- any? Está pronta? Let e Rafa estão lá na sala. – Falou minha mãe, entrando no quarto. Eu estava equilibrada na ponta da minha cama, pegando minha boneca favorita que ainda estava dentro da caixa, em cima do guarda roupa. Minha mãe pareceu preocupada.
- Querida, o que vai fazer? – Puxei a caixa com as pontas do dedo e desci da cama.
- Vou doar.
- Mas você adora essa boneca. E tinha toda aquela história de querer passar de geração em geração e...
- Mãe.
- O quê?
- Eu quero fazer isso. Sabe se lá quantas meninas ficaram sem presente de natal e... Eu nem brinco mais com ela. – Argumentei, encarando a boneca pelo plástico da caixa. – Só acho que alguém precisa mais dela do que eu. E quanto a passar de geração em geração... Bem, generosidade. É isso que eu espero passar.
Minha mãe sorriu e seus olhos estavam meio aguados.
- Estou tão orgulhosa de você, filha. – Falou, me abraçando.
- Mãe, são só sete da manhã, vamos deixar a gayzice para mais tarde. Quem sabe nunca? – Brinquei, dando um beijo em seu rosto e saindo do quarto.
- Que linda! – Exclamou Rafa quando apareci na sala. Corei.
Let riu e Rafa fez uma cara de "WTF?".
- Bom, estou tão normal quanto sempre, mas obrigada, Rafa.
- O quê? Eu estava falando da boneca, idiota. – E aqui está a mais pura essência da fofura, senhoras e senhores!
Rolei os olhos.
- Que seja. Estão prontas? Querem tomar café?
- Não, obrigada. Já tomamos na padaria.
- Podemos ir, meninas?
- Com certeza, tia Maria. – Concluiu Let quando nenhuma de nós falou mais nada. Minha mãe nos despachou para fora de casa e trancou a porta do apartamento.
- Cadê a Anna? – Perguntei a Rafa quando estávamos do lado de fora.
- Disse que o Pedro a levaria.
Passamos o caminho em silêncio embora já passasse das sete e, portanto, eu poderia muito bem falar. O caso é que era domingo, e domingo, principalmente um domingo muito escuro, frio e chuvoso, não era o tipo de dia que inspirava as pessoas a conversarem, mesmo que fossem minhas melhores amigas.
- Deixo vocês aqui. Vão voltar de ônibus?
- Se a malha de transportes de São Paulo assim permitir, com certeza. – Falou Let, com uma pitada de ironia na voz. Minha mãe riu, desejando que nos divertíssemos.
A professora Fátima estava nos esperando na entrada do local junto com Daniel e Renato, ambos com a melhor cara de sono ever, e mais algumas outras pessoas do ensino médio. Anna estava um pouco afastada, conversando com Pedro e eles pareciam estar tendo algum tipo de discussão. Fiquei preocupada, mas logo abandonei o pensamento quando os vi aos beijos.
- Matheus não vai vir?
- Hm, ele não falou nada.
- Você o chamou? – Perguntou Let, interessada.
- Deveria? – Pergunta errada. Levei um tapa na testa, vindo de Rafa.
- Ai!
Ela revirou os olhos.
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Burn with you - beauany fanfiction
FanfictionVou falar do meu melhor amigo. O melhor amigo que eu poderia ter arrumado para a minha vida. Nós éramos totalmente disfuncionais, totalmente opostos, mas acho que era justamente isso que fazia a gente funcionar tão bem juntos. Veja bem, não éramos...