Naquela madrugada, a chuva castigava a cidade como há muito não acontecia. Relâmpagos e trovões enchiam o céu, e as gotas de chuva faziam um barulho alto na janela do quarto. Após mais um trovão, Moonbyul acordou com o susto, dando um pulo da cama.
Olhou ao redor e suspirou, não era nada demais. Deviam ser por volta das quatro da manhã, e logo amanheceria, ainda tinha um tempo para descansar, então deitou-se novamente.
Yongsun dormia tranquilamente ao seu lado. Sua boca estava entreaberta e os cabelos caíam no rosto. Moonbyul sorriu, achando-a fofa e colocou os fios atrás de sua orelha. Ela se mexeu um pouco, mas continuou dormindo. Pensava em como seria difícil deixá-la, ao mesmo tempo que sonhava com um mundo paralelo, em que ela teria uma vida normal e não precisaria se esconder, e talvez — só talvez — elas poderiam tentar ter algo. Mas se ela tivesse uma vida normal, provavelmente nunca teria a conhecido.
Ficou mais um tempo ali observando a garota, quando se deu conta que tinha perdido o sono. Levantou-se e resolveu ir até a cozinha tomar um copo d'água.
A casa dos Ahn era simples, mas ao mesmo tempo sofisticada. O piso era na maioria dos cômodos, de madeira, e as paredes pintadas em cores quentes. Até mesmo seus móveis pareciam algo vindo daqueles filmes estrangeiros de época. Moonbyul sentia-se levemente desconfortável com aquele "luxo", visto que crescera em um lugar tão simples. Mas apesar disso, os pais de Hyejin eram muito humildes, se eles tinham todo o dinheiro que aparentavam, não deixavam com que isso fizesse se sentirem superiores aos outros.
Ao chegar na cozinha, encheu seu copo com água e voltou para a sala, sentando-se no sofá. Não estava com sono e não tinha intenção de voltar para a cama tão cedo, então pegou o controle da televisão e ligou, deixando num volume audível apenas para ela e que não fosse incomodar os demais que ainda dormiam.
Não tinha nada de interessante na programação àquele horário, apenas filmes mais antigos que ela, jornais e canais impróprios. Fez uma careta e resolveu deixar no jornal, enquanto terminava de tomar sua água. Porém, quase cuspiu tudo quando viu uma foto de sua família passando ali, na televisão. Sem acreditar, aumentou um pouco mais o volume, prestando toda a atenção possível na matéria.
— Há algumas semanas, os corpos de um casal foi encontrado em uma região periférica de Seul. Foram encontrados por um amigo da família, que logo chamou a polícia. Em entrevista, alguns policiais alegaram que a casa estava em completa desordem, e o corpo de ambos possuía sinais de luta corporal. Foi confirmado que o marido, Youngwoon, assassinou a própria esposa. No entanto, o assassino de Youngwoon ainda não foi encontrado. A polícia descarta a possibilidade de um suicídio. — Algumas fotos do padastro e da mãe passavam na tela enquanto a repórter falava — O casal tinha duas filhas. A mais nova, Sooyoung, está ficando na casa de uma amiga da família, enquanto a mais velha, Moon Byulyi, segue desaparecida desde o dia do assassinato. A polícia segue sem possíveis suspeitos...
Algumas lágrimas se acumulavam em seus olhos e sentia uma dor aguda no peito. Por mais que tentasse ao máximo não demonstrar nada quando estava perto das meninas, ainda sofria muito em pensar na perda da mãe e tudo que acontecera naquele dia. A culpa tomava conta de si todos os dias, e pensava em como as coisas teriam sido diferentes se ela não tivesse hesitado, ou ao menos agido muito antes.
— Moon...?
Ao ouvir a voz melodiosa e baixa lhe chamar, virou a cabeça de imediato. O reflexo branco da televisão batia em seu rosto, iluminando a expressão sonolenta. Esfregou os olhos. Yongsun estava em pé no último degrau, e após olhar para a TV, franziu o cenho.
— Aquela é você... e... é sua família?
Uma última foto da família passou, e logo a repórter começou a falar sobre outro caso. Moonbyul se levantou e pousou o copo na mesa de centro.
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runaway ➳ moonsun
Fanficonde Yongsun encontra uma garota misteriosa, perdida e assustada no campus de seu colégio e decide ajudá-la, mesmo ciente dos riscos.