que era? Não, mente podre, não era o que você estava pensando, era só minha carteira!
Satisfeita, guardei a carteira na bolsa depois de conferir o dinheiro e nesse exato momento meu pai abriu a porta do carro e entrou.
- Você nem tomou café. – Comentou, pegando os óculos de sol. Meu pai nunca dirigia sem óculos de sol, mesmo que agora fossem exatamente 06:19 da manhã e não tivesse sol nenhum do lado de fora. Vai entender.
- Sem fome.
- Sim.
- Dormiu bem? – Perguntou, arrumando o retrovisor. Acho que já deu para perceber que meu pai tinha um tipo de ritual no carro antes de finalmente dirigir.
- Que bom, querida.
Eu posso explicar meu silêncio. O negócio é o seguinte: antes das sete, eu não falo. Pode ter o cara mais gato do mundo, pode ser Adam Levine na minha frente, mas antes das sete, o máximo que direi a ele será "I love you".
Meu pai não era exceção a essa regra.
(Aaaah, a quem eu quero enganar! É claro que eu faria o maior escarcéu pelo Adam, até se fossem três da manhã, mas isso não vem ao caso agora).
Cheguei à escola atrasada, como sempre, e Renato tirou a bolsa dele da carteira que estava atrás de Let para que eu me sentasse. Eu bem ia dizer um "olá" monossilábico, talvez mudo, para meus amigos, mas a professora Fátima entrou na sala naquele exato momento, me poupando de interagir com quem quer que fosse.
- Bom dia, tchurma! – É, ela falava desse jeito mesmo. Como se estivéssemos na quarta série, ou terceira. – Antes de começar a aula, quero lembrar da doação de roupas ao orfanato. Levanta a mãozinha quem se voluntariou para ajudar a levar as roupas.
Meio rindo, Daniel, Anna, Let, Renato, Rafa e eu levantamos as nossas mãozinhas, ao mesmo tempo em que mais três garotas na frente da sala.
- Ótimo. Não se esqueçam de dar seus nominhos na secretaria, docinhos. – Completou, nos olhando por cima dos óculos. Foi a deixa para abaixarmos as nossas mãos... zinhas. Eu gostaria de dizer que a professora Fátima era uma senhora fofa com cara de vovó, mas na verdade, ela não tinha nem trinta anos. Alô, tia, todos nessa sala tem entre dezesseis e dezessete anos, se toca!
- Bom, vamos lá. Gostaria que meus lindinhos abrissem na página quarenta e três. Vamos começar fazendo uma pecinha, que tal? Vem cá, Juliana, você vai ser Anna Bolena. E você, querido Renato, vai ser o...
E já dá pra ter uma ideia de como é a aula dela. Bem, é uma aula bastante divertida se você considerar que é história, mas ainda não havia passado das sete e, portanto, para mim nada seria divertido até o relógio virar.
Depois do intervalo, andei até minha sala, fiquei confinada naquele mesmo espaço por um longo tempo e só quando fui liberada que me perguntei onde estaria meu vizinho. Será que ele havia cabulado? Ele chegou ontem, talvez ainda estivesse se recuperando da viagem e coisas assim.
Quando voltei ao apartamento, porém, não dei mais de cara com ele.
conversa no WhatsApp
•Tá tudo dominado
Any: Sdds vizinho
Rafa Mozao: Sdds
Let: Sdds
Renato Zoreba: Af
Daniel: Af
Any: USHAAUAHAHA VCS SÃO TÃO ESTRANHOS
Any: AMO
Pedro: kkk vdd
Anna: Que vizinho?
Any: O novo
Rafa Mozao: Eu sei quem é lalalala
Let: Oxe, da onde?
Any: Nós três fizemos a FUVEST no mesmo prédio ano passado
Let: Ah. Que coincidência
Anna: Isso é destino! Haha
Daniel: Pqp que coincidência
Any: Ai gente, meu pai tá chamando.Bloqueei o celular e fui ver o que meu pai queria.
Pensei em Joshua, e na nossa conversa de ontem. Ao longo da tarde imaginei que ele, seu sorrisinho babaca e suas respostas engraçadinhas iriam dar o ar de sua graça, mas isso não aconteceu.
Fiquei esperando por muito tempo, e como não rolou, resolvi desencanar. Ele deve ter fugido de casa. Deve ter cabulado. Deve ter voltado para o Rio de Janeiro. Não sei. Aliás, por que eu estou tão interessada?
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Oi pessuuuu, votem e comentem pleaseee, espero que tenham gostado
See you later💫
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Burn with you - beauany fanfiction
Fiksi PenggemarVou falar do meu melhor amigo. O melhor amigo que eu poderia ter arrumado para a minha vida. Nós éramos totalmente disfuncionais, totalmente opostos, mas acho que era justamente isso que fazia a gente funcionar tão bem juntos. Veja bem, não éramos...