Capítulo II

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Draco sentiu uma dor aguda em sua cabeça.

– Scorp... – Antes mesmo de abrir os olhos, sua voz rouca atravessou arranhando sua garganta.

– Blaise! – Ouviu uma voz feminina familiar e uma leve movimentação ao seu lado. Onde estava?

O loiro tentou abrir os olhos, mas a claridade machucava suas retinas o fazendo fechar as orbes cinzentas de novo, soltando um leve gemido pela dor que sentiu em seu corpo ao tentar se movimentar.

– Ele falou alguma coisa. – Mais uma vez aquela voz... Pansy, só Pansy conseguia lhe passar tanta calma apenas com seu timbre firme e suave.

Uma leve energia mágica pairou sobre o corpo do loiro, que tentou mais uma vez abrir os olhos, voltando a fechá-los, precisava se acostumar com a claridade de novo.

Mas o que diabos estava acontecendo?

Reconheceu Blaise, trocando palavras com a garota e enquanto ouvia as vozes desconexas de seus amigos, tentou puxar na memória o que havia o levado àquela situação. Sentia dores por todo o corpo, e parecia que estava com uma ressaca horrível.

Então, num turbilhão de imagens, as lembranças foram surgindo, uma a uma, numa velocidade quase difícil de as conectar.

Scorpius interagia com Tilly que lhe explicava de forma animada como eles iriam decorar a casa para o Halloween e depois Natal naquele ano. Draco sentiu uma presença estranha pela área. Ele foi para a porta. Uma explosão. Luta. Ele gritou para Tilly se esconder e proteger Scorpius. Magia das trevas. Um bruxo. A marca negra. Dor. Scorpius. Ele queria Scorpius.

– SCORPIUS! – Ignorando a dor gritante que se espalhou por seu corpo, Draco sentou-se exaltado em sua maca. Dando um susto em Pansy e Blaise que correram para lhe acudir.

– Calma, Draco. – Pansy colocou as mãos em seus ombros quando ele tentou levantar ainda mais.

Blaise, em seu uniforme de medimago fez uma rápida análise com sua varinha, cuidando para não despertar um ataque de pânico como quase toda a vez que o loiro tinha o objeto apontado para si. Desta vez Scorpius não estava ali para lhe acalmar.

– Scorpius, cadê meu filho?! – sentindo seu rosto se aquecer de raiva, Draco assumiu a postura de mamãe ursa (carinhosamente apelidada assim por Pansy) pronto para estuporar quem se colocasse entre ele e seu bebê.

– Ele está à salvo, Draco. – Blaise assumiu as mãos nos ombros magros do amigo e forçou ele a se deitar, o loiro ao ouvir essas palavras, pareceu relaxar – Está com Snape nesse momento, achamos que seria o mais seguro.

Draco olhou para seus dois melhores amigos com os olhos úmidos. Sua expressão desolada os fez lembrar de quando ele descobriu que ia ter um bebê, perdido, sem saber o que fazer. E o loiro logo caiu em lágrimas, sendo abraçado pelos dois.

Por um momento, o único som que ecoava pelo quarto hospitalar era o soluçar de Malfoy. Pansy e Blaise trocaram um olhar sério, ambos pensando na mesma coisa: Destruir quem fez aquilo com Draco e Scorpius.

– T-Tilly..? – tentando se recompor do choro, ele se afastou da dupla encarando com olhos preocupados e molhados.

– Ela está bem, com Snape e Scorpius. – Blaise é quem lhe respondeu, de vez em quando lançando olhares para a porta de entrada – Ela foi muito valente.

Draco assentiu limpando as lágrimas e deixando outras escaparem. Ele olhou em sua volta reconhecendo o ambiente hospitalar, mas a ausência de equipamentos e a bancada com algumas poções o fizeram perceber que aquele não era um hospital trouxa e juntando isso ao fato de Blaise estar ali, uniformizado, as respostas se completaram na cabeça do loiro.

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