dia 13

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O dia de hoje estava fadado a ser um fracasso, simplesmente por ser  sexta feira 13. Eu não era muito supersticiosa, mas devia ter  permanecido em casa, onde era o meu lugar.

- Any?

Mas é claro que não iria. Eu tinha que achá-lo.

- Oi, Laura, Joshua está? – Perguntei, esperançosa. Laura fez uma cara triste.

- Oh, não. Ele saiu hoje cedo e não voltou até agora.

- Ah, eu volto outra hora.

Ela apenas sorriu para mim e fechou a porta.

Estava assustada. Nunca tinha visto Joshua tão sereno, tão fraco e tão  vulnerável como ontem à noite. Fiquei preocupada com ele, ainda mais por  ter ignorado todas as mensagens que eu enviei de manhã e também todas  as ligações. Sei que ignorou porque, de novo, graças à tecnologia de  hoje em dia, todas as mensagens ficaram azuis.

Vergonha. Esse tinha que ser o motivo. Na verdade, só podia ser o único motivo de ele estar me ignorando.

Resolvi começar uma busca. Procurei na academia, no clube, na  churrasqueira, mas ele não estava em nenhum lugar. Perguntei para o  porteiro se Joshua havia saído, mas ele disse que o garoto voltara ao prédio horas antes.

Ele estava lá. Mas onde? Entrei no elevador e deixei ele me guiar até o terraço. Quem sabe?
Soube que o mesmo realmente estava lá quando ouvi a música. Era a mesma música que o ouvi tocando no orfanato, era ele.

Desci do elevador, o encarando. Joshua estava de costas para mim, não me  viu. Estava sem camisa, sentado em uma das muitas caixas que estavam  espalhadas por todo o terraço.  Seu violão estava no colo e quando me  aproximei mais um pouco, vi que ele estava fumando. Seus olhos estavam  fechados e por um momento, me senti mal por ter invadido a privacidade  dele. Deveria deixá-lo sozinho, era aparentemente o que ele queria.

Mas Joshua abriu os olhos antes que eu pudesse sair dali.

- O que faz aqui? – Perguntou, parando a música.

- Eu estava te procurando desde cedo. – Respondi, chegando mais perto. Ele deu uma risada fria.

- E não estava óbvio que eu não queria ser encontrado? – Retrucou, batendo uma nota no violão.

Dei um passo incerto para trás, surpresa com o ódio. Ele me tratava tão bem, da onde saía esse rancor?

- Me desculpe. – Falei, tão baixo que nem sei se ele ao menos ouviu.

Se ouviu, apenas deu de ombros e recomeçou a tocar.

- Josh...

- Eu quero ficar sozinho, Any. – Falou alto, encarando meus olhos.

   Sensível como era, fiz de tudo para não chorar. Fiz de tudo para não  lembrar dos nossos bons momentos, nem para lembrar de ontem. Fiz de tudo  para esquecer o quanto eu gostava de Josh e o quanto me machucava estar agindo dessa maneira.

Eu fiz o impossível para esquecer a pessoa que Joshua estava sendo naquele momento.

- Eu estava preocupada com você, depois do que aconteceu ontem.

Ele pareceu bravo. Levantou-se e me encarou, mais bravo do que eu nunca vi.

- Eu não ligo se está preocupada.

- Você não está bem, está acontecendo alguma coisa e...

- Eu estou ótimo! – Gritou, me interrompendo.

- Pessoas ótimas não sangram pelo nariz, Joshua! – Gritei de volta, com os olhos quase transbordando em lágrimas. – Eu estou preocupada.

  - Eu realmente não estou nem aí. – Disse simplesmente, voltando a se sentar.

E eu só fiquei encarando suas costas, inexpressiva.

Fazer de tudo não é o suficiente, afinal. As lágrimas escaparam dos meus olhos antes mesmo que eu ousasse impedi-las.

Por que ele estava fazendo isso? Por que ele estava me afastando? Ele  não era assim, não podia ser. Ele continuou na dele, tocando seu violão,  fumando seu cigarro. E era como ele havia dito, Joshua realmente não estava nem aí.

Ele não se importava com nada além dele mesmo, pelo visto.

Joshua sabia que eu ainda estava lá, mas não se virou para pedir  desculpas, nem nada. Apenas continuou tocando, continuou fumando.

Fungando, saí do terraço correndo antes que ele me visse chorando.

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See you later💫

Burn with you - beauany fanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora