Capítulo 10

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Kara tirou o seu casaco pesado e deixou-o atrás da porta do escritório. O inverno estava chegando com força e a constante chuva era um bom lembrete daquilo.

Depois de seguir outra esposa infiel pelas ruas lotadas e frias, Kara só queria um copo de café e casos que pudesse resolver com alguns telefonemas, mas, infelizmente, todos os que estavam em sua mesa precisavam de alguma investigação no campo. Ah, como ela sentia falta dos carros de polícia com ar condicionado e os uniformes que a deixavam entrar em qualquer lugar para fugir da chuva.

"A senhora Perci ligou. Disse que não pode sair nessa chuva." Nia declarou ao entregar um copo de isopor com café da lanchonete na frente. "Disse que virá quando parar de chover ou que você pode enviar o que conseguiu por correio."

Kara suspirou. "Ela não se convence que os filhos estão bem? Suas esposas não são assassinas, pelo amor de Deus."

Nia lhe deu um leve sorriso de pena. "Uma mulher ligou, quer almoçar com você."

Isso chamou sua atenção. Quando alguém ligava para marcar um almoço só podia ter dois motivos. E nenhum dos dois era bom. "Ela disse quem era?"

"Não. Quando eu insisti ela desligou o telefone. Mas não antes de avisar que tem uma mesa reservada no Nepolitan para amanhã meio-dia."

"Mantenha isso em mente caso a polícia ache meu corpo."

Nia arregalou os olhos. "Você vai? Nem sabe quem é!"

"Senhorita Nal, quando uma moça lhe chama para almoçar no melhor restaurante da cidade, você não recusa." Kara lhe deu um leve sorriso. "Pode limpar minha agenda de amanhã? Não sei quanto tempo este almoço vai durar."

"Claro."

Kara começou a repensar sua decisão naquela noite. Algo lhe dizia para ir, algo bem profundo em sua mente parecia achar uma excelente ideia, algo imperdível. Mas a parte racional do seu cérebro começara a repensar e analisar tudo que podia dar errado. Pelo que ela sabia, seria uma mulher louca, talvez uma das mulheres que foi descoberta por ela a pedido de seus maridos ricos que agora buscava vingança. Ela apenas manteve em mente que deveria ficar afastada de possíveis armas que pudessem ser usadas para matá-la. Porque ela iria mesmo assim. Não sabia o exato motivo, mas algo a empurrava para fazer aquilo.

Ela reconheceu algumas personalidades ricas que havia visto nas revistas de Nia algumas vezes assim que entrou no restaurante. O barulho não era tão alto, mas discussões distintas podiam ser ouvidas sobre o tilintar de pratos e talheres. Ela não sabia o que deveria dizer ao maître, mas não foi realmente preciso.

"Senhora Danvers?" Ele questionou após um breve olhar sobre seu vestuário. Ok, ela não ganhava milhões por mês, mas sua roupa não estava assim tão ruim. Caramba. "Mesa 7."

Kara segurou uma replica e apenas seguiu sua indicação. A mesa um estava ocupada por alguns empresários que discutiam uma futura viagem à China. Seus ouvidos eram bem treinados para captar informações que possam a ser pertinentes em algum momento, mas, infelizmente, não tinha um botão de desligar e, por isso, sempre acabava ouvindo conversas que não lhe interessavam. A mesa dois era ocupada por dois irmãos que discutiam a sanidade do pai. A terceira mesa era composta por esposas que se gabavam de gastar o dinheiro dos maridos ricos em joias e roupas que nunca usariam. Na quarta mesa, um homem comia sozinho e em silêncio enquanto lia um jornal de medicina. A quinta mesa trazia uma mãe e seu filho sem qualquer interesse em suas companhias. Na sexta mesa ela viu um homem falando ao celular enquanto tentava manusear os talheres. E, finalmente, na mesa que lhe foi indicada havia...

Deus.

Ela contou as mesas certo?

É claro que contou. Sua matemática também era impecável.

Olho por olho - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora