A notícia estava nos tabloides poucos minutos depois.
James Olsen, o melhor advogado de defesa da cidade, morto em sua própria casa com uma tesoura enfiada no peito.
Os policiais rondavam o local coletando provas com um misto de dúvida e satisfação mal contida. O motivo de seus pesadelos estava morto. Podiam resolver seus casos com calma agora.
Kara não conseguiu se aproximar da casa. Repórteres pareciam sair de buracos, policiais faziam barreiras e curiosos tentavam entender o que havia acontecido. Nia estava ligando incansavelmente tentando lhe dar as informações que via pela TV.
Lena fora levada pela polícia e Kara tinha dúvidas sobre se o interrogatório seria amigável ou não. A esposa sempre é a primeira suspeita, ainda mais quando as dezenas de amantes aparecerem batendo na sua porta.
Mais tarde, a detetive ficou sabendo que o melhor amigo da morena havia se nomeado seu advogado. Kara questionou suas habilidades, afinal, ele continuava na mesma sala que o conheceu, enquanto outros só subiam de andar. Não tinha o direito de falar nada, no entanto, só podia assistir enquanto ele se debatia sobre os argumentos que poderia usar no tribunal.
Dois dias depois, a casa acabou sendo liberada pelos criminalistas, que deixaram dois policias em cada porta de entrada. Bastou um único telefonema e Kara conseguiu entrar despercebida por eles. Devia muito a Winn e já começava a planejar como recompensá-lo pelo trabalhão que teve em mandar os policias desobedecerem ordens superiores e saírem para tomar um café.
A casa estava desarrumada, os limpadores da polícia só chegariam no dia seguinte, então ela tinha pouco tempo para estudar tudo que queria. A polícia, geralmente, deixa provas passarem por falta de atenção, então ela começou vasculhando o quarto onde o corpo foi achado. Encontrou alguns livros derrubados e uma mancha enorme de sangue no tapete. Havia algo ao lado da mancha que ela não conseguiu identificar o que era na primeira vez que olhou.
Não havia sinal de arrombamento na casa, as portas estavam intactas, e o alarme nunca foi disparado. Então a pessoa que fez aquilo morava ali, tinha a chave ou era conhecida o suficiente para sua entrada ser permitida. Kara ainda não podia decidir qual das opções era a mais provável. Seu celular havia sido levado pela polícia, assim como os computadores e arquivos dos casos que estava cuidando.
Foi naquela mesma noite que Kara recebeu um telefonema de Nia. "A senhora Olsen ligou esta tarde enquanto você estava na casa. Ela falou algo, mas eu não entendi muito bem. Ela disse: esta verdade é verdadeira e você sabe disso."
Na manhã seguinte, Kara estava na porta da delegacia, esperando Winn aparecer com a autorização de visita. Mais um favor que ela teria que pagar. A lista estava aumentando demais.
Lena estava em uma sala de interrogatório, usando a mesma roupa que usara ao encontrar o marido morto, mas parecia muito mais pálida e cansada demais para ser considerada saudável.
"Você entendeu meu recado?"
"Você quer que eu ajude você a se livrar disso."
"Não tenho nada do que me livrar. Não fui eu."
Kara considerou sua resposta. "Seria muito... tendencioso eu acreditar nisso sem saber das provas primeiro."
"Você sabe que..."
Kara ergueu uma mão para interromper seu discurso. "Eu não posso saber antes de analisar as provas e as possibilidades. Soube que seu advogado ganhou a petição desta manhã. Você deve ser liberada para ir para casa até o julgamento. Um policial vai ficar de olho, é claro, mas é melhor do que ficar trancada neste submundo."
"Você já trabalhou neste submundo." Lena lembrou-a.
Kara deu-lhe um meio sorriso. "É por isso que o chamo assim."
"Eu não posso voltar para casa. A imagem dele..." Lena fungou e balançou a cabeça. "Eu não posso..."
"Pode ficar na casa de algum parente por um tempo. A polícia só tem que saber onde vai ficar."
"Você vai me ajudar?"
Kara fez uma pausa. "A polícia está em cima desse caso. A mídia está voando como abutre e ela quer resolver isso quanto mais cedo possível. Não vai me deixar nem pensar em chegar perto de algum arquivo do caso."
"Sei que esteve na minha casa ontem."
"Estou ficando bastante impressionada, senhorita Olsen. Não sei como consegue esse tipo de informação sobre mim. O porém é que, sim, estive na sua casa, mas o que tenho não me dá um caso concreto. A polícia não vai querer me ouvir."
"Então acredita em mim?"
Kara respirou fundo. "Acredito que a polícia tem que investigar um pouco mais." Ela se levantou e foi até a porta. "Amanhã estará livre em algum lugar. Também tenho meus contatos."
Era pouco mais de nove da manhã quando Kara parou na frente do policial que fazia guarda.
"Ninguém tem permissão de entrar." O policial falou com autoridade. "Apenas o advogado dela e não tente me enganar, porque eu sei quem ele é."
Kara deu um sorriso falso para o homem. "Não sonharia em tentar te enganar. Ela é minha prima."
"Nenhum parente é permitido."
"Muito bem, oficial." Kara lhe deu um tapinha no ombro. "Fui designada para estudar o comportamento de alguns policiais em campo. Deixe-me dizer, você foi o primeiro que me deu orgulho."
Menos de um minuto depois, Kara estava deixando um policial de peito estufado para trás enquanto entrava na casa. William estava na sala assistindo à notícia da morte de James mais uma vez e Lena estava longe de ser vista.
"Pensei que a imparcialidade era uma coisa de advogados. Não deveria estar se concentrando no caso ao invés de ficar assistindo reportagens sobre ele?"
William saltou da cadeira e olhou-a muito surpreso. "Eu... Eu... Ãn... Como entrou aqui?"
"O policial me deixou passar." Kara olhou em volta. A casa era bem diferente das outras onde estivera. Era simples, com móveis de aparência antiga e alguns quadros de família espalhados pela parede. Dava uma sensação de familiaridade. "Onde está a senhora Olsen?"
"Senhorita Luthor." William corrigiu. "Com aquele traste morto, imagino que não tenha mais o nome dele."
"Não fale isso no tribunal, senhor Day, ou o juiz pode considerar seu comentário uma confissão." Kara olhou em volta mais uma vez. "Eles foram casados."
"Você também já foi casada. Não me parece ser o tipo de pessoa que mantém o nome depois do fim do casamento." A voz de Lena surgiu atrás dela e, pela primeira vez em muito tempo, Kara foi pega de surpresa.
Ela se virou com um sorriso. "Bom, o fim do meu casamento foi bem menos trágico que o seu. E nunca dividimos sobrenomes."
Lena largou uma sacola no chão e tirou o casaco. "Como entrou?"
"Como saiu?" Kara rebateu. "Ele não é suposto deixar você sair sem acompanhamento."
"Provavelmente o iludi do mesmo jeito que você. Mas acho que você fez um trabalho melhor, ele ainda está sorrindo ali fora."
"Elogie um homem pelo seu trabalho e ele fará tudo que você quiser." Kara deu de ombros.
"Eu não matei meu marido." Lena mudou de assunto rapidamente.
"Não acredito que tenha, senhora Olsen. Nossa única dificuldade vai ser provar isso."
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Olho por olho - Supercorp
Storie d'amoreSenhor Olsen, ao seu lado na cama se encontra minha esposa. Ela significa tudo pra mim, eu lhe dei tudo, mas ela decidiu cair na cama errada esta noite. Eu estou com sua esposa aqui, senhor Olsen. Olho por olho. Adaptação (peguei no fanfics Brasil...