1 ano e meio depois...
Quando viu o enorme portão abrir diante de si, deu seu primeiro sorriso sincero em muito tempo. Depois de muito tempo também estava voltando a vestir seus jeans e camisetas grandes que tanto gostava, abandonando de uma vez por todas o uniforme velho e feio daquele lugar.
Ver o portão aberto e caminhar para fora dele lhe dava a sensação de que estavam soltando algemas de seus pulsos. Já não estava mais rodeada de pessoas loucas que a olhavam torto se perguntando o que ela teria feito para estar ali, agora poderia recomeçar do zero.
Mais alguns passos adiante e pôde avistar, encostadas no carro estacionado na rua: sua tia e Sooyoung. Abriu um grande sorriso e saiu correndo em direção às duas, que lhe envolveram em um abraço apertado.
Misuk ainda mantinha o mesmo penteado de quando haviam se reencontrado na delegacia, seu rosto estando mais jovem do que nunca. E o sorriso aberto só lhe deixava mais linda.
Sooyoung havia crescido muito nesse último ano, e estava quase do seu tamanho. Tirando isso, não havia mudado nada. E apesar de ter consciência de que ela já era uma adolescente agora, para Moonbyul, ela continuava sendo sua irmãzinha.
Não sabia dizer quanto tempo ficaram daquele jeito, mas foi muito. Quando finalmente se soltaram, Misuk colocou a mão sob seu ombro, encarando-a com um olhar maternal.
— Você está incrível, querida. Eu pensei que ia enlouquecer aqui, mas você está tão...
Ela não conseguiu completar a frase, mas continuou a sorrir.
As coisas haviam mudado muito depois de dar seu depoimento para a polícia.
Foi uma sorte a verdade não ter sido divulgada na mídia, mas a pressão popular foi muita. Não sabia o porquê daquilo, mas Misuk havia dito que por ser menor de idade, as leis eram um pouco mais severas. Então a polícia se esforçara para manter o sigilo, por mais difícil que tivesse sido nos primeiros dias — repórteres rondavam a delegacia dia e noite, sedentos por alguma informação sobre o suposto assassino.
E como sua tia havia imaginado, a notícia havia sido dada para a família de seu pai, que não reagiu muito bem. Quiseram armar um barraco e tudo mais, ameaçando divulgar tudo para a mídia se Moonbyul não fosse condenada de alguma forma. Então, acabou indo parar na corte familiar.
No fim das contas, o que sugeriram foi que fosse mandada para um reformatório. A ideia não lhe agradou muito de começo, mas era muito melhor do que a cadeia, sem dúvidas.
No início era insuportável. Tinha medo das pessoas, visto que não sabia com o que elas haviam se envolvido para parar ali — era uma das regras que nenhum deles podia revelar essas informações para os outros. Não sabia se estava perto de um assassino ou de um delinquente qualquer que gostava de furtar. Por medo, se afastava de todos, e isso acabou por fazê-la se sentir solitária.
Depois de um tempo começou a se acostumar e até a gostar de algumas coisas. Como os reformatórios tinham o objetivo de reintegrar os "delinquentes" à sociedade, investiam muito em atividades recreativas e conhecimento. Naquele tempo, descobriu que tinha hobbys que nunca imaginara que iria gostar. Aprendeu a desenhar, pintar quadros e até se arriscava a tocar alguns instrumentos.
Aprendeu até mesmo algumas coisas sobre tecnologia, embora não fosse sua atividade preferida. No entanto, poderia ser útil algum dia, principalmente quando fosse arrumar emprego.
Também tinha algumas sessões de terapia, que realmente a ajudaram assim que entrou. Fez com que não sentisse mais tanto medo das pessoas, fez lhe fez dar uma chance pras atividades que disponibilizavam e até conseguiu algumas amizades. Além de que, era bom ter um momento para conversar sobre o que havia acontecido e lhe ajudar a superar, mesmo que de forma lenta e gradual.
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runaway ➳ moonsun
Fanficonde Yongsun encontra uma garota misteriosa, perdida e assustada no campus de seu colégio e decide ajudá-la, mesmo ciente dos riscos.