XXV

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INTERMÉDIO

irritante. o jeito como eu presto atenção em você o tempo todo involuntariamente. o modo engomadinho que você se veste e anda e fala. a maneira como o destino fica fazendo com que nos esbarremos no corredor. o seu jeito inteiramente diferente do que eu um dia idealizei. ugh. é irritante que você também sabe cantar e falar super bem. e fica me olhando mas nem me cumprimenta. a primeira e única vez que você fez isso foi engraçado. tão sério. e que saber que você toca violão me faz querer receber uma serenata particular. e que eu não quero sair de perto de você. e que eu nem te acho bonito e é alto demais pra mim. irritante são todos os clichês que se cumprem em você. irritante sua imperfeição que não me afeta. que eu vejo todos os seus defeitos e ainda te acho patético às vezes mas isso. não. me. incomoda. ugh. ai, o fato de você gostar de astronomia. dói dentro do meu peito a cada ponto que você ganha comigo. o fato de que eu disse a mim mesma que nunca escreveria coisa alguma sobre você mas aqui estou eu. entregando minha alma ao papel. me arrependendo de cada palavra que dedico à você no exato instante em que cada uma delas sai dos meus pensamentos e materializa-se sobre o papel. por intermédio seu. tão irritante que eu facilmente me torno a pessoa mais irritante do mundo quando penso em você. pouso a caneta sobre o papel, na tentativa de dar uma trégua aos sentimentos tempestivos que me invadem. o medo de concretizar o que faz os dedos dos meus pés se curvarem dentro dos tênis. o receio quando percebo que eu odeio o clichê que me tornei. por intermédio seu. ugh. tenho saudades do coraçãozinho antirromântico que carregava dentro do meu peito antes de você.

sentinela (ou poesia que me mantém acordada)Onde histórias criam vida. Descubra agora