Capítulo 8

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"É uma bela casa." Lucy comentou em admiração.

Aparentemente, o senhor James Olsen havia reforçado a segurança em seu escritório. Kara teria que fazer o mais desagradável e visitar sua casa, onde estaria sua esposa, que iria descobrir que uma das amantes de seu marido teve um filho. Camaradagem pura.

Kara ignorou o comentário da mulher em seu banco de carona. Outra casa para ela tirar dos verdadeiros donos, ótimo.

O guarda era o mesmo da outra vez e ela fez Lucy lhe entregar 200 dólares para abrir o portão. A empregada que abriu a porta também era a mesma, mas ela não reconheceu Kara de imediato. Como da outra vez, foi Lena que apareceu e percebeu quem era, mandou a empregada embora e começou uma série de objeções.

Kara ergueu as mãos para impedi-la de continuar. "Senhora Olsen, eu sinto muito aparecer aqui mais uma vez, mas seu marido não quis cooperar."

"É ela?" Lucy perguntou em descrença. "Essa é a mulher dele?" O tom de desprezo e zombaria não passou despercebido por ninguém.

"Essa? Com quem pensa que está falando?"

Kara suspirou da atitude das duas mulheres. Ótimo, tudo que ela precisava naquele momento. "Pode chamar o senhor Olsen? Sei que ele está aqui." Apontou para o carro parado na frente do seu.

"O que querem com ele?"

"Por favor, senhora Olsen."

"QUEM É?!" O tom irritado cortou qualquer resposta que surgiria. Kara não pode deixar de notar que Lena empalideceu um pouco. "FECHE A PORTA, MULHER! OS INSETOS VÃO ENTRAR!"

"Senhor Olsen." Kara cumprimentou com uma calma surpreendente quando o homem quase arrancou as portas das dobradiças. "Consegui achá-lo mais uma vez."

"O que você faz na minha casa?!" Ele avançou, pronto para empurrá-la para longe, mas Kara estava preparada e desviou habilmente. Ele escorregou um pouco e se agarrou em um pilar para se firmar.

"Não muito educado, senhor Olsen."

"MULHER ODIOSA!" Ele gritou enquanto se virava. Ele estava vermelho e parecia estufar o peito para um efeito maior.

"Lhe disse que se me desse seu número nunca mais me veria." Kara ofereceu como forma de defesa, mas não era esse o objetivo. "Agora que estão todos aqui, vou embora." Ela olhou para Lucy, que parecia dividida entre admiração e surpresa. "Faça-me um favor, senhor Olsen. Leve-a embora dessa vez."

Estavam todos muito surpresos pra reagirem enquanto ela entrava no carro e saia pelo caminho de terra. Seu trabalho estava feito, pensou com satisfação.

Um mês depois, enquanto se escondia atrás de uma banca de jornal com uma câmera na mão, seu celular tocou e interrompeu seu planejamento. Imaginando ser Nia com as informações que havia pedido sobre seu alvo, ela atendeu sem olhar o visor.

"O que tem pra mim, Nia?"

"Detetive Danvers?"

Kara congelou. Aquele celular era exclusivamente para trabalho e, por trabalho, ela queria dizer que usava para mandar e receber mensagens e ligações de Nia. Ninguém além de sua secretária tinha o número. E aquela, definitivamente, não era sua secretária.

"Quem está falando?"

"Estou no seu escritório agora. Pode vir para cá?"

Um milhão de teorias encheram seu cérebro. Alguém sequestrou Nia, alguém está querendo vingança, algum maluco decidiu...

"Lena?" O primeiro nome fluiu suavemente pela sua língua, não muito planejado, mas bem falado.

A linha ficou muda antes de obter uma resposta. Seu alvo estava longe de ser visto. Kara guardou o celular e a câmera e correu até o metrô mais perto. Nia estava esperando-a do lado de fora do escritório.

"Ela insistiu. Estava chorando e falando que era urgente. Fiquei preocupada e..."

"Tudo bem, Nia." Dulce tirou sua carteira e entregou dinheiro para Nia. "Compre alguns cafés na lanchonete, ok?" Ela passou ali na frente, o local estava cheio. Nia ia demorar, no mínimo, dez minutos para conseguir atender seu pedido.

Ela entrou no escritório rapidamente e não demorou muito para ver a senhora Olsen sentada no sofá de espera. Seu rosto estava corado, os olhos inchados, e o casaco bem apertado contra o corpo.

"Senhora Olsen, o que faz aqui?"

"Você estragou tudo." De todas as coisas que Kara imaginou, essa não era uma das conversas. Lena levantou e seus olhos adquiriram um brilho de raiva. "Você apareceu nas nossas vidas e estragou tudo mais uma vez."

"Entendo que a situação em que ficaram não seja a das melhores, mas fiz apenas o que me pediram para fazer."

"O que sua esposa pediu para fazer." Lena corrigiu.

"Ex-esposa." Kara rebateu. "Ela disse que precisava falar com ele."

"E você simplesmente concordou?"

"É por uma boa causa. Não iria cutucar feridas do passado apenas por diversão."

"Boa causa?" Lena se aproximou perigosamente. "Onde está a boa causa nisso? Destruir nossa vida? Destruir tudo que construímos? Ela nunca passou de uma noite de transa! Que direitos acha que tem?!"

"Todos os direitos do mundo, porque ela não fez aquele filho sozinha." Kara também estava começando a ficar com raiva. Não era uma boa notícia.

"Quem garante que seja do meu marido?" Lena encolheu os ombros. "Ninguém sabe. Ela nunca fez um teste de DNA, nunca falou nada para ele. Pelo que sabemos, pode ser de qualquer um."

"É do seu marido." Kara rebateu entre os dentes cerrados.

"O que te faz ter certeza disso? Não gosta de pensar que teve uma galhada maior?"

"Maior como a sua?"

Um silêncio pesado se apoderou do ar, antes de ser cortado pelo som de uma mão se chocando contra uma bochecha. Lena ainda deu um tapa no ombro de Kara antes de sair, fechando a porta atrás de si com um estrondo. Kara ficou congelada no lugar, com a bochecha ardendo e os dentes bem fechados.

Por esse motivo que ela não gosta de fuçar no passado. 

Olho por olho - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora