XLIV

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PSEUDOLOGIA FANTASTICA

é quando penso que estou me esquecendo de ti, que tu surge novamente. e eu boba achei que meu coração estava finalmente tomando seu rumo de volta pra casa — pra dentro do meu peito. eu digo a mim mesma que o nervosismo e a timidez repentina que surgem dentro de mim quando te olho não são nada além de elementos que criei na minha cabeça e não o efeito colateral e viciante do que é sentir o amor. mas garoto, eu não sabia que o amor era uma droga. mal sabia eu que esse sentimento travesso age na mesma região do meu cérebro que a cocaína. é estranho dizer isso, eu sei. mas mesmo que todos os nossos momentos juntos não tenham de fato existido, mesmo que a autodefraudação emocional tenha invadido meu coração, que, enganando a si mesmo diz que temos um futuro juntos a ser construído... querido, apesar de tudo; apesar de mim, apesar de você... eu sei que meu ser adora a sensação de viver uma pseudologia fantastica. não é a sensação de amar. não é a impossível e tão distante sensação de ser amada por você. não, não. nunca foi isso. garoto, eu só continuo vivendo esse espetáculo de mentira na minha mente, porque o amor é uma droga, e mesmo não sendo correspondida, ele vicia. ele é capaz de te deixar flutuando. e mesmo que sua dança seja descompassada aqui dentro de mim, ainda assim é emocionante. e embora eu saiba que a autodefraudação emocional está me consumindo por dentro, na verdade. embora eu saiba que isso não é legal, e que tal como uma droga, tem não só o poder de entreter, como o de destruir. e garoto, eu estou sendo despedaçada por dentro. por mim mesma. a pseudologia fantastica tem um preço a se pagar. que pena que a razão ainda não me alcançou; não consigo enxergar as consequências de ser assim, pois no momento em que escrevo isso, você ainda está aqui. ainda é recente, mesmo que já faça mais de um ano. e mesmo que tudo isso já me machuque um pouco… ainda não começou a doer de verdade.

sentinela (ou poesia que me mantém acordada)Onde histórias criam vida. Descubra agora