DA TEMPESTADE À MELODIA
eu tampo meus ouvidos porque eu quero parar de ouvir o som ensurdecedor que o meu coração faz. parece que ele entra em guerra comigo todas as vezes em que mais preciso dele. preciso de ti, coraçãozinho. não me deixe na mão, não nessa última chance que dei a mim mesma. sei que falhei muitas vezes contigo, te abrindo, te escancarando para os outros e depois o arrancando à força de dentro de mim mesma quando tu nem queria e até mesmo sentia que não daria certo, entregando-o a quem nunca foi capaz de fazer ou sentir o mesmo por mim. mas eu preciso de ti. toda hora. na batalha chamada acordar. e depois pra me levantar da cama. e aí olhar no espelho em função de escolher mais uma vez ver a mim mesma refletida nele. e não só isso: escolher amar o reflexo que me encara, todo castanho, todo comum. comum demais para a sociedade. precioso demais para mim mesma, que teci o amor à minha galáxia através das palavras, no encontrar da caneta com o papel. pode ser que a galáxia dele não queira um dia se fundir à minha, mas eu sei que andrômeda já é linda demais por si só. aí eu pisco. meus olhos cansados e sedentos por justiça me fitam com medo de serem deixados por mim novamente. olhos de tempestade castanha cantada por legião urbana. cansados demais de emprestarem tanto de seu precioso tempo em função de procurar um outro par de olhos castanhos em meio à multidão. os olhos que nem se davam ao trabalho de fazer o mesmo pelos meus. está vendo, coração? estou contando contigo para não me apaixonar pela pessoa errada novamente, quando tudo que eu preciso está bem aqui na minha frente. uma menina de sentimentos-tempestade. preciso de ti, coração, pulsando dentro de mim num descontentamento descontente por mim mesma. quero contemplar o teu ardor em forma de amor que não se vê mas que se sente. parar de procurar os olhos de quem não me nota na multidão. amar meus próprios paradoxos nos quais me perdi. e passar a reconhecer a mim mesma como meu próprio lar. continue a pulsar dentro de mim... e eu continuarei a ser a razão da melodia que tu toca aí dentro.
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sentinela (ou poesia que me mantém acordada)
Puisi❝você não me afeta mais a linha da sua clavícula o desenho do seu maxilar as covinhas da bochecha não me chamam para mais perto perto perto de você, não mais mas então meu plano falha tão rapidamente quanto o momento em que a galáxia dos seus olhos...