Cisne Ferido

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— Eu não consigo mais ver uma letrinha dessas na minha frente. — Emma jogou os papeis sobre a mesa, respirou profundamente enquanto recostava na cadeira. Pegou uma rosquinha de açúcar e mordeu. — Eu preciso de uma pausa, August.

— Eu vou terminar esse, está complicado demais. — O homem avisou. O celular de Emma vibrou sobre a mesa. Ela o devolveu de imediato, assim que o pegou e visualizou o nome no visor.  — Você não vai atender esse celular? Essa coisa não parou de tocar nas últimas três horas.

— Não vou atender. Estou certa de que não é nada importante.  — A convicção de Emma fez o homem rir, já imaginando de quem se tratava — E, estamos trabalhando. Isso sim é prioridade.

— Delegada Swan — Eloíse entrou, após uma leve batida na porta.  — Tem uma pessoa lhe procurando. — A bela moça de olhos claros comunicou, comprimindo os lábios. Emma olhou em seu relógio de pulso.

— Mas a essa hora? — Emma indagou, franzindo o cenho — É algo sério, Eloíse?

— A moça disse que é urgente e que só sairá daqui após falar com a senhora... E que é algo particular. 

— Bem, eu vou sair para você receber a tal moça. — August se levantou, porém, Emma o impediu.

— Não se incomode. Continue trabalhando. Eu vou atendê-la na sala de espera.

Emma caminhou pelos corredores da delegacia se encaminhou até a sala de espera, mas não viu ninguém. Eloíse apontou para fora, onde Emma viu, através da porta de vidro, uma mulher de costas. Não lhe pareceu estranha, porém, não a reconheceu. Não perdeu tempo e foi ao seu encontro.

— Estava a minha procura, senhora...

— Eu sempre estou à sua procura, Emma Swan — A mulher se virou com um sorriso nos lábios.

— Lilith? — Emma arregalou os olhos ao ver sua ex namorada. Ela estava com os cabelos mais curtos. A cor dos cabelos, um castanho mais vibrante, motivo pelo qual Emma não a reconheceu de costas. — O que faz aqui? Achei que estivesse viajando. — Seu tom de voz não era de alguém feliz em ver a mulher, porém, não chegava a ser grosseiro.

— Eu voltei no início da semana. Você não atendeu as minhas ligações. Então eu vim te ver. — Lilith deu um passo na direção de Emma — Você não falou nada do meu cabelo.

— Você está ótima. A viagem lhe fez bem. — Tentou ser gentil — Lily, eu estou trabalhando, tenho muita coisa pra fazer antes do meu substituto chegar. Então me diga logo: por que veio aqui?

— Eu vim porque sinto saudade. — Jogou de uma vez, aproximando-se mais de Emma. Ela voltou da viagem com Ariel decidida a procurar a loira, mesmo a amiga lhe aconselhando o contrário. — Não sente saudades de nós, Emma?

— Nós já falamos sobre isso. Não creio ser saudável voltar nesse assunto...

— Sei que da última vez que nos encontramos, as coisas saíram de controle. Eu não pensei nas minhas palavras. Acredito que você também. Me desculpe por aquilo, Emma.  Agora estamos aqui, como duas adultas, civilizadas. Então, me responda... — Lily insistiu. Ela tinha um fio de esperança em sua voz — E dependendo da sua resposta, eu juro que a deixarei em paz.

— Lily... — A loira respirou fundo. Por mais que as coisas tivessem terminado mal entre ela e a ex namorada, Emma era incapaz de lhe desejar mal. Recordou de quando colocaram um ponto final no relacionamento; Lily ingeriu certa quantidade de comprimidos. Mesmo, sabendo que aquilo fora um modo de chamar sua atenção, não deixou de se preocupar. Mas Emma não poderia seguir com barco afundado como era aquele relacionamento. O certo era: odiava magoar outrem, ela jamais deixaria sua sinceridade de lado por conta disso.  — Lily, eu não sinto saudade de nós. Eu não sinto mais nada. A cada dia me convenço que foi melhor assim. E espero que você entenda isso e siga em frente. — Emma soltou tudo que sentia e o que não sentia, calou-se quando percebeu os olhos de Lily marejados.

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