Fascinação

Raios, Trovões e Meias Verdades

Lá fora a tempestade caía intensamente. Os fortes raios cortavam o céu e os estrondosos trovões quebravam o silêncio na mansão Swan. Sentada no peitoril da janela de seu quarto, Elsa observava aquele fenômeno natural, porém, seus pensamentos estavam longe de qualquer outra coisa que não fosse Zelena.

A bióloga fazia uma análise aprofundada de seu relacionamento com a ruiva, depois da rápida conversa com David. Ponderou tudo que ela e Zelena vivenciaram até agora, desde que se conheceram; colocou na balança suas afinidades e divergências e no fim daquele intenso diálogo, entre razão e emoção, a loira fechou os olhos e chegou à uma única conclusão: por mais que tivesse dificuldade em aceitar essa realidade, ela amava Zelena e, naquele momento, seu coração só desejava que sua ruiva insuportável estivesse ali.

Um suspiro de lamento saiu de sua garganta, ao passo que visualizou o horário avançado marcado no relógio digital brilhando sobre a escrivaninha; passava das onze da noite. Foi nesse instante, que a bióloga desistiu de brigar com suas dúvidas e resolveu descansar.

Esticou-se para fechar a única parte da janela que estava aberta. Uma última olhada para o lado de fora se fez necessário e, então, como num passe de mágica, como se tivesse o poder de realizar desejos, se deparou com a figura ruiva parada em seu jardim, bem embaixo de sua janela.

— Não, ela não faria isso! — Sussurrou, assustando-se com o que seus olhos mostravam. Piscou rapidamente, na intenção de se certificar de que não era fruto de sua imaginação, mas, sua dúvida se dissipou quando aquela ruiva abusada, completamente encharcada pela chuva, lhe acenou com uma flor na mão. — Ela fez! — Com um sorriso genuíno, virou-se e saiu do quarto, correndo escada abaixo, nem mesmo lembrou-se de colocar qualquer calçado.

Saiu pela porta dos fundos e nem se deu ao trabalho de fechá-la, assim como não se incomodou ao sentir as fortes gotas da chuva molhando seus cabelos. Correu até o jardim ao mesmo tempo em que Zelena andou em sua direção.

— Oi, loirinha irritante! — Zelena balbuciou, frente à frente com Elsa. Estendeu a delicada rosa em tom alaranjado e sorriu, tentando não transparecer sua insegurança quanto a reação da loira.

— Oi, ruiva insuportável! — Elsa negou com a cabeça ao receber o mimo. Seu coração saltitou para o gesto romântico e insano da outra. — Zelena, o que... como... — Tentou reproduzir algumas indagações que sua mente formulava, mas seu nervosismo dificultava suas ações.

Percebendo a forma atrapalhada que a namorada tentava se expressar, Zelena sorriu ao se aproximar. Ficaram alguns segundos naquela troca de olhares, tão hipnotizadas que nem perceberam que a chuva diminuía sua intensidade.

— Eu sinto muito! — Sustentou o intenso olhar ao verbalizar com toda sua sinceridade: — Me perdoa por agir feito uma idiota? E me perdoa, também, por "roubar" as flores do seu jardim?

Elsa sorriu, emocionada. Zelena era alguém surpreendente e se ela tinha dúvidas sobre a reciprocidade de seus sentimentos, essas acabaram naquele instante. "Só alguém apaixonado seria capaz de enfrentar uma chuva torrencial daquelas e, ela diria mais, alguém loucamente apaixonado, teria coragem o bastante para mexer nas intocáveis rosas de sua tia Ingrid." Sentia-se feliz, pela realização de seu desejo; Zelena estava ali e era tudo que importava. Voltou sua atenção para a boca da ruiva e num ímpeto, tomou para si os lábios tão próximos dos seus e que lhe faziam tanta falta.

Zelena a envolveu em seus braços como se não fosse mais largar. Se Elsa soubesse como seu coração estava aflito com o desentendimento sem sentido delas. Se soubesse o acalento que agora lhe trouxera. A ruiva parecia perdida e Elsa havia lhe devolvido a direção, no momento em que tocou seus lábios. A verdade, era que Elsa entrou sem pedir licença em seu coração e Zelena aceitava de tão bom grado que não queria que aquela loira birrenta saísse de sua vida nunca mais.