"Eu também"

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Flashback on...

》Moana

_Nem sei por onde começo.- Falei pegando um monte de papéis da minha mão.- Venho conversando com "ele" a meses e são todos por bilhetes,- Peguei alguns envelopes.- E algumas cartas.- Mostrei a ela que estava boquiaberta.

_Moana do céu.- Ela leu um que estava em sua mão.- Vocês tem conversado esse tempo todo?- Afirmei.- Chocada estou.

Havia bem uns 35 bilhetinhos e 7 cartas, contando que trocávamos pelo menos 2 bilhetes por dia. Infelizmente eu não me lembrava de todas as respostas que eu tinha dado a ele durante esse tempo.

_Você lembra o quê tinha respondido pra ele? Naquele dia?- Pensei por um tempo. Eu tenho uma memória muito ruim. O que ele tinha escrito mesmo? Ah sim. "Eu daria tudo para ver um sorriso seu de novo."

_"Bom, se eu soubesse quem é você, eu daria um pessoalmente."- Ri ao ver que lembrei. Ela logo começou a procurar pela resposta em meio aqueles papéis todos.

_"Talvez você não precise. Estou mais perto do que imagina."- Ela completou.- Ok, fiquei com medo dessa pessoa agora.- Riu nervosa.

_"Isso soou meio psicopata, não acha?" Foi o que eu respondi.- Ri.

_"Desculpa, não queria te assustar. É que eu vi isso em um livro e pensei que daria certo."- Ela riu.- Tadinho, fiquei com dó dele agora.

_"Você falou livro? começando a gostar de você. Eu vi em um que eles trocavam cartas, mas a questão era que era pelo cemitério. "- E não é que eu estava lembrando mesmo das conversas, parece até que tinha ficado na minha cabeça, como uma música repetitiva.- Espera aí.- Levantei enquanto a Mô vasculhava pela resposta. Peguei um caderno e uma caneta que estavam em cima da minha mesa e comecei a escrever as respostas, enumerando-as.

_O que você tá fazendo?- Olhou para o caderno.

_Escrevendo as respostas, assim eu não vou esquecer quando quiser ler tudo de novo.- Escrevi todas as frases que tinha dito.- Ok, qual foi o próximo?

_"Nossa, pelo menos que final isso teve? Por favor que nenhum zumbi tenha comido o cérebro deles".- Riu assim como eu.

_"Claro que não, e eles ficaram juntos no final. Romântico, não acha?"- Anotei enquanto dizia a resposta.

_"Urfa, ainda bem. Quem sabe, quando tudo isso acabar, a gente não fique junto no final também? É uma hipótese." - Ela riu maliciosa e olhou para mim que provavelmente já estava vermelha como um tomate.- Uiui, dona Moana.

_Continuando.- Falei.- "Garoto ou garota, sei lá, eu nem te conheço direito, então sossega o facho."- Respondi.

_Ai que dó, meu pai.- Riu.- "Eu sou um garoto. Agora você sabe de alguma coisa.".- Revirei os olhos.

_"Ok, então. Eu sou a Moana. Muito prazer."

_"Só não digo o que eu estou pensando com relação a esse ""prazer"" porque eu iria ficar constrangido, mas você pode imaginar. Por enquanto, me chame de Noé. "- Ri por causa disso.

_"Noé? jura? Ok então, quando vai ser o dilúvio?"- Falei entre risos junto com a Mô.- Desculpa eu não tinha me aguentado.

_"Ha ha ha, muito engraçado, mas isso tem a ver comigo, seja na aparência ou no nome. Aí fica a dúvida."- Arregalou os olhos.- Vai me dizer que ele tem a barba que nem o Noé?- Rimos.

_"Por favor, que você não tenha a barba igual a do Noé."- Ri pelo fato de que a Mônica pensou a mesma coisa que eu.

_"Fica a seu critério, mas se você gostar, eu posso tentar deixar crescer."- Rimos mais ainda.

Tínhamos passado a tarde toda assim, tentando completar as respostas dos bilhetes e com isso, imaginávamos como ele seria. Mas na verdade, eu não estava muito preocupada com a aparência.

Flashback off...

_Moana?- Perguntou o professor me tirando dos meus devaneios. Estávamos na aula de literatura apresentando os livros que tínhamos lido essa semana.- Sua vez de apresentar o seu livro.

Ok, tô nervosa, odeio falar em público.

Todos nós estávamos em um círculo, que significa não ficar em pé na frente de todo mundo. Olhei ao lado e vi Mô me olhando, como se estivesse me encorajando. Ela logo olhou para frente, onde estava Benjamín. Acompanhei-a com o olhar e ao lado dele vi Noah. Espera aí, ele é da mesma sala que eu? Como eu nunca percebi isso antes? Eu preciso urgentemente ir ao oftalmologista. Ele riu pra mim e logo voltou sua atenção para algo em seu caderno.

_Bom, o nome do meu livro é: Aos perdidos com amor.- Mostrei a capa que mostrava seu nome escrito.- Ele conta a história de Juliet, uma menina que desde que perdeu sua mãe escrevia cartas para ela, mesmo que fosse em um cemitério.- Ri lembrando dos bilhetes trocados com Noé.- Até que um dia, Declan, o típico "garoto rebelde"- Fiz aspas com as mãos.- Lê uma das cartas ânimomas e corresponde a dor que havia nela, e acaba respondendo-a. Mal sabia eles que eram tão diferentes, que nem cogitaram a idéia de quem fossem e estavam compartilhando os segredos mais íntimos. Eu amei esse livro, ele me prendeu de uma maneira que eu até chorei, juro. Super recomendo.- Terminei o meu breve resumo, enquanto era passado o meu livro de mãos em mãos. Alguns analisavam-no e outros apenas passavam, não tinha prestado muita atenção, estava olhando para a apresentação de outro aluno.

Quando o livro chega até mim novamente, percebo que havia um papelzinho dentro.

"_Outro da sua namorada?
Minha namorada. Eu deveria achar isso ruim. Mas não acho.
Me identifiquei. "

Sorri. Escrevi a resposta no mesmo papelzinho e deixei onde sempre deixo, sabendo que somente ele vai ler.

A aula terminou e logo tive que ir para o intervalo, junto com a Mô. Estava sorrindo para os quatro ventos, eu sou uma boba mesmo.

》Noah

"Eu também."

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