Capítulo VIII

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 Depois de almoçarem, Draco e Scorpius foram passar a tarde na sala de estar fazendo atividades.

Draco ainda evitava olhar sua mãe naquela tapeçaria, até mesmo arrastou uma das cadeiras de couro encostando-as onde cobria aquela área da pintura. Pegou uma caixa com coisas que Snape havia conseguido resgatar de sua casa, se ajoelhou no chão com Scorpius curioso na volta e começou a olhar o que havia ali junto do filho.

— Olha só o que temos aqui.

Retirou uma caixinha de madeira pintada em preto, os detalhes talhados desenhavam arabescos delicados pintados em verde metálico, uma cobra prateada fazia a tranca do objeto.

— Vivaldi!

Draco deu uma risadinha murmurando um encanto para caixinha, era mágica, ele mesmo havia trabalhado nela, a cobra rastejou até seu pulso formando um belo bracelete e a tampa se abriu, um bonequinho de olhos grandes e vazios do compositor clássico apareceu e começou a reger uma mini orquestra que se ergueu do fundo da caixa tocando a canção favorita dos dois Malfoy, Inverno.

Scorpius tinha os olhos cinzentos brilhando quase em um tom de azul escuro enquanto observava a performance, aquele havia sido seu último presente de aniversário e era apaixonado por isso. Draco sorriu admirando os traços delicados do filho, sentia sempre seu peito se aquecendo quando tinha o garoto por perto, achava que não cabia mais amor dentro de si, mas Scorpius com certeza conseguia o preencher cada vez mais com seu encanto.

Deixou Scorpius pegar a caixa e levar para o centro da sala, onde havia um carpete fofo e alguns cadernos e materiais para desenhar. Encontrou o que procurava na caixa, seu laptop que era enfeitiçado assim como o seu carro, deitou-se com as costas no encosto lateral de uma poltrona com as pernas penduradas no outro braço e aproveitou para trabalhar.

Permaneceram as primeiras horas da tarde daquela maneira, Scorpius deitado no carpete no chão de bruços com dezenas de papéis e gizes de cera espalhados em sua volta trabalhando em diferentes desenhos com a canção da caixinha se repetindo, e Draco, quase deitado na poltrona digitando com frequência entrando em contato com o pessoal da editora para justificar sua ausência e dar uma desculpas pela distância que seguiria nas próximas semanas.

Batucando o dedo no aparelho, Malfoy tinha um olhar distante, pela primeira vez se permitindo pensar na gravidade da situação. Queriam pegar Scorpius e ele tinha uma leve ideia do que pretendiam fazer com ele, o problema é que não fazia ideia da identidade das pessoas do grupo que estava por trás do ataque e sabia que era um grupo.

Um arrepio percorreu seu corpo quando as lembranças começaram a lhe invadir, havia muitas pessoas naquela noite podia ser qualquer uma delas, todas mascaradas, todas repugnantemente regozijadas com o prazer da situação, as risadas, os gritos, os gemidos, a tempestade, os sons... aqueles sons terríveis...

É apenas uma rota de fuga, Draco. Você não me deu outra opção, se tivesse dedurado Harry Potter quando lhe foi perguntado, eu não seria obrigado a... improvisar dessa maneira.

Só percebeu o quanto suas mãos tremiam quando sentiu o familiar calor e os pequenos braços de Scorpius buscando um abraço. Draco apertou o filho nos braços sentindo aquela quente magia que emanava dele de forma visível quase derrubando o laptop ao trazer seu filho para o colo.

— Está tudo bem. — Scorpius murmurava com o rosto escondido no pescoço do pai.

— Obrigado. — Ele se afastou um pouco limpando as lágrimas que nem havia percebido que escaparam e, olhando para a criança, tirou uma mecha que caía sobre os olhos do pequeno — Seu cabelo está ficando grande, quer cortar?

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