XXXVI

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VOCÊ SÓ PODE SER DE MENTIRA, COMO MEU CORAÇÃO INSISTE EM NÃO SE LEMBRAR DE VOCÊ?

que irritante. apago todas as luzes da casa. coloco minha cabeça sobre o travesseiro. estendo o cobertor sobre meu corpo. fecho o olhos, na esperança de te encontrar sorrindo para mim em meio ao escuro das pálpebras. mas parece que você está fugindo da minha presença. seu rosto se tornou apenas um borrão. quem é você, que ousa tomar conta dos meus pensamentos mas não tem a coragem de revelar seus traços mais marcantes, aqueles que meus olhos puderam enxergar por um dia? ligo o reprodutor mp3 do celular, quem sabe assim você volta para mim, no meio das teclas do piano que toca a melodia intensa que chega aos meus ouvidos. mudo de posição, tento dormir, quem sabe eu vá te encontrar nos meus sonhos. mas nada disso funciona. tão irritante. tão injusto. quero ver de novo as sardas que contornavam seu nariz e suas bochechas. e o sorriso que sorriu só pra mim por alguns segundos. é irritante porque o dia em que vou te ver de novo parece nunca chegar e você é o primeiro de todos do qual eu não quero me esquecer. mas é o primeiro do qual me esqueço. estranho, como tudo que eu faço sempre acaba tecido por melancolia… sacudo a cabeça na tentativa de espantar os pensamentos que surgem junto a essa frase. enfim. garoto-que-eu-não-tenho-certeza-qual-é-o-nome, meus olhos estão com saudade de te ver. muito obrigada por ter sido a minha âncora por um dia.

sentinela (ou poesia que me mantém acordada)Onde histórias criam vida. Descubra agora