XXXIX

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MERA ESPECTADORA

faz tempo que os meus dedos não dançam contra o teclado no ritmo das estrelas
contando histórias sobre pó estelar
houve uma época em que eu só falava disso
deitada no quintal da minha casa à meia noite
era quase como se eu pudesse me imaginar
em um lugar
onde eu pudesse enxergar
a via láctea a serpentear
no céu acima de mim
queria voltar a essa época
onde as três marias podiam cair a qualquer momento em cima do meu corpo vulnerável
onde um meteoro rasgaria o céu
em esplendor de fogo
uma obra efêmera da mãe natureza
desintegrando-se graciosamente sob a influência da nossa atmosfera
porque aqui no planeta terra
tudo é mais vivo
e a super lua, pendurada sobre nossas cabeças
me contaria mais uma vez
que mesmo de noite a luz do sol
vem nos saudar, dizer que sentia
saudades de brilhar na gente
depois do dia
e o pôr-do-sol
corando de vergonha aos milhares de elogios que eu lhe lançava
que se despedia de mim mas logo de manhã novamente me saudava
com um nome diferente
que dizia ser nascente
juntamente
com alguns companheiros de jornada
principalmente a estrela da manhã
que era vênus que não queria ter que sair dos holofotes
e adiava essa tarefa até o último segundo
a tarefa de brilhar sobre o nosso mundo
e eu, impotente à tantas maravilhas
cumpria meu papel de humana tolinha
que só servia pra emprestar seus olhos
na função de contemplar
a toda essa magnífica criação.

sentinela (ou poesia que me mantém acordada)Onde histórias criam vida. Descubra agora